PROFESSOR EMERSON ENTREVISTA

erça-feira, 1 de outubro de 2013

ENTREVISTA - A QUALIDADE DA SAÚDE DE VENTUROSA

Uma conversa com o Doutor Jonatas Heber.



Desde sua criação o blog Amo Venturosa tem sido um espaço aberto para informação e veiculação de ideias. Quando o criei assumi um compromisso ético em tratar com respeito as mais diversas correntes de pensamento para promover o debate acerca dos acontecimentos que tem impacto na vida das pessoas. Neste blog já expressaram suas opiniões lideranças políticas como o atual prefeito de Venturosa, o senhor Ernandes Albuquerque, o atual secretário de gabinete e ex-vereador Gera, o ex-secretário de Saúde Ademar Bezerra, o professor Cirzirnande Ferreira, o ex-vereador Adilson Leonilo, o poeta Lorinaldo Vitorino entre tantos outros. A opinião do entrevistado nem sempre reflete a do autor do blog, o que é saudável e natural numa democracia.
O importante é conhecer o pensamento do outro, sua forma de ver o mundo e interagir com as pessoas e, sempre que possível, aprender com o encontro.
Hoje publico a entrevista concedida pelo Dr. Jonatas Heber, filho do saudoso Dr. Reginaldo Gomes, que dedicou sua vida na luta pela saúde dos venturosenses. Embora jovem, o Dr. Jonatas tem procurado seguir os passos do pai com muita dedicação, trabalhando para oferecer à população de Venturosa um serviço de saúde de qualidade em sua clínica. Para isso, além de trabalhar com ótimos médicos especialistas, tem buscado sempre melhorar a própria formação.
Nessa entrevista abordamos a saúde pública em Venturosa e a percepção do Dr. Jonatas nesse setor vital e tão delicado na vida dos brasileiros. Como sempre o blog mantém espaço para comentários (vetados os anônimos que expressem agressão ou preconceito), como também para pessoas ligadas ao governo municipal que porventura queiram se pronunciar sobre essa questão.
A entrevista foi concedida via correspondência eletrônica e é reproduzida a seguir. Uma ótima leitura!
Emerson Luiz

Blog Amo Venturosa: A saúde pública no Brasil é um calo de quase todas as administrações, das grandes às pequenas cidades. As queixas são sempre parecidas, indo da falta de materiais a ausência do próprio profissional de saúde, o médico. Como o senhor avalia a política saúde do município de Venturosa?

Dr. Jonatas :   “Eu acho que isso começa sempre com uma questão de escolha e, infelizmente, o prefeito fez uma péssima escolha em colocar a irmã pra ser secretaria de saúde. Partindo do principio que a brecha que sua equipe de governo encontrou na lei ante nepotismo que veda a participação de parentes até o terceiro grau para administração pública, ferindo assim a súmula vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal e o deixa numa situação complicada, ou seja, ela vai trabalhar pisando em ovos até que alguma denúncia seja feita ao ministério publico.

QUEIMADO - BA
Um caso semelhante é o do prefeito da cidade de queimados que teve sua irmã afastada da secretaria de educação pelo mesmo argumento, então se levarmos também em consideração o fato da secretária de saúde não ser uma pessoa que mora na nossa cidade e que está afastada há muitos anos daqui e que não conhece a nossa população de perto, os reais problemas que vieram acontecendo ao longo desses anos com o hospital, com os PSFs e outros estabelecimentos de saúde vinculados a prefeitura, então ela não vivenciou estes problemas, ela ouviu falar quando chegou aqui, sendo assim o compromisso moral com a população vem sendo tratado com tamanho desprezo que tem gerando, a meu ver, uma grande insatisfação da população em relação aos serviços de saúde oferecidos pelo governo municipal e também dos profissionais que trabalham com a saúde do município, daí encaro que essa foi uma péssima escolha.

Blog Amo Venturosa – O senhor tece duras críticas à gestão de saúde de Venturosa. Onde estaria o problema?

 Dr. Jonatas .     Sinceramente os administradores têm que entender de uma vez por todas, que existe uma coisa chamada qualificação profissional.

Vou dar um exemplo: não é porque o cara é dentista que ele pode colocar aparelho. Ele precisa de uma especialização em ortodontia pra isso. Não é porque uma pessoa é médica que ela pode fazer uma cirurgia, ela precisa de uma especialização, ou seja, não é porque alguém é próximo do gestor que se pode entregar uma secretaria ou a direção de algum órgão municipal a ela. O que você acha que iria acontecer quando se coloca uma pessoa formada em serviço social com pós graduação em marketing para ser secretária de um ramo totalmente diferente? Um professor de Geografia está preparado para dar aulas de Matemática? Ele pode até se esforçar, conseguir fazer alguma coisa pelos seus alunos, mas nunca terá o mesmo resultado! Ainda fazendo analogias seria a mesma coisa que pedir a uma costureira para fazer uma cesariana porque a expressão “dar pontos” se relaciona com as duas funções!

Então enquanto esse tipo de interesse não acabar de uma vez, a população é quem sofre com essas coisas que vemos acontecer no Brasil. E nós não somos exceção! No caso de Venturosa pode-se dizer que é ainda pior! Para combater uma doença precisamos saber o que é a causa e isso só é possível conhecendo a fundo o que está acontecendo. Se a saúde do município tem problemas a pessoa responsável tem de estar aqui, ouvindo o povo, vendo o que pode e o que não pode ser feito. Não sei como alguém pode trabalhar, por exemplo, três ou quatro dias por semana numa cidade será capaz de conseguir isso. Além dos problemas próprios da gestão ainda há a falta de médicos e as inúmeras queixas que escuto sempre relativas ao hospital e alguns  PSF’s.

As críticas à Unidade Justa Maria Bezerra não são novas. Elas foram feitas na administração de Albino, nas duas gestões de Eudes Tenório e persistem no atual governo. Eu tenho trinta anos e desde que me entendo por gente que sempre se falou do hospital. Porque quando se fala no hospital de venturosa cria-se uma polêmica e todos parecem ter medo de falar sobre isso?

Imagem ilustrativa - Fonte: Internet
Dr. Jonatas .     Creio que chegou a hora da população realmente saber a verdade e lutar por uma coisa que é sua por direito, que é um serviço médico de qualidade ou no mínimo decente. Eu moro aqui há 30 anos, passeis 6 anos fora fazendo faculdade e algumas especializações e mesmo assim todo final de semana estava aqui com meus pais e hoje eu posso dizer que ao longo de todos esses anos eu nunca ouvi ou presenciei alguém fazer algum elogio sobre o hospital, por menor que tenha sido. Ao contrário, os comentários são sempre assim: ‘eu fui mal atendido’, ‘o hospital não tem médicos’, ‘não tem ambulância pra ir buscar ou levar o doente’, ‘o médico que me consultou nem olhou na minha cara’, ‘eu disse que estava com dor de cabeça e ele passou um remédio pra verme’, ‘o enfermeiro não se importa com os doentes’.

Eu não quero ser injusto, Emerson, e gostaria muito de defender a classe dos profissionais de saúde em geral, das enfermeiras aos técnicos. A maioria é mal remunerada, trabalha por um salário defasado e com uma carga horária absurda. Sem contar as condições de trabalho que as vezes estão abaixo do necessário e levam a culpa por qualquer coisa de errado que aconteça no hospital. Esses profissionais vêm sendo injustiçados diante da população, onde na verdade deveriam ser reconhecidos pelo tanto que fazem. Alguns se arriscam tendo que fazer certos procedimentos que vão além da sua formação por causa da falta de médicos e são completamente injustiçados. Todos eles têm sim o meu reconhecimento. A verdade sobre o hospital de Venturosa meu caro é que ele tem que ser reformado urgente ou se possível construir um novo porque as condições de atendimento que estão oferecendo às pessoa são precárias: são enfermarias com espaços insuficientes; macas quebradas; banheiros que mal dá pra uma gestante tomar banho de tão apertado e foge totalmente as especificações das normas da ABNT; a falta de médico; falta de medicação, etc. São tantos absurdos e irregularidades que ninguém tem coragem de se pronunciar com medo de uma represália com medo de perder seus empregos, então chegou a hora das nossas autoridades pararem de levar o hospital com a barriga e tomar alguma atitude de fato.

O que me surpreendeu esses dias foi eu chegar ao hospital e ter várias câmeras nos corredores e em outros locais. Como eu já havia falado anteriormente: percebe-se claramente a falta de foco. Ou acham que vão resolver os problemas da nossa saúde com câmeras de segurança dentro do hospital? Eu acho que a população vai ao hospital para trabalhar ou por que está doente, não para roubar pra chegar ao ponto de precisar ser vigiado. É um absurdo uma cidade tão pequena onde todo mundo se conhece passar por isso agora.

