quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dos males o menor

Dizia Mário Quintana ao falar Do bem e do mal:


Todos tem seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa na vida inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?

Estamos na reta final da campanha presidencial. Dentro de poucos dias decidiremos o futuro do país nos próximos quatro anos. Para nos convencer, os candidatos assinaram documentos, firmaram acordos, desistiram de posicionamentos históricos, tudo isso para demonstrar quem é o melhor, o mais preparado, o mais santo.

Em nossa Carta Magna o Estado Brasileiro é declarado laico, fato que oportuna (ou inoportunamente) foi esquecido pelos presidenciáveis. Estes procuraram ser fotografados em Missas e Cultos, ladeados por padres, bispos e pastores! Apropriando-me de um bordão do atual presidente: “nunca antes na história desse país (ou desde o fim do padroado) foi tão importante a um candidato declarar-se fiel a Deus”! A corrida ao planalto transformou-se numa nova Guerra Santa. Panfletos foram impressos e distribuídos em Igrejas no intuito de demonizar pessoas. Alguns clérigos (católicos e evangélicos) mais exaltados, deixando de lado a prudência ou movidos por ambições pessoais, reproduziram o discurso e declararam seus votos na tentativa de serem seguidos pelos fiéis, que vão desde neo-pentecostais a católicos ultra-conservadores.

Frei Francisco Gonçalves de Souza (pessoa que tive o grande prazer de conhecer) indo contra o uso eleitoreiro da fé, repudiou a falácia religiosa na presença do presidenciável tucano José Serra em Canindé – CE: “Eu gostaria de chamar a atenção para este papel que estão distribuindo na igreja. Acusam a candidata do PT, em nome da Igreja. Não é verdade. Isso não é jeito de fazer política. A Igreja não está autorizando essas coisas. Isso não é postura de cristão!”

O comentário do franciscano despertou reações violentas do senador Tasso Gereissat, que acompanhava Serra. A justa repressão do frei estragou uma peça publicitária do PSDB, mas foi explorada por entusiastas do PT, como o jornalista Paulo Henrique Amorim, e essa semana recheia as páginas da revista Isto É.

Em meio a acusações, bexigas com água, bolas de papel que parecem rolos de fita crepe e levam alguém a fazer tomografia, Guerras e Pretos (não conheço mas é competente) fotos com candidatos fazendo o pelo-sinal ou não, esquecem-se de coisas fundamentais: propostas viáveis para assegurar o desenvolvimento do país assegurando a vivencia da cidadania para seus habitantes.

A grande vencedora dessas eleições, Marina Silva, que sem o apoio de vereadores, prefeitos e deputados que tratam o interior como feudos, ou num termo bem nacional, currais eleitorais, atraiu para si 19,33% dos 111,18 milhões de votos apurados, levando o pleito para o segundo turno e contrariando todos os grandes institutos de pesquisa declarou que falta maturidade política tanto em Dilma quanto em Serra. Errada? Creio que não.

Nos encontramos no paradoxo de Davi. Entre eminentes e inevitáveis desgraças anunciadas pelo criador somos levados a ponderar e dizer: dos males o menor!

Toda a agitação do segundo turno fez-me perder o entusiasmo. Faltou o discurso da possível utopia, as metas a serem atingidas, as revoluções necessárias. Sobraram calúnias, difamações, encenações e promessas irresponsáveis que se realizadas colocaram em risco nosso frágil equilíbrio econômico. Alguém já calculou quanto vai custar aumentar o salário mínimo para R$ 600,00, dar 10% de reajuste a aposentados, dobrar o bolsa-família e ainda assegurar o 13º pagamento deste benefício que até então era chamado por Serra de eleitoreiro? Sem contar que ainda há a promessa de reduzir os impostos, colocar duas professoras por turma, criar o Ministério da Defesa, pagar dignamente policiais, professores e demais servidores públicos e fortalecer estatais sem privatizá-las! Ele é o economista, não eu, mas nas minhas parcas condições creio que prometer seja mais fácil que cumprir.

Como disse a respeito das flores da mentira, espero não ter de vê-las em quem quer que seja eleito no dia 31, mas caso possa valer-me de uma “liberdade poética” faço uma prece: Dos males o menor e livrai-nos do Serra, Amém!



Emerson Luiz.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carta aberta

Desde já afirmo que não gostaria me expressar de forma sentimental, mas também peço perdão caso isso ocorra. Paulo Freire uma vez disse que educar é um ato de amor, um ato incondicional e intencional. Sou um educador, e gosto de pensar que o sou, como tantos de meus pares, por profissão e vocação. O mesmo Paulo Freire também afirmou que educar é um ato político.


