terça-feira, 15 de outubro de 2013

PELA PRIMEIRA VEZ EM SETE ANOS UM JORNAL DE PERNAMBUCO CRITICA A POLÍTICA EDUCACIONAL DE EDUARDO CAMPOS

SAIU NO JC ONLINE 


EDUCAÇÃO

"Presente" para o professor

Pressão do Estado para melhorar índices provoca estresse em docentes, que pouco têm o que comemorar no seu dia

Publicado em 15/10/2013, às 10h12

Margarida Azevedo

Professora precisou tirar licença / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Professora precisou tirar licença

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

A professora de português D.P., 36 anos, passou as duas últimas semanas afastada do magistério por causa de uma crise de estresse agudo. Tirou licença porque não suportou a pressão na escola estadual que leciona, no Recife. Também contribuíram as más condições de trabalho, com salas superlotadas e pouca ventilação. Como ela, outros docentes, diretores de colégios e técnicos se queixam da atual rotina na rede estadual, com cobranças frequentes para que as metas de aprendizagem sejam alcançadas. O governo de Pernambuco quer a todo custo se sair bem em avaliações externas como a Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). No Dia do Professor, a categoria não tem muito o que celebrar.

A exemplo de como faz com indicadores de segurança pública no Pacto pela Vida, o governador Eduardo Campos (PSB), cotado para disputar a Presidência em 2014, monitora os índices educacionais no Pacto pela Educação. Criado no final de 2010, o objetivo é melhorar a qualidade do ensino. As reuniões acontecem a cada dois meses, com a presença do governador, do secretário de Educação, Ricardo Dantas, de secretários executivos e gestores das 17 Gerências Regionais de Educação, entre outros participantes. No último encontro, dia 4 de setembro, para o segundo ciclo de monitoramento, ficou clara a mão-de-ferro do governo, como mostra a ata da reunião que o Jornal do Commercio teve acesso.

Um dos encaminhamentos é retirar de sala de aula os professores que não estiverem dando boas aulas e obtendo bons resultados, a partir de um diagnóstico realizado nas escolas. O prazo para a ação é, conforme o documento, o segundo semestre deste ano. Outro item informa que diretores de escolas que não conseguirem resultados satisfatórios não permanecerão nos cargos, mesmo que tenham sido aprovados nas eleições. Nos dois casos, o responsável pela ação é o secretário Ricardo Dantas.
AVALIAÇÃO - Todas as 1.089 escolas da rede estadual de ensino devem cumprir metas que são definidas em conjunto com a Secretaria de Educação de Pernambuco e que resultam em pagamento de um 14º salário àquelas que atingem o que é pactuado. A cobrança é maior nos 798 colégios que oferecem turmas do ensino médio. Para o secretário estadual de Educação, Ricardo Dantas, essa metodologia de trabalho, iniciada em 2010, com a criação do Pacto pela Educação, tem “encantado uns e assustado outros”.
Sobre a retirada dos professores que não tiverem dando boas aulas e obtendo bons resultados, o secretário diz que esse encaminhamento da pauta não foi efetivado. Em relação à permanência no cargo de diretores que não alcançarem resultados satisfatórios, Ricardo Dantas informa que serão normatizados critérios de avaliação. Um deles é o desempenho do diretor.

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