Blog Amo Venturosa: _ O senhor falou que percebe uma crescente insatisfação com a administração do atual prefeito. Mais precisamente na área da saúde. Isso atinge apenas a população ou a classe médica também?

Dr. Jonatas .   “Primeiro eu não posso falar em nome de todos,  apenas das pessoas que a convivência diária me mostra essa mesma indignação e dos profissionais que trabalham comigo.  Quanto a nossa INSATISFAÇÃO com a gestão da saúde do município vem por meio da falta de respeito, compromisso e de ética profissional para conosco.  Veja só meu caro Emerson, atualmente eu tenho na minha policlínica seis médicos trabalhando comigo e destes, quatro  com contratos com a prefeitura  de Venturosa. Os contratos celebrados de forma legal através de licitação para ultrassonografias, eletrocardiograma, endoscopia digestiva e exames laboratoriais. Hoje a secretaria de saúde  municipal está com um débito enorme  com minha clínica. Isso pode facilmente ser comprovado através de notas ficais empenhadas pela secretaria e extratos bancários, caso seja preciso. Desses serviços listados aqui  alguns já estão há  5 meses sem pagamentos. Serviços realizados  por nós, só de março até agora. A situação chegou a um ponto insustentável e os médicos já suspenderam os atendimentos. Não há como cobrar deles, alguns tentaram conversar com os responsáveis  e passaram pelo constrangimento de ir 17 vezes ao órgão competente para tentar receber e a desculpa era:  ‘amanhã sai o pagamento’, ou ‘tava viajando’, ou ‘não podia atender’, então,  sequer o respeito de nos receber e explicar o que está acontecendo houve da parte deles, deixando o prefeito numa situação muito delicada por que ele vai ter que defender qualquer atitude dos seus secretários  e mais ainda se for alguém mais próximo, então se a coisa não está indo bem ele que está se prejudicando politicamente. Resta saber se ele vai ter a coragem necessária para deixar alguns laços de lado e fazer o que é certo para o bem maior da nossa população”.

Blog Amo Venturosa – O Brasil como um todo tem tomado uma nova postura diante dos seus dirigentes, seja na cobrança ou na desaprovação de seus políticos. Como o povo de Venturosa deveria se comportar diante do que o senhor relata?

Dr. Jonatas .    “O que faltava  a essa geração era uma atitude que expressasse sua insatisfação e seu desejo de urgência em ver esse país caminhar para a frente! Nós assistimos apenas uma mudança de atitude da população em relação aos seus líderes políticos, mas é preciso mais. O povo foi para a rua a nada mudou. A oposição também tem que ter atitude! O povo de Venturosa talvez tenha que ir as ruas alguma hora pra protestar por melhorias como tem sido na maioria  das cidades brasileiras. Arcoverde e Garanhuns servem como exemplo para nós nesse sentido. Eu acho, Emerson, que a população brasileira já está no seu limite de aguentar corrupções ou promessas vazias e de não ver nada acontecer. Realmente chegou a hora de lutar contra as políticas sujas que vem maltratando o povo da nossa cidade”.

Blog Amo Venturosa: Eu vejo na propaganda oficial que tudo anda as mil maravilhas.

Dr. Jonatas .    “Bom eu nunca acreditei em auto promoção.  Se você vai falar de si próprio para alguém claro que só vão sair coisas boas. Você acha que alguém ia falar mal de si mesmo? Mas isso é uma questão fácil de se resolver.  A opinião que conta tem que vir do povo, então meu colega eu convido você e a população a lançar uma enquete sobre aprovação do prefeito nesse primeiro ano, se foi bom ou ruim ou se quem votou no atual prefeito votaria de novo se as eleições fossem hoje. Ai a gente vai saber de fato o que o povo pensa sobre essa nova gestão.”

Blog Amo Venturosa: Mas há algo de positivo nessa gestão que o senhor queira destacar, algum elogio a ser feito?
.
Dr. Jonatas - Tenho um elogio, mas não sobre a administração, porque acho que com 10 meses de gestão já é possível intuir onde isso vai chegar, mas que todos os meus elogios sejam dados a uma pessoa por quem tenho total respeito e admiração pela lição de vida que nos mostra, pela simplicidade, educação, respeito com o próximo, caráter e a cima de tudo por ser um verdadeiro amigo: ao Dr Iterbo Galindo meu total respeito ao ser humano fantástico que é. Sem sombra de duvidas ele é o verdadeiro MÉDICO DE NOSSA CIDADE 

Blog Amo Venturosa: O senhor se expressa como político. Tem planos de ingressar nessa área?
Dr. Jonatas: Digamos o seguinte: “Quando uma série de abusos e usurpações converge invariavelmente para o mesmo fim e demonstra o objetivo de submeter o povo a um despotismo absoluto e direito, o povo tem o dever de rejeitar  tal governo e buscar novas garantias de sua segurança futura, então se existe algo errado aqueles que tem condições de agir  tem também o dever e a responsabilidade de agir”.





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ENTREVISTA COM O VEREADOR JOÃO HENRIQUE (PSB)


Nossa conversa ocorreu na casa onde vive na Avenida Capitão Justino Alves, em Venturosa - PE. O vereador João Henrique Bezerra Zacarias, transformou parte da residência em um escritório. Formado em direito, João tem se colocado como advogado do povo em seu segundo mandato. Embora tenha pouca idade, está próximo a completar os trinta anos, , já traz a marca das lutas que teve de travar na vida. No escritório não vemos móveis luxuosos ou decoração ostensiva, ali está o básico para o trabalho do legislador, os livros, o computador e um retrato da família que ama e que em breve ganhará mais um membro.
João Henrique já disputou três eleições, sendo vitorioso em duas. Na última foi eleito pelo PSB, partido que é presidido por ele em Venturosa e o mesmo do governador Eduardo Campos, com 465 votos e tem se destacado em sua atuação como vereador.
A entrevista foi concedida num tom amigável onde falou-se da atuação do homem público, resistência, a situação do município, os novos rumos do PSB e o papel da oposição em Venturosa. A todos desejo uma boa leitura.

* Vale salientar que o blog mantém um espaço aberto para opiniões acerca desta entrevista, desde que para isso o autor dos comentários se identifique.
** O espaço também está aberto para que outros vereadores ou agentes públicos, caso desejem, possam se manifestar sobre o teor dessa entrevista.
*** O e-mail do blog é: blogdoemersonluiz@ig.com.br
**** O espaço para comentários está abaixo do corpo da matéria.

Professor Emerson: Esse é o seu segundo mandato como vereador, então, passados mais de cem dias desse mandato, gostaria que você fizesse um balanço das ações feitas até aqui e dos desafios em ser membro do legislativo municipal.

João Henrique: Primeiramente quero saudar os leitores do seu blog e todos os filhos e filhas de Venturosa. Iniciei esse mandato procurando escutar o máximo possível as pessoas, pois esse ato de escuta permite que aprendamos. Isso tem tornado esse início dos trabalhos bem diferente do meu primeiro mandato. Aprendizado é experiência e experiência sempre faz bem, seja nos momentos em que fazemos pedidos que beneficiem o povo seja naqueles momentos em que temos de legislar e fiscalizar a atuação do Executivo. Nesse âmbito nós, isso falo não apenas eu, mas todos os vereadores da oposição, temos procurado gerenciar o dinheiro público da melhor forma possível.  E como gerenciar mesmo sem administrar? Com uma correta fiscalização. Isso porque esse dinheiro não pertence ao gestor, esse dinheiro pertence ao povo e tem que ser gasto de uma forma com que faça as pessoas se sentirem bem, trazendo melhorias para todos. Então nesses primeiros meses de mandato estamos trabalhando nesse sentido.

Há resistência em relação ao trabalho de vocês?

João Henrique: Em todo trabalho existem problemas. No nosso caso há o grupo da oposição e o grupo da situação e, às vezes, a oposição é mal interpretada. Quando cobramos ou exigimos algo, querem reduzir isso a uma picuinha ou então a politicagem e na verdade não é. Na verdade é o desempenho do trabalho do vereador. A Constituição nos dá esse respaldo de legislar e fiscalizar. Se formos mais a fundo veremos que o trabalho do vereador também é o de auxiliar na administração embora alguns não entendam. Quando, por exemplo, solicitamos que a iluminação de uma rua seja melhorada, estamos, também, auxiliando na administração pública. Mas, como disse, muitas vezes nossa ação é mau interpretada  quando apontamos débitos existentes, falta de médicos em hospitais, questões de funcionários, etc. Então quando tomamos conhecimento de tais problemas e levamos ao conhecimento geral alguns membros da situação entendem de outra maneira,  acha que é para prejudicar, mas não é, queremos apenas agir da forma correta.

Alguns desses problemas que você fala tem chamado muita atenção. A questão do IPSERV, por exemplo, você podia falar um pouco sobre isso?