Educadores possuem no cerne de sua ação um compromisso com a transformação, a luta para alcançar a possível utopia de uma sociedade mais justa, fraterna e inclusiva. Lutamos por isso constantemente, e essa razão de ser educador impulsiona nossa ação e nossa fala. Não precisamos transformar a sala de aula em palanque deste ou daquele grupo ou candidato, pois ao promover a pedagogia da autonomia auxiliamos homens e mulheres a exercerem sua cidadania de forma plena.

Mas há horas que devemos ir adiante, momentos em que nossa fala deve brotar do íntimo, dando vazão aos sonhos e projetos que tornam possível ao homem viver. O pastor Martin Luther King Jr. certa vez disse temer o “silencio dos bons”. E quando os bons se calaram os maus conseguiram perverter até as mais nobres idéias em prol de seus projetos escusos.

A defesa da vida foi usada para demonizar grupos e pessoas. A fé foi usada como arma por aqueles que deviam conduzir seu rebanho tal qual deveriam ter aprendido com seu Mestre. Qual a motivação por trás disso? Conduzir o país a melhores rumos? Diminuir os índices de pobreza? Concessões de canais televisivos? Levar parentes que são suplentes ao poder quando deputados eleitos forem conduzidos a ministérios num possível governo serrista? Não quero julgar pelo medo de perder a esperança nas pessoas.

Lembro de D. Hélder Câmara: “Se dou comida aos pobres sou santo, se pergunto porque tem fome sou comunista” Os bons ainda se calam, não se perguntam porque grupos de mídia espalham boatos sobre uma candidata e escondem sistematicamente falhas, processos, mentiras e difamações praticados por outro.

Não coloco Lula em um altar. Não isento o Partido dos Trabalhadores de todas as suas comprovadas falhas, mas como educador, como brasileiro e como ser humano repudio o modelo de governo de PSDB e a postura de José Serra como governante. Como alguém que diz ter sido perseguido ataca grevistas com balas, spray de pimenta e tropas de choque? Se diz contrário ao aborto e regulamentou a legislação vigente? Vai a Aparecida e é a favor de métodos contraceptivos e abortivos, como a pílula do dia seguinte? Se diz contra o nepotismo mas acoberta parentes de amigos e assessores em cargos públicos? Prega a transparência mas não se permite ser investigado ou questionado, recorrendo sempre a desculpa do trololó ou da pauta petista, pedindo a cabeça de jornalistas, manipulando decisões do poder judiciário e perseguindo cruelmente seus opositores.

Como disseram tantos ao longo da história, eu tenho um sonho. Um sonho de um Brasil irmão, sem pobreza, sem fome. Um Brasil onde professores sintam-se felizes em sua profissão, onde alunos descubram um novo mundo nas escolas, onde pais e mães possam trabalhar e gerar filhos belos, alegres e saudáveis. Um sonho que hoje está ameaçado por grupos elitistas que usam as pessoas como massa de manobra para seus próprios interesses, grupos que se personificam no candidato José Serra.


Dentre os méritos do governo Lula há um que quero destacar: o Brasil hoje sente-se orgulhoso em ser Brasil, não só pelo poder de compra, pelo acesso ao Ensino Superior, mas por tudo que enxergamos sermos capazes de realizar. John Lennon em sua música Imagine convidou-nos a sonhar um mundo diferente. Gosto de pensar que sou um sonhador, que todos nós somos sonhadores. Então não nos permitamos ficar em silencio enquanto grupos tentam dividir nossa fé, nossos ideais e nossa identidade. Somos o português que atravessou os mares, o índio que amou a terra, o negro que sonhou com liberdade e o imigrante que se aventurou para a construção de um belo e admirável mundo novo. Juntos somos mais que esses grupos, juntos podemos escolher levar esse país a rumos nunca antes imaginados. Somos o Brasil livre do ódio e do preconceito, o Brasil que ama a vida e deseja continuar crescendo.

Não permitamos que esses grupos dominem o curso de nossa vida. Nesse segundo turno façamos que toda a nação ouça a voz dos bons, mais que um partido, mais que uma candidata, eleger Dilma Roussef significa continuar trilhando o caminho para a construção do Brasil que queremos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um segredo...





Quisera eu poder dizer que toda incerteza é passageira, que a insegurança diante do novo desaparecerá com a idade. Quisera eu poder dizer que chegará o dia em que os problemas irão deixar de existir, e que conseguiremos realizar todos os nossos sonhos, até mesmo os que concebemos durante a infância.



Mas não gosto de mentir. Não quero semear falsas esperanças.



