quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mais que um corpo, divagando sobre a beleza feminina.


Até onde vai a busca pelo corpo perfeito? O personagem Paulo Cintura do saudoso programa Escolinha do Professor Raimundo já dizia que “saúde é o que interessa”. Ninguém pode negar que um corpo saudável e bonito é uma coisa que todos desejam ter. Mas como sou do século passado (nasci em 1983) não consigo compreender alguns padrões de beleza.
Quando tinha doze anos ouvi garota de Ipanema na casa de um amigo e me encantei. Veja que ouvir Tom Jobim quando todo mundo gostava de sertanejo e lambada podia ser descrito como um ato de rebeldia, mas não foi por isso que gostei da música. Gostei da figura cantada da mulher bonita:
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar

Vinicius de Moraes já havia dito que beleza é fundamental, mas a beleza é algo subjetivo, depende das nossas emoções, das nossas experiências. Deus quando nos quis dar uma aula de beleza fez a mulher! Não quero ser machista, jamais! Mas veja a infinidade de beleza que as mulheres exibem diariamente: baixinhas, altas, gordinhas, magras, loiras, ruivas, morenas, todas com sua beleza própria e singular.

Roberto Calos tem cantado a beleza feminina por décadas. Implorado para que não tirem os óculos, defendido que não é preciso ser magra para ser formosa, o que importa para quem ama é justamente o amor! A beleza física tem prazo de validade, por mais plásticas e implantes que possam existir. Nós seres humanos somos um projeto com tempo de duração definido: nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos.

Hoje o mercado nos impele ao narcisismo, ao amor pelo nosso reflexo. Nos empurra um modelo de beleza quase que inalcançável para depois nos vender dietas ou antidepressivos caso o resultado buscado não seja atingido. E muitas vezes descaracteriza quem o alcança. Veja a esposa do belo, a Gracyanne (acho que se escreve assim). A moça começou como dançarina e belíssima chamava mais atenção que as músicas da banda em que trabalhava. Gracyanne vinha da onda das loiras e morenas do tcham que agora perderam lugar para as mulheres frutas. O caso é que essa beleza não é a feminina, ou, pelo menos, a beleza com que me acostumei, aquela que admiro.

Sou do tempo do namoro, da paquera, de oferecer músicas, de ligar no dia seguinte, de querer sentimento mais que corpo. Venho da geração que se encantava com o jeito de sorrir, com a troca de olhares e de caminhar na rua de mão dada. Das mulheres femininas, lindamente femininas, cheirosas como um jardim, misteriosas e com vozes que faziam tremer de inveja o rouxinol.

Espero que a Gracyanne não lance moda. Rezo para que as piriguetes sumam como as mulheres do tcham e que as frutas não tenham sementes. E guardo a esperança que Tom, Vinicius, Chico e Roberto sejam revisitados. Ter um corpo bonito é legal, mas quero terminar esse escrito parafraseando o velho Vinicius: as que tem apenas um corpo bonito que me perdoem, mas conteúdo é fundamental.


Emerson Luiz

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