domingo, 15 de maio de 2011

ENTREVISTA - Pe FÁBIO PEREIRA DOS SANTOS



momentos antes de  sua Ordenação Presbiteral

Para inicio de conversa

Tenho o prazer e a honra de entrevistar o Pe. Fábio Pereira dos Santos da Paróquia de São José em Venturosa - PE. O Padre tem se destacado nessa cidade por seu trabalho nos mais diversos setores. 
Fábio Pereira dos Santos nasceu no dia 18 de setembro de 1978 no Hospital Dr. Lídio Paraíba em Pesqueira- PE. Em sua infância e início da juventude viveu no Distrito de Socorro – Alagoinha – PE. Filho de José Pereira dos Santos Filho e Maria Marlene Oliveira dos Santos – ambos agricultores, gente simples e sábia na vida e na educação dos filhos.
Quando chegou a Venturosa como estagiário, durante a administração do Pe Fernando, já demonstrava grande habilidade e um amor para com o ministério e para com os excluídos. Foi o primeiro padre ordenado em nossa cidade e sem dúvida terá seu nome escrito nos anais da história venturosense.
O padre é um leitor compulsivo e isso é refletido na qualidade de suas homilias. Quando indagado sobre seu gosto musical responde: "Gosto de ouvir música, principalmente regional 'de qualidade', MPB e clássica", quanto ao time do coração nosso amigo tem duas paixões: "Gosto de Futebol. Principalmente ver o São Paulo e o Sport Clube Recife Jogar".

Vamos então a entrevista:

1. O senhor está em Venturosa há alguns anos. Qual a impressão que tem da cidade hoje? Ela mudou desde que chegou aqui?

Pois é! Cheguei aqui em 10 de março de 2005. Tenho uma boa impressão. Sinto que a cidade cresceu. Porém noto um crescimento um pouco desordenado o que trará sérios problemas para futuro ou já agora no presente. É bom lembrar que crescer não significa somente aumentar o número de moradia e habitantes, isso pode significar inchaço. Crescer  é um conjunto. Aumenta as moradias e habitantes, aumente-se também oportunidade de empregos, educação, lazer , saúde... particularmente tenho uma grande preocupação com essas casas  populares, não só aqui mas em outras cidades, é tipo uma ocupação sem o acompanhamento adequado para a formação de uma comunidade, onde contemple no mínimo uma associação de moradores “de verdade”.

2. Pela sua ação pastoral percebemos que o senhor tem um olhar social profundo. Pode nos falar como ele nasceu?

Fui criado numa comunidade que tem um forte apelo social. Na Igreja tínhamos o conselho comunitário. Tínhamos duas associações comunitárias, sem contar com a atuação pastoral dos Frades Franciscanos nesse campo. Desde a década de 60 que temos o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no qual meu pai era filiado.
Então desde cedo essa foi a minha escola. Também tive forte influência quando estive a frente da Pastoral da Juventude da Comunidade: éramos jovens muito atuantes.

Dom Hélder Pessoa Câmara
3. Quais as maiores influências na sua formação teológica e humanitária?

- Sem dúvida a teologia católica com sua amplitude, abertura e diálogo com as demais ciências nos ajuda numa síntese que une fé, vida e realidade social. Tive muitas influências. No campo Teológico fui influenciado pelos teólogos do Vaticano II e dos Clássicos como Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho e os Padres da Igreja. Também tenho recebido influências de Teólogos atuais  e grandes brasileiros. Para citar influências mais claras, não posso esquecer a Figura do Frei Jerônimo Clemem, o qual não conheci pessoalmente, pois faleceu antes que eu nascesse,mas tive contato com sua ação pastoral. Foi um “sociólogo por excelência” e grande Pastor em Alagoinha, minha paróquia nativa.
Não posso esquecer dois homens que marcaram a minha vocação: Dom Helder Câmara e Dom Manoel Palmeira da Rocha. Dom Helder  Arcebispo de Olinda e Recife e Dom Manoel Palmeira Bispo de Pesqueira. Diferentes porém recebi influência de deles a seu modo. E não posso esquecer os seminários onde estudei: Pesqueira, Mosteiro de São Bento em Olinda e “O Velho Seminário de Olinda  conhecido como a “Casa dos Heróis” berço das Revoluções em Pernambuco. Gratidão especial a minha comunidade de Socorro, Terra de Padres” se não me falha a memória somos 8 padres filhos da Terra.


4. Como o senhor encara o ecumenismo? Um realidade palpável ou uma utopia distante?

- O ecumenismo é sem dúvida uma das respostas mais adequadas que o cristão deve dar a oração-prece de Jesus: “... que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Para que não conhece essa expressão Ecumenismo é a aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as Igrejas Cristãs ou seja é uma forma de, apesar de nossas diferenças nos respeitarmos e vivermos como irmãos, inclusive, na medida do possível trabalhando juntos. Vejo como uma realidade palpável, porém existe uma dificuldade com algumas “Igrejas” quem não tem formação teológica, as quais ainda estão naquela coisa ultrapassada da agressão e muitas delas nem sabem o que é Ecumenismo e tem uma visão totalmente errada disso. No Brasil nós temos o CONIC que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. É um avanço. Nós trabalhamos juntos em vários momentos e ações inclusive nas Campanhas da Fraternidade. Que pena que só faz parte do CONIC as Igrejas Históricas e teologicamente bem definidas. São elas: Igreja Católica, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Luterana, Igreja Ortodoxa e Igreja Presbiteriana Unida. Veja que são pouquíssimas se  observarmos o universo de Igrejas que existe no Brasil. Muitas não querem participar por desconfiança, outras por não saber e outras porque se forem participar esvaziam o seu discurso agressivo.

