segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carta aberta

Desde já afirmo que não gostaria me expressar de forma sentimental, mas também peço perdão caso isso ocorra. Paulo Freire uma vez disse que educar é um ato de amor, um ato incondicional e intencional. Sou um educador, e gosto de pensar que o sou, como tantos de meus pares, por profissão e vocação. O mesmo Paulo Freire também afirmou que educar é um ato político.


Educadores possuem no cerne de sua ação um compromisso com a transformação, a luta para alcançar a possível utopia de uma sociedade mais justa, fraterna e inclusiva. Lutamos por isso constantemente, e essa razão de ser educador impulsiona nossa ação e nossa fala. Não precisamos transformar a sala de aula em palanque deste ou daquele grupo ou candidato, pois ao promover a pedagogia da autonomia auxiliamos homens e mulheres a exercerem sua cidadania de forma plena.

Mas há horas que devemos ir adiante, momentos em que nossa fala deve brotar do íntimo, dando vazão aos sonhos e projetos que tornam possível ao homem viver. O pastor Martin Luther King Jr. certa vez disse temer o “silencio dos bons”. E quando os bons se calaram os maus conseguiram perverter até as mais nobres idéias em prol de seus projetos escusos.

A defesa da vida foi usada para demonizar grupos e pessoas. A fé foi usada como arma por aqueles que deviam conduzir seu rebanho tal qual deveriam ter aprendido com seu Mestre. Qual a motivação por trás disso? Conduzir o país a melhores rumos? Diminuir os índices de pobreza? Concessões de canais televisivos? Levar parentes que são suplentes ao poder quando deputados eleitos forem conduzidos a ministérios num possível governo serrista? Não quero julgar pelo medo de perder a esperança nas pessoas.

Lembro de D. Hélder Câmara: “Se dou comida aos pobres sou santo, se pergunto porque tem fome sou comunista” Os bons ainda se calam, não se perguntam porque grupos de mídia espalham boatos sobre uma candidata e escondem sistematicamente falhas, processos, mentiras e difamações praticados por outro.

Não coloco Lula em um altar. Não isento o Partido dos Trabalhadores de todas as suas comprovadas falhas, mas como educador, como brasileiro e como ser humano repudio o modelo de governo de PSDB e a postura de José Serra como governante. Como alguém que diz ter sido perseguido ataca grevistas com balas, spray de pimenta e tropas de choque? Se diz contrário ao aborto e regulamentou a legislação vigente? Vai a Aparecida e é a favor de métodos contraceptivos e abortivos, como a pílula do dia seguinte? Se diz contra o nepotismo mas acoberta parentes de amigos e assessores em cargos públicos? Prega a transparência mas não se permite ser investigado ou questionado, recorrendo sempre a desculpa do trololó ou da pauta petista, pedindo a cabeça de jornalistas, manipulando decisões do poder judiciário e perseguindo cruelmente seus opositores.

Como disseram tantos ao longo da história, eu tenho um sonho. Um sonho de um Brasil irmão, sem pobreza, sem fome. Um Brasil onde professores sintam-se felizes em sua profissão, onde alunos descubram um novo mundo nas escolas, onde pais e mães possam trabalhar e gerar filhos belos, alegres e saudáveis. Um sonho que hoje está ameaçado por grupos elitistas que usam as pessoas como massa de manobra para seus próprios interesses, grupos que se personificam no candidato José Serra.


Dentre os méritos do governo Lula há um que quero destacar: o Brasil hoje sente-se orgulhoso em ser Brasil, não só pelo poder de compra, pelo acesso ao Ensino Superior, mas por tudo que enxergamos sermos capazes de realizar. John Lennon em sua música Imagine convidou-nos a sonhar um mundo diferente. Gosto de pensar que sou um sonhador, que todos nós somos sonhadores. Então não nos permitamos ficar em silencio enquanto grupos tentam dividir nossa fé, nossos ideais e nossa identidade. Somos o português que atravessou os mares, o índio que amou a terra, o negro que sonhou com liberdade e o imigrante que se aventurou para a construção de um belo e admirável mundo novo. Juntos somos mais que esses grupos, juntos podemos escolher levar esse país a rumos nunca antes imaginados. Somos o Brasil livre do ódio e do preconceito, o Brasil que ama a vida e deseja continuar crescendo.

Não permitamos que esses grupos dominem o curso de nossa vida. Nesse segundo turno façamos que toda a nação ouça a voz dos bons, mais que um partido, mais que uma candidata, eleger Dilma Roussef significa continuar trilhando o caminho para a construção do Brasil que queremos.

Um comentário:

  1. Paiinhooo adotivoo! Há quanto tempo, não é?
    Acho que puxei seu DNA (sabe-se lá como) para escrever, no meu blog www.monni-monique.blogspot.com tem alguns poemas meus e, recentemente, um trecho de um cordel que estou produzindo... Adoraria receber a opinião de alguém que entende tão bem do assunto, como o senhor.

    Beijoos!
    Seu Blog está muitoo bom ;)

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