João Henrique: O IPSERV é uma autarquia municipal e foi criada para gerenciar o dinheiro da Previdência Municipal, ou seja, dos servidores públicos municipais. A contribuição previdenciária é composta por duas partes: uma é retirada do segurado e outra parte é retirada do patronal, no caso o gestor público. Ou seja, o prefeito passa esse dinheiro para o IPSERV para que esse fundo seja gerido e as pessoas, caso seja preciso, tenham direito a aposentadoria ou um auxílio doença, pensão por morte, elas tenham direito a isso no futuro. É muito parecido com uma poupança. Você tem que guardar para usar quando for preciso. O que aconteceu? Gestores que por aí passaram, desde 2002 até agora, sempre deixaram débitos. Só que nada disso vinha a tona. Então nós, vereadores, estudando as contas de 2012, encontramos esse contrato onde o prefeito do município, na época o senhor Eudes Tenório , havia parcelado o débito em 2009 e depois o fez novamente, só que em um montante muito maior, cerca de R% 778 mil, em 2012. Embora haja um respaldo jurídico, e não cabe a mim julgar, minha função é fiscalizar. Agora se outros prefeitos que passaram e fizeram isso foi dito que essa atitude era imoral, irregular, porque na gestão de Eudes Tenório isso não pode ser chamado de imoral e de irregular? Mesmo declarando a dívida e tendo um respaldo jurídico eu não sei como um gestor parcela um débito de RS 778 mil em 200 meses, que dá mais ou menos 16 anos e 8 meses, sem juros, sem correção monetária...

E quem pagará esse parcelamento?

João Henrique: Quem vai pagar esse parcelamento são os gestores que virão daqui para frente, no caso Ernandes e qualquer outro que venha daqui para frente vai ter que pagar esse débito ou acabará incorrendo em um crime: improbidade.

Ao que parece esse fundo gasta mais do que arrecada.

João Henrique: Isso foi dito pelo próprio gestor do fundo. Então se gasta mais do que arrecada pode chegar o dia em que não tenha dinheiro suficiente para pagar os segurados. E não sou em que estou dizendo isso, a própria Previdência Social alertou o instituto – isso usando palavras da reunião da Câmara.

E o que houve com esse dinheiro?

João Henrique: Esse dinheiro deixou de ser recolhido. No caso como é patronal, o gestor tem a responsabilidade de transferir esse dinheiro ao fundo. Ele sabe quanto é o montante da dívida e deposita esse dinheiro, mas nesse caso ele deixou de pagar. E quem deixa de pagar seus compromissos comete uma grande irregularidade. Há um dito popular para quem deixa de pagar, outros gestores foram chamados assim e esse também deixou de pagar. Mas se a gente perceber, há uma grande defesa, na verdade uma blindagem sobre esse assunto. Mas o antigo prefeito deixou de pagar e como bom administrador que diz que é, deveria ter pago e não deixado que se amontoasse. Um débito de R$ 778 mil não nasce da noite para o dia.

Eu sou completamente leigo nesse assunto. Não há um desconto no contra-cheque do servidor?

João Henrique. Esse é o recolhimento do contribuinte e esse foi repassado, segundo o diretor do IPSERV, o que deixou de ser repassado foi o patronal que é a parte que o patrão tem que pagar. Veja só, o contribuinte, o segurado, está fazendo sua parte. Quem não está fazendo a dele ou não fez a dele é quem administrou. O poder Executivo não pagou a parte dele e só quem pagou foi o contribuinte.

Vamos agora tratar de assuntos de alcance nacional. Gostaria que você falasse um pouco sobre seu partido, o PSB.

João Henrique. O PSB tem implantado um novo mecanismo em sua gestão que é o da escuta da população. E nós em nossas reuniões sempre procuramos isso: ouvir o que povo tem a nos dizer para só então trabalharmos em cima do que o povo precisa. Nosso governador faz muito bem isso. Os avanços trazidos por essa prática deram visibilidade a Pernambuco e ao governador, que agora busca um projeto federal, que é uma coisa legítima, um direito de qualquer pessoa que esteja filiada e um partido e vença suas prévias.

Eduardo Campos tem um projeto para o Brasil, um projeto que deu certo aqui em Pernambuco e rendeu a ele o título de um dos melhores governadores do Brasil. O PSB tem um modo diferente de governar e não é a toa que tem crescido tanto. E um partido só cresce quando seu trabalho é reconhecido. Veja o caso do DEM – antigo PFL – e do próprio PSDB, são partidos que minguaram e perderam força política.




Sei que estar na oposição não é fácil e que, para vocês vereadores, deve ser muito difícil trabalhar. A maioria das indicações ou requerimentos deve ser mal vista ou negada pelo simples fato de dizerem: “ah, é da oposição”. Então é importante ter um bom relacionamento com os deputados? E, por falar nisso, seus deputados são atuantes?

João Henrique: Somos parceiros da causa pública e nossa parceria começou em 2009/2010. Primeiro com Ângelo Ferreira e Ana Arraes, que hoje é Ministra do Tribunal de Contas da União, e hoje, por proximidade e indicação do governador, com o deputado João Fernando. Então depois de longas conversas sentimos que algo melhor pode ser feito por Venturosa, e o que vem sendo feito. Então nos mediamos ações que beneficiam o povo de nossa cidade como  desentupimentos de poços com instalação de bombas, 300 horas-máquina de tratores de esteira para ampliação e limpezas de barragens, também mediamos o cadastramento de uma associação no programa de distribuição do leite e a perfuração de seis poços artesianos e desses seis quatro tiveram êxito. Então veja que são deputados atuantes que querem o bem de nosso povo.

E como você avalia o papel da oposição. O grupo ainda carrega a mácula de uma má administração cujo alguns membros se encontram hoje no grupo da situação. Quais os caminhos da oposição hoje?

João Henrique: Primeiro temos que encarar essas tentativas de vincular os membros da oposição a uma má gestão passada é puro marketing político. O grupo da situação (verde/amarelo) tenta passar essa imagem de que foi fulano que fez isso ou aquilo, ou fulano que vai fazer igual beltrano, tudo balela.
Agora eu fico pensando: e com tantos erros que vemos agora em nossa cidade? Hospitais sem médicos, PSF’s sem médicos, essa questão do IPSERV, contas aprovadas com ressalvas, com erros, então, como é que se pode falar de administrações passadas com erros iguais ou piores?
O que faltava na oposição e que agora estamos fazendo, não só eu mas nossos vereadores e lideranças, é buscar um maior contato com a população e através de ações conjuntas com o governador Eduardo e nossos deputados fazer o bem e melhorar a vida das pessoas. O nosso grupo é bem representado, possui lideranças como a de José Lemos, Donizete, nossos vereadores eleitos e várias outras pessoas. Então, o que nós temos que fazer? Agir sempre visando o melhor para Venturosa para que o povo sinta o nosso compromisso e reconheça que nós temos vontade de fazer melhor e podemos fazer melhor por eles, agora isso tem que ser contínuo. Temos que trabalhar com ética, nos fazer presentes, então o povo nos dará essa chance. E quando tivermos nossa chance teremos de dar tudo de nós para que essas pessoas que confiaram sintam orgulho da escolha que fizeram. Nós temos um compromisso para com todos, mas, principalmente com os menos favorecidos, porque o que vemos hoje em Venturosa é o contrário, é um compromisso com os mais favorecidos, e não é assim que se governa. Quem precisa de melhor atendimento da saúde, transportes e água é a população menos favorecida que sofre com essa seca.

Uma mensagem para os leitores do blog.

João Henrique: Quero primeiramente agradecer a oportunidade, como também expressar minha gratidão ao povo de Venturosa pela confiança e credibilidade que tem dado não apenas ao meu trabalho como aos dos demais vereadores, em especial ao bloco da oposição do qual também fazem parte os vereadores Charlles, Dedê, Nêgo e Nelcimar, que estão legislando com seriedade e buscando o melhor para todos, sem distinção.

Como homem público e legislador me coloco sempre a disposição dos filhos e filhas de Venturosa com muito amor pelo que faço, porque se o faço é porque esse povo me escolheu para representa-lo como vereador. Peço que Deus sempre nos conduza em nossos pensamentos e ações e que possamos sempre dar o nosso melhor. Um forte abraço a todos!
Aviso aos amigos navegantes.


Nesta página você encontra todas as entrevistas já realizadas
 por este humilde blogueiro. Os comentários dos amigos 
navegantes podem ser vistos apenas nas postagens originais. 
Abraço e boa leitura!


Professor Emerson Luiz.