5. A paróquia de São José mudou muito durante sua administração. Quais os pontos positivos e negativos que o senhor destacaria?

São muitos os aspectos que poderíamos abordar. Deixemos que o tempo se encarregue de mostrar as escolhas acertadas ou não.  O que deve ficar é a certeza que estamos trabalhando e nos esforçando  para a construção do Reino de Deus nessa cidade.

6. A reforma da Igreja Matriz é um sonho antigo de muitos venturosenses que agora se torna realidade. Como tem sido administrar uma obra tão grande e sem recursos fixos?

Não tem sido fácil. Vale salientar a colaboração da grande maioria do povo de venturosa e das comunidades em geral. Pessoas que tem colaborado das mais variadas formas e segundo as suas posses ou até acima delas. É também verdade que encontramos a incompreensão de muita gente e até a crítica infundada ou o que chamamos de piadinhas desagradáveis que as vezes nos desestimulam. Mas quando vemos a compreensão e colaboração da grande maioria passamos por cima de tudo e seguimos de cabeça erguida.




7. Quais as metas da paróquia através dos seu organismos sociais?

Nosso primeiro objetivo é conscientizar a comunidade sobre as questões sociais. Sinto na comunidade uma consciência adormecida nesse aspecto. Depois que através de nossas ações as “pessoas tenham vida e vida em abundancia”. Desejamos também que nossas ações sejam um despertar para que outras entidades, Igrejas e Sociedade Civil organizada possa abraçar também essa causa tão nobre e necessária.

8. Gostaria que o senhor comentasse sobre a política estadual de segurança pública e de respeito aos direitos humanos.

Em primeiro lugar fico impressionado com a capacidade do Governo do Estado de maquiar os números em relação a violência. Dizem que diminuiu mas basta assistirmos a TV nos Telejornais Locais, ou ouvindo os rádios ou lendo os jornais que vemos que a coisa não está tão boa assim. Gostaria que esse Pacto pela Vida fosse algo que se concretizasse, mas sem essas apresentações fantasiosas.


9. O senhor considera que muitas organizações não governamentais e membros da sociedade civil organizada se omitem diante dos autoritarismos de alguns governos? Há algo que se possa fazer contra isso?

Não digo a autoritarismos mas falo sempre de uma omissão frente aos Governos. Vemos o Legislativo desde as Câmaras Municipais , passando pelas Assembléias Legislativas até o Congresso Nacional, todos subservientes ao Executivo. Essa “subserviência ao Poder” fere o princípio democrático de Liberdade e Harmonia entre os poderes. Onde há subserviência não há harmonia nem liberdade. Nesses últimos tempos os movimentos sociais estão todos calados diante de vários temas. Um ou outro se manifesta. É notável agora nesse período de cheias e calamidades na Mata Sul. Todo mundo pede ajuda para os desabrigados  o que é nossa obrigação  fazer e ajudar, no entanto não vemos o mesmo empenho em cobrar as medidas preventivas e de urgência que foram prometidas nas outras cheias. Pessoas ainda estão desabrigadas desde o ano passado e nada. Durante o período era Helicóptero de Governador, Presidente da República, presença de Senadores, Deputados, todos com promessas e nada ou muito pouco se fez. Eis o trabalho nosso e de todos os formadores de opinião: Conscientizar a Sociedade para lutar por seus direitos e assumir e viver os seus deveres.


10. A palavra é sua padre. Qual a mensagem que gostaria de deixar para os leitores desse blog?

Em primeiro lugar quero agradecer a Você Emerson pela entrevista. Depois desejo que  possa ser útil a todos e todas que tiverem contato com ela. Quero dizer aos Leitores do Blog que continuemos cada um na sua condição e a seu modo construindo com nossa vida, nossa presença e nossas ações um mundo melhor. Que Deus nos ajude a alcançar esse propósito! Um abraço e que nos Abençoe!









6 comentários:

  1. Bela entrevista! Parabéns ao padre Fábio por tudo que tem feito em Venturosa. É realmente uma pessoa iluminada por Deus.

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  2. Emerson, seu blog é show! Parabéns pelas entrevistas que voce fez. Essa com o padre e a de Pitu ficaram ótimas parabéns

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  3. padre o senhor é um fera vei, adoro o senhor parabéns pelo trabalho e sempre que precisar de ajuda pode contar com o JEC produções kkkkkkk.

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  4. Pe. Fábio:
    Valeu John pelas palavras. Sempre contarei com a ajuda de vocês. Obrigado.

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  5. Cadê as entrevistas, porque parou?

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    1. Emerson Meu nome é Eulina Maciel, se possivel voce me informar o ano da inauguração do Hospital Dr. Lidio Paraiba. sou Historiadora de Jaboatão dos Guararapes. . Gostei muito do seu blog

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