sábado, 28 de maio de 2011

Meu coração por ti desafina - Emerson Luiz


Meu coração
No peito faz orquestra
Tocando até seresta
Com grande emoção

No tum de entrada
Ao tum da saída
Cada batida compassada
Divinamente ritmada

O maestro do meu peito
Regula até a respiração
Tum-tum-tum é enredo,
Samba e canção

Tum-tum-tum
Dá uma valsa
Lambada, tango,
Forró e até salsa

Mas quando você passa
O tum-tum-tum
Fica doido, desconpassa
A as vezes dá só dois tum

Um tum-tum
Descompasso de emoção
E as vezes um tuum demorado
Dando rima a tanto ão

E é você moça bonita
que quando passa no calçadão
seja noite ou seja dia
que descompassa os tuns do coração

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Matuto e a Eleição - Emerson Luiz



O matuto, que deixou de ser besta (se é que um dia o foi) há um bom tempo, espera com o sorriso tímido no rosto. Não aquele sorriso escancarado e falso, aquele vem na cara do candidato. O matuto traz o sorriso da Monalisa, aquele que a gente só percebe no cantinho da boca, de quem já conhece a piada, mas tem de se fazer de desentendido.

Isso porque o matuto andou fazendo suas contas. Ele já sabe que o pessoal da política pensa que ele ainda é besta (e isso aumenta mais sua vontade de rir e aquela salienciazinha da Monalisa se arreganha um pouquinho e chega até a mostrar um dente) e fica calado. Deixa eles, deixa eles pensarem que vão aparecer com sapato, dentadura, se oferecer para pagar conta de luz, dose de cachaça, litrão de coca-cola e ingresso de festa, deixa.

Deixa eles pensarem que podem pisar nos calos durante quatro anos, fingir que não conhece, baixar a cabeça, olhar pro outro lado, andar apressado e se abusar antes de ouvir o que a gente ia dizer. Deixa.

O matuto sabe fazer conta direito. Pensa que não, é? Então vamos ver!

No mês de São João começa o arreganhado de dente. As tapa nas costas, o “meu patrão”. O povo que sempre ficou se escondendo vai aparece na praça, acompanhar enterro, ir almoçar em sítio e participar até de batizado de boneca!

Depois vem a boataria. Babões, civis e militares vão começar a assoprar o nome dos candidatos igual carvão de lenha verde para ver se pega. Tem uns que vão precisar de gás, outros nem com reza de velha beata nascida em Sexta Feira Santa! Essa enrolação vai até a convenção, quando os homens do dinheiro e os que pensam que tem dinheiro apontam para alguém e diz: “Esse é o nosso can-di-da-to!”.

Esse coitado já deve ter apanhado igual o Judas na Semana Santa, porque os opositores (internos e externos) fizeram de tudo para que não fosse a ele a disputar a eleição. E cá pra nós, no pé-de-parede, escondidinho, as vezes é melhor que tivessem conseguido. Mas o matuto não vai ter pena deles não. “Quem arruma serviço é porque é trabalhador! Ou pensa que é”.

Cada um vai dizer que é o mais honesto e todo mundo vai fingir que esqueceu quem foi velhaco, safado, inescrupuloso, usou da máquina, mentiu, perseguiu, enrolou, negou, fugiu, foi falso, traidor de candidato e partido, teve nojo de pobre e distribuiu sorriso amarelado e aperto de mão afolosado. Cada partido, o partido do seis e o da meia dúzia, vai dizer que quer o melhor para o povo, que vai fazer a economia decolar, que não vai faltar emprego, chuva, bom tempo, riqueza, e tudo o que servir para fazer apaixonado chorar com a lindeza do discurso. Vão convencer alguns, mas não ele! Ele já aprendeu a lição faz tempo, já conhece os cagoetes de quem só o conhece em véspera de eleição.

E o matuto vai rindo, aquele risinho tímido, esperando chegar o tempo certo. E ele já pensa em aceitar cimento, ripa, telha, cal, câmara de ar, eletrodoméstico, viagem para a praia, patrocínio de excursão, terno pro time de futebol do menino mais novo, carro para ver meu padim padre Cícero, antena de televisão, chip de celular e tantos outros brindes. Pensa também em arrumar o puxadinho, dar uma pintada na casa, quem sabe até no aparelho para concertar o sorriso da moça vaidosa que já vai inteirar dezesseis, tudo por conta da politicada.