ENTREVISTA COM O PROFESSOR CIRZIRNANDE




É com imensa alegria que este blog volta a realizar entrevistas com
 personalidades da cidade de Venturosa, Pernambuco. O entrevistado
 desse mês é o professor Cirzirnande, um dos melhores educadores
 com quem tive o prazer de estudar e depois, de trabalhar nas 
escolas estaduais Quitéria Wanderley Simões. Nesse entrevista 
debatemos sobre temas como educação, serviços comunitários,
 política, entre outros. Desejo a todos os amigos navegantes uma ótima
 leitura:


DADOS PESSOAIS

Nome: Cizirnande Ferreira de Araújo. 
Data de nascimento: 20 de setembro de 1965
Estado Civil: Casado
Esposa: Nilvânia Maria Tenório
 Filhos: Cirzirnande Júnior ( Nando ), 
Crisnanda, Nívea e Nadine.
              
 Livros ou filmes que tiveram influência
 em sua formação?

Livros: As Veias Abertas da América Latina, Raízes,
 Olga, Mandela, Pedagogia do Oprimido.
Filmes: A Lista de Schindler, A Vida é Bela, Irmão Sol, 
Irmã Lua, O Nome da Rosa.

1.      O senhor é um educador, um dos melhores que conheci. 
O que o levou a escolher essa profissão?

Obrigado pela referência elogiosa. Agradeço-lhe por isto. Somente os bons alunos, 
ou seja, aqueles que buscaram na escola algo mais que os conteúdos ensinados, 
sabem perceber a importância de um educador e de um professor em sua vida.
 Por incrível que pareça, não escolhi esta profissão quando iniciei a minha carreira. 
 Tornei-me professor por força da realidade em que vivia minha família. Meu pai
 era pedreiro e agricultor; minha  mãe, doméstica e agricultora. Ambos viviam 
migrando de um município para outro. Numa dessas viagens, já adolescente, 
fomos parar no Estado da Bahia. Lá, a Escola Pública existente só oferecia o 
curso de magistério. Outros cursos,  somente em escolas particulares e com
 mensalidades caríssimas. Não tive escolha, a realidade me impôs o magistério. 
Uma vez casado com esta profissão, já são vinte e dois anos de intensa 
convivência e de imenso respeito por aqueles que  não se divorciam dela.

2.      O professor é, por excelência, um formador de opinião. Como 
encarar essa responsabilidade de auxiliar na formação da criticidade?

Educar o aluno no sentido de tentar ajudá-lo a construir um caminho diferente 
do habitual é um desafio permanente. Não basta apenas repassar os conteúdos. 
Torna-se necessário que o professor tenha uma postura crítica e reflexiva 
sobre o meio que o cerca. É importantíssimo o professor trabalhar o lado 
da criticidade e da reflexão consciente dos problemas que enfrentamos 
no cotidiano.  Temos encontrado algumas resistências, principalmente 
daqueles que precisam acordar, mas permaneceremos trabalhando este lado 
da construção de uma consciência cidadã e crítica.

3.      O que veio primeiro: o professor, o formador de opinião ou o político?

O professor veio por força da realidade, conforme já externei. O formador de opinião
 por força da aprendizagem, dos bons professores que tive, dos livros lidos, da reflexão
 da realidade vivida, das pessoas formadoras de opinião e da vivência do dia-a-dia. 
O político nasceu com os outros dois. Agora, a política partidária veio antes. 
Comecei a experimentá-la a partir de 1988 como membro do Partido dos Trabalhadores de Venturosa.
4.      
      Todos nós somos influenciados por alguém em nosso caminho. Quais as
 grandes influências em sua vida?

Quando criança, lembro-me da ausência de energia elétrica lá na vila onde nasci (Tará).
 Recordo-me que líamos alguma coisa com a luz do candeeiro. Estes fatos servem para
 ilustrar a realidade em que vivíamos. Mesmo diante de uma realidade adversa, era
 muito incentivado pelo meu pai que sempre dizia: estude, estude, estude. 
Enquanto meus irmãos o  ajudavam na roça, eu estudava, estudava e estudava... 
Outra influência muito positiva foi a da minha professora, Maria Luíza de Almeida, 
que me acompanhou nas quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Tive na minha adolescência e juventude uma forte influência para a prática do
 futebol de campo. Até fui considerado um bom peladeiro, pois jogava  
constantemente. Vários jogadores de times do Tará e de Venturosa me serviram
 de  referência. Foi um período muito bom para mim.
5.      
            O senhor foi um dos sócios fundadores da Rádio Comunitária Venturosa FM. 
Hoje a emissora continua a expressar os mesmos ideais daquela época? 
Quais os elementos que uma comunicação a serviço da comunidade deve abordar?

 A Rádio Comunitária foi um projeto 
realizado por um grupo de venturosenses
 apaixonados por esta cidade. Começamos
 a dar os primeiros passos para a criação 
da emissora a partir do ano de 1996  . 
Com a ajuda de muitas pessoas, 
conseguimos, mesmo de forma precária, 
após longos anos de espera, colocar 
a rádio no ar. Da fundação da emissora
 até o presente, tivemos, entre membros 
de sua Diretoria, embates fortíssimos, 
o que levou muitos de seus sócios 
a se afastarem ou serem afastados das
 funções que exerciam. Lamentavelmente,
 uma rádio que nasceu para unir as pessoas, tornou-se fruto de disputas pessoais 
intermináveis. Torço para que os sócios que lá permanecem, possam zelar por este patrimônio
 do povo de Venturosa.
Reconheço o esforço de muitos de seus sócios, porém, há um longo caminho a ser percorrido
 no sentido de tornar a rádio “comunitária”. Quando os problemas da comunidade, 
da cidade e do município começarem a ser discutidos, talvez se inicie a vivência de um dos 
objetivos da radiodifusão comunitária em nosso município.
         
  
6.      Quando o senhor foi nomeado secretario de educação de município de Venturosa, na gestão do prefeito Albino Bezerra de Vasconcelos muita gente vibrou. Era como se um antigo sonho de educadores, colegas e alunos virasse realidade. Como foi para você assumir uma secretaria tão importante?

Entre os anos de 1995 e 1998, juntamente com o professor Cícero Jacinto, tive uma experiência muito boa na Direção da Escola Quitéria Wanderley Simões. O trabalho realizado pela equipe foi determinante para que o meu nome fosse lembrado para ocupar outro cargo, desta vez mais desafiador do que o anterior. Começamos com a certeza de que poderíamos repetir ou melhorar o trabalho feito no Quitéria Wanderley. Era nosso parâmetro. Não tinha a dimensão da grandeza da Secretaria Municipal de Educação: várias escolas, muitos servidores, muitos professores, professoras e o mais importante: uma grande quantidade de estudantes. Assumimos o desafio, e mais uma vez, a equipe que esteve comigo foi a grande responsável pelo sucesso que obtivemos durante o período que passamos à frente daquela Secretaria.
Foi gratificante. Dez anos depois, várias pessoas ainda comentam a nossa passagem, ainda lembram o trabalho que realizamos.

7.      O senhor foi o primeiro a pagar 13º salário, 14º, 15º e rateio para os trabalhadores da educação, isso quando os recursos em educação ainda eram parcos, antes da implantação do Fundeb, como conseguiu?

Conseguimos com muito planejamento e fazendo poupança dos recursos que eram depositados na conta do FUNDEF. O que sobrava do pagamento da folha salarial dos professores era poupado para ser pago no final do ano. Fizemos uma boa poupança, o que resultou no pagamento do 14º, 15º e rateio.  O interessante é que esta ação foi, também, desenvolvida por outros gestores que nos sucederam, ocasionando ganhos para os professores.

8.      Ainda sobre sua atuação como secretário, queria abordar um tema polêmico. O senhor era um dos melhores secretários da gestão Albino Bezerra de Vasconcelos e, de repente, deixou de ser. Muitos foram pegos de surpresa e julgaram que seria um desentendimento passageiro, depois se confirma a notícia que Cirzirnande teria abandonado a secretaria de educação e em seu lugar estaria o empresário José Lemos de Vasconcelos. Como isso ocorreu?

Antes de completarmos  uma ano à frente  da Secretaria Municipal de Educação, já vinha externando um certo descontentamento com algumas ações desenvolvidas no âmbito do Governo Municipal. O Prefeito eleito, na época, afastou-se alegando problemas de saúde. A prefeitura começava a ter problemas gerenciais e administrativos. Após o afastamento do Prefeito eleito, o Vice começa a exercer as prerrogativas de Chefe do Executivo conforme determina a lei. Durante seis meses, trabalhou para organizar as finanças da Prefeitura e para melhorar os serviços prestados  à população. Neste ínterim, houve um “desentendimento” entre o Prefeito eleito e o seu Vice que estava comandando a Prefeitura. Em solidariedade ao Vice-Prefeito, Ranulfo Quirino, hoje amigo e compadre, que passara o cargo no final de 2001 para o Prefeito Eleito, manifestei a intenção de deixar o governo. Recebi um abaixo assinado com centenas de assinaturas pedindo a minha permanência na Secretaria. Diante do apelo de tantas pessoas, solicitando que eu permanecesse, fiquei aguardando o diálogo com representantes do Executivo. Não havendo nenhuma conversa, redigi ofício ao Chefe do Executivo e coloquei o cargo à disposição.
Após o retorno do Prefeito Eleito, viajei para a cidade de Garanhuns e, quando voltei, uma amiga e professora me informou que havia sido nomeado um outro secretário. No dia seguinte, um emissário da Prefeitura veio até minha residência trazer a portaria me exonerando do cargo de Secretário de Educação do Município de Venturosa. A partir da minha saída fiquei afastado do governo por um bom  período.

9.      Alguns anos mais tarde, o senhor disputaria o pleito como vice-prefeito junto com Albino. Hoje o senhor considera isso um erro?

O trabalho realizado na Secretaria, apenas por um ano, fez com que o meu nome fosse lembrado para compor a Chapa Majoritária. Naturalmente, com o meu afastamento da Secretaria houve um distanciamento do Governo Municipal. No período em que fiquei afastado, muitas pessoas deixaram o Governo. Para o povo a minha imagem está associada à figura do Secretário, associação correta. Só que eu era presidente de um partido político e pela primeira vez em Venturosa este partido iria compor a chapa Majoritária. O nome no partido poderia ser de qualquer membro, contudo, a pessoa que, segundo os filiados, poderia compor a chapa seria eu. Por maioria absoluta dos votos daqueles  que participaram da reunião da convenção do partido, decidimos que o PT indicaria o candidato a vice-prefeito e o nome escolhido seria o meu. Poderia ter recusado a escolha, mas o partido havia feito aliança nos anos anteriores com o mesmo grupo político. Em 1992, o PT e o PSB de Venturosa caminharam juntos. No ano de 1996, repetimos a aliança e mais uma vez perdemos a eleição. Chegamos em 2000 com uma ampla aliança e mais uma vez o PT e o PSB estavam juntos, desta vez o grupo venceu a eleição. Quando chegou 2004, os partidos eram os mesmos de 2000, com uma diferença: o grupo estava no poder, o grupo tinha governado. Diante dos problemas que  começaram a surgir na época, um grupo de correligionários do prefeito terminou saindo para formar uma aliança com o PFL local. Nós do PT poderíamos também ter saído, uma vez que eu estava afastado,  não para fazermos aliança com o PFL, mas para retomarmos o caminho de anos anteriores; ou seja, lançar uma candidatura a prefeito desvinculada do grupo que apoiávamos. Até hoje, muitos venturosenses desejam uma alternativa para as candidaturas que estão sendo apresentadas.
 Não tenho nenhuma dúvida de que erramos naquele momento. Não sabíamos da dimensão dos reais problemas administrativos vividos pela prefeitura. Apostamos no escuro, uma vez que não conhecíamos nem tínhamos o controle de nenhum órgão. Quando fechamos a aliança, acreditávamos que os problemas poderiam ser amenizados. Não foi o que ocorreu. Os problemas administrativos surgiam com freqüência e as pessoas responsáveis pelo gerenciamento não conseguiam  resolvê-los, empurrando a campanha para baixo e facilitando  a vitória da oposição.
Paguei um preço muito alto por ser partidário. Poderia ter feito como muitos que estavam no barco e pularam para criar um novo barco com peças já usadas que não sabemos até onde navegará. Eu estava fora, vi o barco e os amigos afundando e tentei salvar alguns, não foi possível socorrer ninguém.

10.  Vamos falar sobre educação. Como o senhor avaliaria a política educacional de nosso município?

Os municípios brasileiros têm um desafio enorme quando o assunto é educação. Venturosa não é diferente. Pernambuco não é diferente. Os números apresentados pelas últimas avaliações indicam que temos um longo caminho a  percorrer.  Não tenho acompanhado com frequência os dados educacionais do nosso município, uma vez que faz dez anos que estive no comando daquela Secretaria. Acredito que os problemas de Venturosa sejam os mesmos da imensa maioria dos municípios do Brasil: professores com salários baixíssimos, evasão altíssima, repetência elevada, falta de estrutura das escolas, pouco investimento do PIB em educação, qualidade da aprendizagem aquém do desejável. A esperança está na aprovação de Plano Nacional de Educação que se encontra para discussão e debate no Congresso Nacional.
11.  Tanto os servidores estaduais quanto os municipais estão descontentes com seus vencimentos e com o excesso de cobranças. O educador em Pernambuco ganha um salário justo?
Nós conhecemos a trajetória de muitos municípios pernambucanos. Há algum tempo  os prefeitos pagavam a metade do salário mínimo aos servidores. Depois começaram a pagar o salário, mas não conseguiam concluir a folha, pois atrasavam o pagamento. Hoje, muitos pagam o salário, porém não  reajustam na data proposta pelo Governo Federal. É preciso que os governantes,  principalmente os municipais, avancem no sentido de garantir uma política salarial que contemple parte das reivindicações dos servidores.
Os professores pernambucanos, até poucos dias, recebiam o menor salário do país. Com o último reajuste, que ocorreu no último mês de junho, do ano em curso, passamos a receber RS 1.187,00 para 200 aulas mensais. Quem tiver graduação vai receber 1.247,00. Como podemos constatar, Pernambuco não tem dado prioridade à questão salarial dos seus professores. Muitos municípios pernambucanos pagam bem mais do que os valores mencionados. Continuamos com vencimentos baixíssimos.

12.  Ainda hoje muitos consideram o professor Cirzirnande uma liderança política a ser ouvida e respeitada. Gostaria que o senhor comentasse um pouco sobre a situação da oposição em Venturosa.

A “oposição” encontra-se muito fragmentada. Os responsáveis por este papel conversam pouco e às vezes não agem conjuntamente. Se eles se encontrassem mais, conversassem com mais freqüência e ouvissem as pessoas, teriam uma atuação melhor. Espero que eles possam discutir com mais celeridade os problemas do nosso município e consigam promover ações que melhorem a vida da nossa população.

13.  Alguém já disse que o maior adversário da oposição é ela mesma. O senhor concorda com essa frase?

Depende da oposição. Se for uma oposição que não saiba fazer o seu papel, tropeçará em si mesma. Se for uma oposição que saiba o que quer, terá sucesso em suas ações. As dificuldades das oposições acontecem no plano nacional,  estadual e municipal. Há uma tendência muito forte das forças  políticas se aglomerarem em torno de quem governa, sobrando pouco espaço para quem faz oposição. Em Pernambuco, quase não se fala na oposição. Em nosso município também se repete o que observamos em outros lugares. Temos três vereadores, que formam o bloco de oposição, porém,   somente “um” tem atuado com mais ênfase no papel de opositor.

14.  Como o senhor define a gestão do prefeito Eudes Tenório Cavalcante? Quais os erros e acertos desse governo?

O atual Prefeito inaugura um novo ciclo na política de Venturosa. Ganhou a eleição do  Ex-Prefeito Albino, graças aos   seus  erros gerenciais e administrativos.  Nos primeiros quatro anos, conforme números apresentados que culminaram na sua sua reeleição, foi uma gestão muito bem avaliada pelo povo de Venturosa. No segundo mandato, segundo os números da eleição para Deputado, percebe-se uma certa fadiga do eleitor em relação aos candidatos apresentados pelo Prefeito. Se este desânimo terá reflexos em 2012, não saberemos. Geralmente é comum os governantes pisarem no freio quando se reelegem. Vamos aguardar 2012. Com relação aos acertos eu destacaria a busca de recursos junto aos Governos Federal e Estadual, mesmo sem manifestar o apoio aos mesmos. Venturosa tem recebido muitos recursos, isto é bom para o nosso município. Muitas pessoas pensam que é fácil governar um município, não é. Eu sei do esforço dos prefeitos para conseguirem alguma verba.
Com relação aos erros, destacaria a falta de transparência no gerenciamento dos recursos públicos e a falta de discussão com a população dos reais problemas do nosso município.

 Alguns nomes já circulam como possíveis candidatos a prefeito de nossa cidade. Gostaria que o senhor falasse sobre suas impressões a respeito deles: Adelson de Macêdo, Donizete Zacarias,  Adilson Leonilo – Pitu,  Tarcísio Vitor, José Lemos de Vasconcelos,  Ernandes da Farmácia e  Ademar – Sec. de Saúde.

       Nesta relação acrescentaria o nome de Ranulfo Quirino que já governou o município por seis meses  e tem  experiência como gestor.  É natural que as pessoas comecem a discutir os  possíveis nomes que se enfrentarão na eleição de 2012. De um lado estão os possíveis candidatos do prefeito. Do outro, estão os pretensos nomes apresentados pela “oposição”. O certo é que, até junho de 2012, teremos uma boa discussão sobre estes nomes.  Tenho alertado o grupo sobre a necessidade de se fazer algumas pesquisas para sabermos o potencial de votos dos nomes apresentados. O grupo da oposição está com os partidos que governam o Brasil e o nosso Estado ( PT, PSB, PTB  e PDT). Precisamos, também, respeitar os partidos que, através de seus filiados,  decidem quem concorrerá ao pleito eleitoral. Vamos esperar as discussões ocorrerem.


      No grupo do prefeito (PR,PV, PSDB, PMDB), a situação é bem mais fácil, bem mais tranqüila. O escolhido terá menos dificuldade de colocar a campanha na rua, uma vez que o grupo governa a prefeitura. A palavra final será a do Prefeito que tentará eleger um nome para dar continuidade a sua  gestão. Sabemos que é muito difícil a transferência do voto quando os candidatos têm índices de rejeição alto. Caso a oposição encontre um nome, que caia na graça do povo, teremos uma eleição bem disputada.
      Sei que o vencedor  terá um desafio enorme pela frente, pois terá como parâmetro a atual administração. O importante é que façam o melhor para o nosso município e administrem para o povo.

15.  Muitas pessoas comentaram a mudança de partido do ex-Prefeito Albino, até pelos ataques que ele sofreu durante a campanha pelo Prefeito Eudes. Como o senhor encara a união desses opostos?

É difícil compreender que posições tão antagônicas até recentemente, agora estejam compartilhando  o mesmo pensamento.   Depois de sete anos , permaneço no grupo e aquele com quem nos aliamos migra para o lado de quem lhe proferiu os mais duros ataques em uma eleição municipal. Respeito a posição e a liberdade das pessoas em militarem no campo político que quiserem, mas os eleitores e as pessoas a quem representamos merecem o mais absoluto respeito. Não é uma vitória numa eleição que mede o nosso grau de responsabilidade com os eleitores. É preciso representar estas pessoas com dignidade. Fazer alianças no campo da política é natural. Agora, tem alianças que são inexplicáveis e ninguém sabe os interesses que elas representam.

16.  Quais deveriam ser as prioridades do próximo prefeito de Venturosa?

Pelas reclamações que tenho escutado, o futuro prefeito ou prefeita deve continuar perseguindo melhorias para a saúde de nosso município. O desafio é grandioso, as prioridades são várias. Há muita coisa pra ser feita na educação, na saúde, na assistência social, no meio ambiente e agricultura, na  administração, etc. Cobrar ao Governo do Estado a realização da melhoria do sistema de abastecimento d’agua do nosso município seria uma boa prioridade. Colocar internet grátis para as pessoas que  têm computador, também seria uma bom desafio. Melhorar os índices educacionais, criar uma política salarial para os servidores municipais que vá além do salário mínimo, são alguns desafios interessantes, só para mencionar algumas.

17.  Em Venturosa ainda temos uma mentalidade herdada da ditadura, o bipartidarismo. Hoje ou se é verde-amarelo ou se é vermelho. Isso é bom ou ruim para o desenvolvimento político e cultural de uma cidade? Não seria melhor formar eleitores sem cores e mais preocupados com as propostas de cada candidato?

Quando as pessoas analisam apenas as cores dos grupos políticos, isto se torna bastante prejudicial. Há muitas pessoas, hoje, querendo romper com este modelo chamado de “pastoril político eleitoral”. Os partidos políticos no Brasil, têm feito uma associação com as cores que os representam. O importante é que o eleitor conheça a proposta de cada partido político. Os candidatos, teoricamente, devem obedecer àquilo que o partido determina em seu estatuto e em seus manifestos.

18.  Houve algo no mínimo curioso na eleição para deputado. Muitos viram com surpresa os candidatos apoiados pelos vários grupos de oposição serem mais votados que os  candidatos apoiados pelo governo. Isso reflete uma mudança na mentalidade do eleitorado, uma queda na popularidade do governo municipal ou ambos?

Mesmo o Executivo se esforçando bastante para dar uma maior quantidade de votos  aos seus candidatos, interpreto a eleição para o legislativo  completamente diferente de uma disputa para elegermos um prefeito. Na eleição municipal as pessoas participam de forma direta, há outros interesses. Todos esperávamos que os deputados  apoiados pelo grupo que governa a prefeitura  tivessem uma votação compatível com o resultado da última eleição. Foi uma surpresa para todos nós. É difícil mensurar o desempenho futuro do candidato apoiado pelo Prefeito. Tudo dependerá da avaliação da atual gestão e do potencial de transferência de votos do atual Chefe do Executivo para o seu candidato. Será que os eleitores  vão gostar do nome que disputará a eleição? É um verdadeiro jogo de xadrez.

19.  E o professor Cirzirnande, volta como candidato?

Tive algumas experiências importantes na minha militância política. Juntamente com alguns companheiros de partido fui candidato a vereador pelo PT em 1988. Depois fui, para marcar posição, também pelo PT, candidato a prefeito no ano de 1992. Passei um longo período sem concorrer a nenhum cargo eletivo, até que surgiu a aliança entre o PT, PSB e PTB e o meu nome foi indicado para compor a chapa majoritária como candidato a vice-prefeito. Após a derrota na eleição de 2004, cada vez mais, por dedicar-me quase que exclusivamente à profissão que exerço, tenho me afastado das disputas eleitorais. Não tenho mais tempo para fazer a militância política.  A sala de aula e as atividades relacionadas ao magistério tem sido a minha prioridade no momento. Não havendo tempo para militar partidariamente, optei em desfiliar-me do Partido dos Trabalhadores desde agosto de 2009. Não descarto a possibilidade, mesmo que remota no momento,  de um dia voltar a ser candidato...

21.   A palavra é sua Cirzirnande. Deixe uma mensagem para os nossos amigos que acompanham esse blog.

      Quero agradecer a sua paciência por esperar a conclusão desta entrevista, pois você me deu um prazo razoável, compatível com quem trabalha de 7:30 da manhã às 10:00h da noite. Aproveitando que hoje, 14 de agosto, é o dia dos pais, externo a minha profunda admiração por todos eles, que como eu, lutamos diariamente para buscarmos uma vida melhor para nossas famílias. Emerson, por maiores que sejam nossas dificuldades e adversidades, os nossos sonhos devem prevalecer. Continuo sendo um sonhador. Sonho com a construção de amizades verdadeiras entre as pessoas, sonho com o surgimento de bons políticos, sonho com a educação do meu país melhorando, sonho com um mundo sem fome... Sonho com a natureza não sendo destruída,  sonho com a vida, mesmo Severina, que rasga as pedras do caminho... Obrigado a você e aos leitores e leitoras deste Blog!


ENTREVISTA COM PADRE FÁBIO PEREIRA


momentos antes de  sua Ordenação Presbiteral

Para inicio de conversa

Tenho o prazer e a honra de entrevistar o Pe. Fábio Pereira dos Santos da Paróquia de São José em Venturosa - PE. O Padre tem se destacado nessa cidade por seu trabalho nos mais diversos setores. 
Fábio Pereira dos Santos nasceu no dia 18 de setembro de 1978 no Hospital Dr. Lídio Paraíba em Pesqueira- PE. Em sua infância e início da juventude viveu no Distrito de Socorro – Alagoinha – PE. Filho de José Pereira dos Santos Filho e Maria Marlene Oliveira dos Santos – ambos agricultores, gente simples e sábia na vida e na educação dos filhos.
Quando chegou a Venturosa como estagiário, durante a administração do Pe Fernando, já demonstrava grande habilidade e um amor para com o ministério e para com os excluídos. Foi o primeiro padre ordenado em nossa cidade e sem dúvida terá seu nome escrito nos anais da história venturosense.
O padre é um leitor compulsivo e isso é refletido na qualidade de suas homilias. Quando indagado sobre seu gosto musical responde: "Gosto de ouvir música, principalmente regional 'de qualidade', MPB e clássica", quanto ao time do coração nosso amigo tem duas paixões: "Gosto de Futebol. Principalmente ver o São Paulo e o Sport Clube Recife Jogar".

Vamos então a entrevista:

1. O senhor está em Venturosa há alguns anos. Qual a impressão que tem da cidade hoje? Ela mudou desde que chegou aqui?

Pois é! Cheguei aqui em 10 de março de 2005. Tenho uma boa impressão. Sinto que a cidade cresceu. Porém noto um crescimento um pouco desordenado o que trará sérios problemas para futuro ou já agora no presente. É bom lembrar que crescer não significa somente aumentar o número de moradia e habitantes, isso pode significar inchaço. Crescer  é um conjunto. Aumenta as moradias e habitantes, aumente-se também oportunidade de empregos, educação, lazer , saúde... particularmente tenho uma grande preocupação com essas casas  populares, não só aqui mas em outras cidades, é tipo uma ocupação sem o acompanhamento adequado para a formação de uma comunidade, onde contemple no mínimo uma associação de moradores “de verdade”.

2. Pela sua ação pastoral percebemos que o senhor tem um olhar social profundo. Pode nos falar como ele nasceu?

Fui criado numa comunidade que tem um forte apelo social. Na Igreja tínhamos o conselho comunitário. Tínhamos duas associações comunitárias, sem contar com a atuação pastoral dos Frades Franciscanos nesse campo. Desde a década de 60 que temos o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no qual meu pai era filiado.
Então desde cedo essa foi a minha escola. Também tive forte influência quando estive a frente da Pastoral da Juventude da Comunidade: éramos jovens muito atuantes.

Dom Hélder Pessoa Câmara
3. Quais as maiores influências na sua formação teológica e humanitária?

- Sem dúvida a teologia católica com sua amplitude, abertura e diálogo com as demais ciências nos ajuda numa síntese que une fé, vida e realidade social. Tive muitas influências. No campo Teológico fui influenciado pelos teólogos do Vaticano II e dos Clássicos como Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho e os Padres da Igreja. Também tenho recebido influências de Teólogos atuais  e grandes brasileiros. Para citar influências mais claras, não posso esquecer a Figura do Frei Jerônimo Clemem, o qual não conheci pessoalmente, pois faleceu antes que eu nascesse,mas tive contato com sua ação pastoral. Foi um “sociólogo por excelência” e grande Pastor em Alagoinha, minha paróquia nativa.
Não posso esquecer dois homens que marcaram a minha vocação: Dom Helder Câmara e Dom Manoel Palmeira da Rocha. Dom Helder  Arcebispo de Olinda e Recife e Dom Manoel Palmeira Bispo de Pesqueira. Diferentes porém recebi influência de deles a seu modo. E não posso esquecer os seminários onde estudei: Pesqueira, Mosteiro de São Bento em Olinda e “O Velho Seminário de Olinda”  conhecido como a “Casa dos Heróis” berço das Revoluções em Pernambuco. Gratidão especial a minha comunidade de Socorro, Terra de Padres” se não me falha a memória somos 8 padres filhos da Terra.

4. Como o senhor encara o ecumenismo? Um realidade palpável ou uma utopia distante?

- O ecumenismo é sem dúvida uma das respostas mais adequadas que o cristão deve dar a oração-prece de Jesus: “... que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Para que não conhece essa expressão Ecumenismo é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as Igrejas Cristãs ou seja é uma forma de, apesar de nossas diferenças nos respeitarmos e vivermos como irmãos, inclusive, na medida do possível trabalhando juntos. Vejo como uma realidade palpável, porém existe uma dificuldade com algumas “Igrejas” quem não tem formação teológica, as quais ainda estão naquela coisa ultrapassada da agressão e muitas delas nem sabem o que é Ecumenismo e tem uma visão totalmente errada disso. No Brasil nós temos o CONIC que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. É um avanço. Nós trabalhamos juntos em vários momentos e ações inclusive nas Campanhas da Fraternidade. Que pena que só faz parte do CONIC as Igrejas Históricas e teologicamente bem definidas. São elas: Igreja Católica, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Luterana, Igreja Ortodoxa e Igreja Presbiteriana Unida. Veja que são pouquíssimas se  observarmos o universo de Igrejas que existe no Brasil. Muitas não querem participar por desconfiança, outras por não saber e outras porque se forem participar esvaziam o seu discurso agressivo.

5. A paróquia de São José mudou muito durante sua administração. Quais os pontos positivos e negativos que o senhor destacaria?

São muitos os aspectos que poderíamos abordar. Deixemos que o tempo se encarregue de mostrar as escolhas acertadas ou não.  O que deve ficar é a certeza que estamos trabalhando e nos esforçando  para a construção do Reino de Deus nessa cidade.

6. A reforma da Igreja Matriz é um sonho antigo de muitos venturosenses que agora se torna realidade. Como tem sido administrar uma obra tão grande e sem recursos fixos?

Não tem sido fácil. Vale salientar a colaboração da grande maioria do povo de venturosa e das comunidades em geral. Pessoas que tem colaborado das mais variadas formas e segundo as suas posses ou até acima delas. É também verdade que encontramos a incompreensão de muita gente e até a crítica infundada ou o que chamamos de piadinhas desagradáveis que as vezes nos desestimulam. Mas quando vemos a compreensão e colaboração da grande maioria passamos por cima de tudo e seguimos de cabeça erguida.




7. Quais as metas da paróquia através dos seu organismos sociais?

Nosso primeiro objetivo é conscientizar a comunidade sobre as questões sociais. Sinto na comunidade uma consciência adormecida nesse aspecto. Depois que através de nossas ações as “pessoas tenham vida e vida em abundancia”. Desejamos também que nossas ações sejam um despertar para que outras entidades, Igrejas e Sociedade Civil organizada possa abraçar também essa causa tão nobre e necessária.

8. Gostaria que o senhor comentasse sobre a política estadual de segurança pública e de respeito aos direitos humanos.

Em primeiro lugar fico impressionado com a capacidade do Governo do Estado de maquiar os números em relação a violência. Dizem que diminuiu mas basta assistirmos a TV nos Telejornais Locais, ou ouvindo os rádios ou lendo os jornais que vemos que a coisa não está tão boa assim. Gostaria que esse Pacto pela Vida fosse algo que se concretizasse, mas sem essas apresentações fantasiosas.


9. O senhor considera que muitas organizações não governamentais e membros da sociedade civil organizada se omitem diante dos autoritarismos de alguns governos? Há algo que se possa fazer contra isso?

Não digo a autoritarismos mas falo sempre de uma omissão frente aos Governos. Vemos o Legislativo desde as Câmaras Municipais , passando pelas Assembléias Legislativas até o Congresso Nacional, todos subservientes ao Executivo. Essa “subserviência ao Poder” fere o princípio democrático de Liberdade e Harmonia entre os poderes. Onde há subserviência não há harmonia nem liberdade. Nesses últimos tempos os movimentos sociais estão todos calados diante de vários temas. Um ou outro se manifesta. É notável agora nesse período de cheias e calamidades na Mata Sul. Todo mundo pede ajuda para os desabrigados  o que é nossa obrigação  fazer e ajudar, no entanto não vemos o mesmo empenho em cobrar as medidas preventivas e de urgência que foram prometidas nas outras cheias. Pessoas ainda estão desabrigadas desde o ano passado e nada. Durante o período era Helicóptero de Governador, Presidente da República, presença de Senadores, Deputados, todos com promessas e nada ou muito pouco se fez. Eis o trabalho nosso e de todos os formadores de opinião: Conscientizar a Sociedade para lutar por seus direitos e assumir e viver os seus deveres.


10. A palavra é sua padre. Qual a mensagem que gostaria de deixar para os leitores desse blog?

Em primeiro lugar quero agradecer a Você Emerson pela entrevista. Depois desejo que  possa ser útil a todos e todas que tiverem contato com ela. Quero dizer aos Leitores do Blog que continuemos cada um na sua condição e a seu modo construindo com nossa vida, nossa presença e nossas ações um mundo melhor. Que Deus nos ajude a alcançar esse propósito! Um abraço e que nos Abençoe!




Entrevista - Adilson Leonilo

Iniciando uma série de entrevistas com pessoas da cidade de Venturosa, esse blog presta mais um serviço à comunidade venturosense. Foram as pessoas que acompanham esse espaço que elencaram nossos entrevistados e procurarei, dentro do possível, tornar conhecida a opinião dessas pessoas.

Nosso primeiro entrevistado foi o mais votado na enquete: o vereador Adilson Leonilo, o popular Pitu.

Não consigo deixar de lembrar do antigo programa de entrevistas que apresentei na Rádio Comunitária de Venturosa quando esta ainda servia a comunidade e não a um pequeno grupo que a trata como um bem privado, mas isso já é outra história.

As perguntas foram enviadas por e-mail ao Vereador Adilson Leonilo (Pitu). As respostas expressam sua opinião e nem sempre as do seu entrevistador (espero poder me chamar assim), mas mesmo assim usarei a máxima de Voltaire: mesmo que não concorde com tudo o que fales, defenderei até o morte o te direito de falar.

Espero que os leitores desse blog apreciem esse momento de informação, respeito e vivência da democracia.

Emerson Luiz


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Dados pessoais: nome data de nascimento, estado civil. 




Adilson leonilo bezerra 01-08-1958 casado.

1- O que o levou a ingressar na vida pública.

Pensei que, como vereador pudesse dá uma contribuição maior para nossa cidade. Sei que quem deve avaliar o meu trabalho é a população mais acho que estou conseguindo.

2- Sei que não serve de comparação, mas o comediante Tiririca disse que não sabia para quê servia um deputado e diria aos seus eleitores quando assumisse suas funções. O senhor é um vereador atuante em Venturosa, então, pode nos dizer para quê serve um Vereador?




São cinco funções importantes dos vereadores, a função legislativa consiste em elaborar, apreciar, alterar ou revogar as leis de interesse para a vida do município. Além disso, as leis também são importantes para a harmonia entre os poderes, orienta a vida das pessoas que dirigem a administração pública. Por exemplo, o prefeito só pode fazer o que estiver permitido pelas leis.

A função fiscalizadora, é possível ter um controle de como o Prefeito e os secretários estão administrando o município, utilizando os recursos públicos. Cabe aos vereadores acompanhar todas as ações do executivo: realização de obras, compra de material e de equipamentos, contratação de funcionários, prestação de serviços, fornecimento da merenda escolar. Tudo isso está relacionada com o controle parlamentar, isto é, a atividade que o poder legislativo exerce para fiscalizar o Executivo.

A quem diga que fiscalizar é a função mais importante dos vereadores, ou melhor, do poder legislativo em geral. Quase sempre encontramos dificuldades para fazer valer essa função.

A função administrativa, a Câmara gerencia seu próprio orçamento, seu patrimônio e seus funcionários, e também organiza seus serviços como a composição da mesa Diretora e o funcionamento das Comissões.
A função judiciária: cabe a Câmara processar e julgar as contas do poder executivo, julgar o prefeito e os próprios vereadores se eles cometerem crimes de responsabilidade, desvios éticos ou decoro parlamentar

A função de assessoramento: os vereadores podem auxiliar o poder executivo a administrar o município, fazendo indicações de ações a serem tomadas em favor da população. Através de indicações, os vereadores podem sugerir a construção de escolas, para fazer estradas, perfuração de poços, limpeza pública, assistência à saúde, etc.

3- O senhor é um vereador de oposição. Como classifica a atuação da oposição municipal nos dias de hoje?

Eu penso que as oposições, deveriam fazer um trabalho conjunto, e o que vejo é uma ação aqui outra ali isoladamente, falta uma melhor articulação e qualidade nas ações.

4- Estamos próximos das eleições municipais. O que fazer para que os partidos de esquerda saiam vitoriosos? 

Eu penso que temos que fazer um projeto para cidade, e não um projeto pessoal ou de pequenos grupos. Um programa discutido com a população, a palavra certa é compromisso com o povo de Venturosa. E desde já antecipo, um orçamento de quase 25.000.000,00 milhões como está previsto para esse ano. À população tem que participar. Orçamento participativo, audiência pública, para discutir de que forma devem ser aplicados os recursos do município. Um governo municipal aonde o povo tenham voz e vez. Temos que saber dinheiro particular: dinheiro de uma pessoa, assunto só dela. Dinheiro público: dinheiro do povo, assunto de todos.

5- Nossa cidade ainda tem sérios problemas de ordem social, estrutural e econômica. Quais deveriam ser as prioridades desse e do próximo governo?


Todos tem o discurso na ponta da língua, e diz nos palanques principalmente em época de eleições, meu compromisso é: com educação, com saúde, com infraestrutura, com saneamento básico e etc.

Eu penso que, para cada área temos que desenvolver um projeto, e um cronograma, programático, para ser realmente executado. Vou dar um exemplo: o município gasta 56.000,00 mil reais, por ano, com ultrassom, enquanto um aparelho de ultrassom custa 40.000,00 mil reais. Nós temos que mudar isso, aplicar bem os recursos do município, com qualidade e eficiência. Garantir isso através de Lei, um cronograma programado independentemente do partido que venha assumir o poder.

6. O senhor esteve presente na audiência todos por Pernambuco e conseguiu fazer algumas reivindicações em nome de nosso município. Quais foram as mais importantes em sua opinião?


1- Caixa d’água e sistema de rede de distribuição de agua e esgotos

2- Matadouro

3- Aterro sanitário

4- Recapeamento da PE 217 trecho venturosa X pesqueira

5- Um programa para indenizar os pecuaristas quando tiver de sacrificar animal

Essas Foram algumas das reivindicações, que levamos para fazer parte do Plano plurianual do Governo estado.

7. Vereador, Venturosa hoje sofre com o “estresse” hídrico. Algumas localidades sofrem com a falta d'água e a correção dessa realidade tem sido uma de suas bandeiras. O senhor poderia falar um pouco sobre isso?

Bom, essa luta vem de longe, como líder comunitário pedi para um vereador fazer a indicação de uma caixa d’água para venturosa em 2001.
Em 2005 minha 1ª indicação foi para fazer a caixa d’água.
Em abril de 2006, levei ao conhecimento do ministério público a situação caótica de Venturosa com relação à falta d’água, que prontamente marcou uma reunião com todos nós, funcionários da COMPESA, vereadores e secretários, e naquele momento eu defendi a construção da caixa d’agua.
Em 2007 encaminhei um documento ao Governo do estado, assinado por mim e por várias lideranças do município, pedido a caixa d’água.
Em 2009 eu fui junto com outros vereadores a TV asa branca, fomos agendar com o representante da TV para registrar um movimento que íamos fazer com carro de som nas Ruas de Venturosa convidando toda população a participarem da manifestação em prol da caixa d’água. Depois de alguns dias o representante da TV asa branca através de ofício nos informou que era desnecessário, pois já estava licitada a construção da caixa d’água.
Recentemente estive na Assembleia Legislativa de Pernambuco, e pedi para o deputado Júlio, fazer a indicação da caixa d’água, o deputado disse que é prioridade lutar para venturosa ter uma nova caixa d’água.

Olha Emerson, eu fiz questão de colocar tudo isso, porque tem pessoas que acham que estamos de braços cruzados.

8. Gostaria que num rápido uso da palavra o senhor expressasse o que pensa dessas pessoas em uma frase:

a) Eudes Tenório.

Pelas suas atitudes, vejo como autoritário, arrogante e prepotente.

b) Adelson de Macêdo
c) Donizete Zacarias

Dois companheiros de partido, cada um, ao seu modo, luta pelo acredita.

9. Como Adilson Leonilo descreveria o vereador Pitu?

Um cara que têm procurado fazer o melhor, para levar as reivindicações, dos funcionários públicos municipais e da população de Venturosa às autoridades competentes.

10. O senhor poderia relatar sua maior conquista e sua maior derrota nesses anos como homem público?


Vou citar três conquistas, que eu acho que foram importantes: emendas feitas ao projeto de Lei revisando o Programa de cargos e carreiras dos professores em 2009, aprovadas por todos os vereadores, e que acabou beneficiando todos os professores. Outra emenda passando de agosto para fevereiro a data base de aumento salarial dos funcionários públicos de Venturosa, com aprovação de todos os vereadores. E por último uma representação feita em 2005, para o poder executivo pagar o salário-família de acordo com a legislação vigente no país, e os valores a serem pagos atualmente, deveriam ser R$ 29,41 para quem ganha R$ 573,58 e R$ 20,73 acima de 573,58 até 862,11, e não 0,11 centavos como estava sendo pago, o ministério público teve uma participação importante nesse episódio, quando conversou com o poder executivo, que logo em seguida mandou o projeto de lei aumentando para 12,00 reais o valor do salário-família. Mais esperamos que uma ação que está em tramitação seja jugada, a favor dos funcionários públicos de Venturosa.

Maior derrota foi ter sido o vereador mais votado na última eleição próxima passada, e não vê o candidato a prefeito do meu partido ser eleito. Tinha esperança de que algumas das minhas ideias pudessem ser colocadas em prática. Mais tudo tem seu tempo, e a sabedoria do homem é saber esperar.

Queria falar sobre a minha luta, para que as reuniões da Câmara sejam transmitidas pela a rádio comunitária de Venturosa, assim como também pela internet. Seguir o exemplo de Arcoverde, que já vem transmitido suas reuniões há algum tempo pelo rádio. Fazer a transmissão pelo rádio é uma forma dá transparência ao trabalho legislativo de Venturosa.

11. Qual a mensagem que gostaria de deixar para o povo de nossa querida Venturosa e para os amigos navegantes que acompanham esse blog?

Podemos ter divergência de caráter politico partidário, pessoal, ou de qualquer outra natureza, mais temos que ter um ponto de convergência, que é o bem comum de todos que fazem a cidade de Venturosa.

Emerson, Quero agradecer o convite e o espaço no seu blog, estarei sempre a disposição, tanto para responder perguntas como estou todos os dias na Câmara de vereadores de Venturosa, para atender toda e qualquer reivindicação do povo de Venturosa.

Um abraço a todos e meu muito obrigado.