Mas posso afirmar sem medo que crescemos quando nos questionamos sobre nossos propósitos, e assim, a incerteza é algo bom para que aprendamos a valorizar nossas ideias. Quantos generais não perderam batalhas e suas vidas pelo excesso de confiança? Assim, reconhecer nossas fraquezas e limitações faz parte do processo de auto-descoberta.



Problemas? Quem sabe se ao olhá-los por diferentes ângulos não possamos ver que são bem menores do que imaginamos?



Não quero nem pretendo bancar o guru. Cada vida é um milagre único e não podemos pensar que existem respostas “certas” ou “erradas” para as situações que encontramos. Mas mesmo sem pretender ditar regras de felicidade preciso compartilhar um grande segredo:



Você é capaz de realizar coisas incríveis. Não deixe nunca que a vida mutile seus sonhos e desejos nem que sua motivação se perca no caminho. O primeiro passo para chegar aonde se quer é saber onde se quer ir.



Paz e bem, força e honra, perseverança e luta!



Espero que nos reencontremos no final da jornada, mas até lá que seus dias sejam belos e lhe revelem o quanto se pode mudar e transformar no percurso de uma vida, afinal:



Que homem é um homem se não torna o mundo melhor enquanto vive nele?

O Poço - Poesia do grande Pablo Neruda




Cais, às vezes, afundas

em teu fosso de silêncio,

em teu abismo de orgulhosa cólera,

e mal consegues

voltar, trazendo restos

do que achaste

pelas profunduras da tua existência.



Meu amor, o que encontras

em teu poço fechado?

Algas, pântanos, rochas?

O que vês, de olhos cegos,

rancorosa e ferida?



Não acharás, amor,

no poço em que cais

o que na altura guardo para ti:

um ramo de jasmins todo orvalhado,

um beijo mais profundo que esse abismo.



Não me temas, não caias

de novo em teu rancor.

Sacode a minha palavra que te veio ferir

e deixa que ela voe pela janela aberta.

Ela voltará a ferir-me

sem que tu a dirijas,

porque foi carregada com um instante duro

e esse instante será desarmado em meu peito.



Radiosa me sorri

se minha boca fere.

Não sou um pastor doce

como em contos de fadas,

mas um lenhador que comparte contigo

terras, vento e espinhos das montanhas.



Dá-me amor, me sorri

e me ajuda a ser bom.

Não te firas em mim, seria inútil,

não me firas a mim porque te feres.



Pablo Neruda

terça-feira, 5 de outubro de 2010

IMPRENSA OU PARTIDO POLÍTICO O1

Vou colocar aqui postagem do blog do Daniel Castro do portal R7.com (que na opinião deste humilde blogueiro é melhor que o globo.com).

Minha motivação nasce do comportamento de setores da mídia (a revista olhe (espie) e a rede glóbulo) que não informam mas descontroem a imagem de políticos.

Paulo Henrique Amorim os chamou de PIG - Partido da Imprensa Golpista.

E um dos cassetas (Bussunda tomava cobertor de mendigo e gritava viva Brizola como forma de "protesto") exagerou.


 Casseta xinga Lula de ‘vagabundo’ e é censurado



Convidado especial do programa Manhattan Connection do último domingo (3/10), o humorista Marcelo Madureira, integrante do Casseta & Planeta, xingou o presidente Lula de "vagabundo, picareta e impostor", que "não vale nada".




Devido às eleições, o programa foi exibido ao vivo pelo canal pago GNT, da Globosat, programadora de canais pagos da Globo. Nas reprises apresentadas na madrugada e às 10h e às 14h de ontem, no entanto, a fala de Madureira foi cortada pelo próprio canal. Na versão que está no site oficial do GNT, o xingamento do casseta também sumiu.



Madureira falava com cara de sério. "O pior desses oito anos do governo Lula foi transformar a política definitivamente numa coisa de chacota. É impressionante como a política foi desmoralizada. Acho incrível, porque na minha opinião a política é a mais nobre atividade do ser humano. E é impressionante como atrai vagabundo, picareta e tal, a começar pelo presidente da República, que não vale nada!", discursou o humorista.

Esse trecho foi censurado pelo GNT na reprise.


Madureira disse ainda que o país vai demorar "gerações" para se recuperar do "mal" causado por Lula. "Eu quero desmistificar esse picareta que está na Presidência da República", encerrou.

Ele foi muito ácido também com Dilma Rousseff. Referindo-se às roupas usadas pela candidata, disse que ela parece "um travesti de Kim Jong-Il [ditador da Coreia do Norte]".



Você pode assistir o vídeo aqui: