terça-feira, 29 de outubro de 2013

TODOS SOMOS POLÍTICOS. RESTA SABER QUE POLÍTICA DEFENDEMOS


Quando cursei faculdade ouvi isso de um professor: "todos somos políticos".

Pode parecer estranho a princípio, já que vivemos em um país onde a palavra "político" pode muito bem servir de sinônimo para "corrupto", "mentiroso", "imoral", "calhorda" e tantos outros termos semelhantes. Mas o professor estava correto em sua colocação.

Numa democracia, como é o caso do Brasil, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam das coisas públicas e se manifestam com o seu voto. Então, todos nós, em algum momento de nossa vida social, somos políticos.

Quando nos posicionamos a favor ou contra ações do governo, cobramos melhorias nos serviços prestados e delegamos autoridade a determinado candidato estamos sendo políticos. E nós também podemos ser bons políticos ou políticos corruptos, mentirosos, inescrupulosos, calhordas e tudo mais que o valha.

Quem vende o voto se enquadra em qual das modalidades?

Quem vê injustiças e se cala para manter um privilégio, pode ser descrito como?

Não são apenas os que se candidatam que podem ser medíocres. Nós, enquanto políticos eleitores, também.

Pego como exemplo a situação da PE 217 (vou bater nessa tecla até chamar atenção). 7 anos se passaram, vidas foram perdidas nessa estrada, o governador veio a essas cidades ser aplaudido com programas do governo federal e ser ovacionado por prefeitos, vereadores e cabos eleitorais que querem aparecer mais que os candidatos que dizem defender. E o ele que fez em relação a ela? Nada! 

Eduardo Campos foi omisso. Votar nele para presidente significa que aprovo sua omissão em relação aos habitantes de Pesqueira, Alagoinha e Venturosa. Se na sua cidade faltam médicos, remédios e equipamentos hospitalares e você continua a apoiar essas atitudes será hipocrisia exigir algo quando você adoecer e precisar.

Infelizmente a população brasileira se assemelha ao personagem do poema de Brecht e se orgulha em dizer que não gosta de política. Como diz o poeta alemão: "mal sabe o infeliz que tudo em sua vida depende de decisões políticas".

No campo federal nosso governador dos olhos azuis defende que nosso salário mínimo não pode ser corrigido pela inflação (o aumento pode ser menor). Quer um Estado que gaste menos (pode cortar dinheiro dos programas sociais) e defende a sustentabilidade (pedindo voto dos latifundiários do agronegócio). O poder de escolha está em suas mãos, depois não adianta reclamar.

No campo municipal as coisas são mais complicadas. Prefeitos são empregadores. Cometem pequenas irregularidades que nunca serão denunciadas por quem trabalha de forma ilegal. Ilegal na forma de contrato, porque o trabalhador não falta um dia sequer e cumpre com tudo o que lhe é pedido. Mas na maioria das vezes depende daquele dinheiro para o sustento próprio e da família. Na lei da sobrevivência ele não fará nenhuma análise de conjuntura. Não pode se dar ao luxo de ser idealista, ainda mais quando os políticos de sua terra se comportam como 6 e meia dúzia.

Os que estão numa situação mais confortável economicamente usam isso com muita habilidade. Sempre que alguém se levanta para opinar ou sugerir é perseguido, difamado e caluniado. Se não podem vencer o argumento procuram destruir o argumentador. Isso passei na pele e falo com a propriedade de quem viu alguns dos que se diziam amigos ajudarem a espalhar esses boatos. 

Cada um dá o que tem. Eles me deram do que tinham, mas não guardo mágoas. Tudo é um aprendizado.

Nos aproximamos de mais uma eleição e tudo parece se repetir. Os bons e os maus políticos em nós vão desabrochar mais uma vez. Como disse meu professor: "Todos somos políticos". Basta saber a qual tipo de política servimos.

Reflita sobre o país que você quer e sobre as pessoas que podem fazer isso se tornar realidade. Não embarque na onda das cores e dos partidos que muitas vezes fazem acordos visando apenas o seu interesse particular. Analise as propostas, o discurso e principalmente o histórico de vida.

Pode se esperar que alguns dos latifundiários do entorno de Águas Belas e Itaíba sejam a favor de pequenos agricultores? Que o maior produtor de leite do estado apoie leis que beneficiem os produtores artesanais? Que quem come caviar vá olhar para quem amassa feijão com farinha? 

São apenas reflexões. Já me enganei com muita gente, mas acredito que ainda posso confiar no futuro porque ele é feito por nós, trabalhadores, pais e mães de família, jovens e todos que sonham com uma nação mais justa e fraterna.

Esse post não é para nenhum político de carteirinha, que aluga legendas e tenta nos manipular a cada quatro anos.

Esse post é para você, político como eu, que vota e quer escolas melhores, serviços humanizados e transparência.

Não espere a mudança que deseja nos outros. Seja você o político que esse país precisa.

Emerson Luiz




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Informando com responsabilidade. Numa democracia é importante poder debater notícia e ter opinião!