E ele se ri enquanto dá um trago no cigarro. Ele acha mesmo graça, e não por parecer desonesto, é porque pensam que ele ainda é besta! Pensam que ele não sabe a diferença entre aceitar e votar. O matuto vai votar em quem quer, porque na urna vai ele, a sorte e Deus. Como ele sofre durante quatro anos, sente que o Criador é seu amigo íntimo e que perdoará uma pequena canalhice. Deixa estar, pensa ele, e quando avista o carro chegando com os babões e os santinhos dá mais uma risadinha e arranca o papel do seu candidato da parede.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

AS VEZES RIR É O MELHOR REMÉDIO


Cortesia do professor Adelmo de Assis Bezerra


     Havia certa vez um homem  navegando com seu  balão, por um  lugar desconhecido. Ele estava completamente  perdido, e  qual grande foi sua surpresa quando encontrou uma pessoa...  Ao reduzir um  pouco a altitude do balão, em uma distância de 10m  aproximadamente, ele gritou para a pessoa: 

  - Hei, você aí , aonde eu estou?  - E então a jovem  respondeu:
 - Você está num balão a  10 m de altura!
 Então o homem fez outra pergunta: 
- Você é professora, não é? 
  A moça respondeu: 
- Sim... Puxa! Como o senhor adivinhou? 
 E o homem: 
- É simples, Você me deu uma resposta tecnicamente  correta, mas que não me serve para nada...
 Então a professora  pergunta:
 - O senhor é secretário da educação, não é?
 E o homem: 
- Sou... Como você  adivinhou???
  E a Professora: 
- Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe fazer nada e  ainda quer colocar a culpa no  professor. 

domingo, 15 de maio de 2011

ENTREVISTA - Pe FÁBIO PEREIRA DOS SANTOS



momentos antes de  sua Ordenação Presbiteral

Para inicio de conversa

Tenho o prazer e a honra de entrevistar o Pe. Fábio Pereira dos Santos da Paróquia de São José em Venturosa - PE. O Padre tem se destacado nessa cidade por seu trabalho nos mais diversos setores. 
Fábio Pereira dos Santos nasceu no dia 18 de setembro de 1978 no Hospital Dr. Lídio Paraíba em Pesqueira- PE. Em sua infância e início da juventude viveu no Distrito de Socorro – Alagoinha – PE. Filho de José Pereira dos Santos Filho e Maria Marlene Oliveira dos Santos – ambos agricultores, gente simples e sábia na vida e na educação dos filhos.
Quando chegou a Venturosa como estagiário, durante a administração do Pe Fernando, já demonstrava grande habilidade e um amor para com o ministério e para com os excluídos. Foi o primeiro padre ordenado em nossa cidade e sem dúvida terá seu nome escrito nos anais da história venturosense.
O padre é um leitor compulsivo e isso é refletido na qualidade de suas homilias. Quando indagado sobre seu gosto musical responde: "Gosto de ouvir música, principalmente regional 'de qualidade', MPB e clássica", quanto ao time do coração nosso amigo tem duas paixões: "Gosto de Futebol. Principalmente ver o São Paulo e o Sport Clube Recife Jogar".

Vamos então a entrevista:

1. O senhor está em Venturosa há alguns anos. Qual a impressão que tem da cidade hoje? Ela mudou desde que chegou aqui?

Pois é! Cheguei aqui em 10 de março de 2005. Tenho uma boa impressão. Sinto que a cidade cresceu. Porém noto um crescimento um pouco desordenado o que trará sérios problemas para futuro ou já agora no presente. É bom lembrar que crescer não significa somente aumentar o número de moradia e habitantes, isso pode significar inchaço. Crescer  é um conjunto. Aumenta as moradias e habitantes, aumente-se também oportunidade de empregos, educação, lazer , saúde... particularmente tenho uma grande preocupação com essas casas  populares, não só aqui mas em outras cidades, é tipo uma ocupação sem o acompanhamento adequado para a formação de uma comunidade, onde contemple no mínimo uma associação de moradores “de verdade”.

2. Pela sua ação pastoral percebemos que o senhor tem um olhar social profundo. Pode nos falar como ele nasceu?

Fui criado numa comunidade que tem um forte apelo social. Na Igreja tínhamos o conselho comunitário. Tínhamos duas associações comunitárias, sem contar com a atuação pastoral dos Frades Franciscanos nesse campo. Desde a década de 60 que temos o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no qual meu pai era filiado.
Então desde cedo essa foi a minha escola. Também tive forte influência quando estive a frente da Pastoral da Juventude da Comunidade: éramos jovens muito atuantes.

Dom Hélder Pessoa Câmara
3. Quais as maiores influências na sua formação teológica e humanitária?

- Sem dúvida a teologia católica com sua amplitude, abertura e diálogo com as demais ciências nos ajuda numa síntese que une fé, vida e realidade social. Tive muitas influências. No campo Teológico fui influenciado pelos teólogos do Vaticano II e dos Clássicos como Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho e os Padres da Igreja. Também tenho recebido influências de Teólogos atuais  e grandes brasileiros. Para citar influências mais claras, não posso esquecer a Figura do Frei Jerônimo Clemem, o qual não conheci pessoalmente, pois faleceu antes que eu nascesse,mas tive contato com sua ação pastoral. Foi um “sociólogo por excelência” e grande Pastor em Alagoinha, minha paróquia nativa.
Não posso esquecer dois homens que marcaram a minha vocação: Dom Helder Câmara e Dom Manoel Palmeira da Rocha. Dom Helder  Arcebispo de Olinda e Recife e Dom Manoel Palmeira Bispo de Pesqueira. Diferentes porém recebi influência de deles a seu modo. E não posso esquecer os seminários onde estudei: Pesqueira, Mosteiro de São Bento em Olinda e “O Velho Seminário de Olinda  conhecido como a “Casa dos Heróis” berço das Revoluções em Pernambuco. Gratidão especial a minha comunidade de Socorro, Terra de Padres” se não me falha a memória somos 8 padres filhos da Terra.


4. Como o senhor encara o ecumenismo? Um realidade palpável ou uma utopia distante?

- O ecumenismo é sem dúvida uma das respostas mais adequadas que o cristão deve dar a oração-prece de Jesus: “... que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Para que não conhece essa expressão Ecumenismo é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as Igrejas Cristãs ou seja é uma forma de, apesar de nossas diferenças nos respeitarmos e vivermos como irmãos, inclusive, na medida do possível trabalhando juntos. Vejo como uma realidade palpável, porém existe uma dificuldade com algumas “Igrejas” quem não tem formação teológica, as quais ainda estão naquela coisa ultrapassada da agressão e muitas delas nem sabem o que é Ecumenismo e tem uma visão totalmente errada disso. No Brasil nós temos o CONIC que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. É um avanço. Nós trabalhamos juntos em vários momentos e ações inclusive nas Campanhas da Fraternidade. Que pena que só faz parte do CONIC as Igrejas Históricas e teologicamente bem definidas. São elas: Igreja Católica, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Luterana, Igreja Ortodoxa e Igreja Presbiteriana Unida. Veja que são pouquíssimas se  observarmos o universo de Igrejas que existe no Brasil. Muitas não querem participar por desconfiança, outras por não saber e outras porque se forem participar esvaziam o seu discurso agressivo.

5. A paróquia de São José mudou muito durante sua administração. Quais os pontos positivos e negativos que o senhor destacaria?

São muitos os aspectos que poderíamos abordar. Deixemos que o tempo se encarregue de mostrar as escolhas acertadas ou não.  O que deve ficar é a certeza que estamos trabalhando e nos esforçando  para a construção do Reino de Deus nessa cidade.

6. A reforma da Igreja Matriz é um sonho antigo de muitos venturosenses que agora se torna realidade. Como tem sido administrar uma obra tão grande e sem recursos fixos?

Não tem sido fácil. Vale salientar a colaboração da grande maioria do povo de venturosa e das comunidades em geral. Pessoas que tem colaborado das mais variadas formas e segundo as suas posses ou até acima delas. É também verdade que encontramos a incompreensão de muita gente e até a crítica infundada ou o que chamamos de piadinhas desagradáveis que as vezes nos desestimulam. Mas quando vemos a compreensão e colaboração da grande maioria passamos por cima de tudo e seguimos de cabeça erguida.




7. Quais as metas da paróquia através dos seu organismos sociais?

Nosso primeiro objetivo é conscientizar a comunidade sobre as questões sociais. Sinto na comunidade uma consciência adormecida nesse aspecto. Depois que através de nossas ações as “pessoas tenham vida e vida em abundancia”. Desejamos também que nossas ações sejam um despertar para que outras entidades, Igrejas e Sociedade Civil organizada possa abraçar também essa causa tão nobre e necessária.

8. Gostaria que o senhor comentasse sobre a política estadual de segurança pública e de respeito aos direitos humanos.

Em primeiro lugar fico impressionado com a capacidade do Governo do Estado de maquiar os números em relação a violência. Dizem que diminuiu mas basta assistirmos a TV nos Telejornais Locais, ou ouvindo os rádios ou lendo os jornais que vemos que a coisa não está tão boa assim. Gostaria que esse Pacto pela Vida fosse algo que se concretizasse, mas sem essas apresentações fantasiosas.


9. O senhor considera que muitas organizações não governamentais e membros da sociedade civil organizada se omitem diante dos autoritarismos de alguns governos? Há algo que se possa fazer contra isso?

Não digo a autoritarismos mas falo sempre de uma omissão frente aos Governos. Vemos o Legislativo desde as Câmaras Municipais , passando pelas Assembléias Legislativas até o Congresso Nacional, todos subservientes ao Executivo. Essa “subserviência ao Poder” fere o princípio democrático de Liberdade e Harmonia entre os poderes. Onde há subserviência não há harmonia nem liberdade. Nesses últimos tempos os movimentos sociais estão todos calados diante de vários temas. Um ou outro se manifesta. É notável agora nesse período de cheias e calamidades na Mata Sul. Todo mundo pede ajuda para os desabrigados  o que é nossa obrigação  fazer e ajudar, no entanto não vemos o mesmo empenho em cobrar as medidas preventivas e de urgência que foram prometidas nas outras cheias. Pessoas ainda estão desabrigadas desde o ano passado e nada. Durante o período era Helicóptero de Governador, Presidente da República, presença de Senadores, Deputados, todos com promessas e nada ou muito pouco se fez. Eis o trabalho nosso e de todos os formadores de opinião: Conscientizar a Sociedade para lutar por seus direitos e assumir e viver os seus deveres.


10. A palavra é sua padre. Qual a mensagem que gostaria de deixar para os leitores desse blog?

Em primeiro lugar quero agradecer a Você Emerson pela entrevista. Depois desejo que  possa ser útil a todos e todas que tiverem contato com ela. Quero dizer aos Leitores do Blog que continuemos cada um na sua condição e a seu modo construindo com nossa vida, nossa presença e nossas ações um mundo melhor. Que Deus nos ajude a alcançar esse propósito! Um abraço e que nos Abençoe!









segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minutos de Sabedoria I



Metade dos nossos erros na vida nascem do fato de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir.


(J. Collins)



Um fracassado é um homem que cometeu um erro e não é capaz de o transformar em experiência.
(E. Hubrard)

Um homem que nunca muda de opinião, em vez de demonstrar a qualidade da sua opinião demonstra a pouca qualidade da sua mente.
(Marcel Achard)

terça-feira, 3 de maio de 2011

YODA e os olhos cegos do Poder

Mestre! Há quanto tempo! As últimas notícias tem me preocupado.

Yoda: você se preocupa com muitas coisas padauã.

Mas é revoltante! Alguns pensam que o povo gosta de ser tratado como rato de laboratório! Toda semana tem um nome novo para "testar". Hoje temos mais nomes que vagas.

Yoda: Mas o povo também sente essas coisas. Sente e espera.

Como?

Yoda: o tempo de empurrar garganta a baixo acabou. Só quem ocupa o poder ainda não sentiu. O poder cega e quem se confunde com ele paga um alto preço.

O senhor devia ser mais específico.

Yoda: Muitos se acham queridos porque são reconhecidos nas ruas e algumas pessoas os procuram. Elas fazem isso porque precisam e não porque gostam. Mesmo no grupo dos poderosos há os que se sujeitam porque sabem que tudo passa. Os donos do poder caminham de olhos fechados e a passos largos para um grande e fundo buraco.

E se abrirem os olhos a tempo? Algo pode mudar?

Yoda: Muito difícil. Lembra do mito de Narciso?

Sim. O homem que morreu encantado com o próprio reflexo.

Yoda: Os que não estão cegos tem complexo de Narciso. Acham que nada pode durar sem eles e que as pessoas sempre irão adorá-los e venerá-los. Por isso testam tanto a paciencia dos outros, por isso os maus tratos e as omissões. Mudar é possível, mas Narciso não quer enxergar nada além da própria imagem refletida em sua imaginação. Há de morrer de sede na beira do lago.

A popularidade de alguns caiu igual a de Obama. Dá pra reverter igual Obama fez nos Estados Unidos?

Yoda: Tem como um deles matar Bin Laden de novo?

As palavras de Yoda sempre me assustam. Por que tantos insistem em não ouvi-lo.