domingo, 25 de agosto de 2013

Índios questionam demarcações do Governo e se posicionam contra a PEC 215

Criada a pedido da presidente Dilma Rousseff após o aumento dos conflitos envolvendo fazendeiros neste ano, a mesa de diálogo com os povos indígenas teve sua primeira reunião ontem marcada pelo embate com representantes do governo.
Entre outros pontos, o governo foi criticado por índios pelo fato, segundo eles, de as demarcações terem sido mais frequentes nos governos Collor e FHC do que nas três gestões petistas (duas de Lula e a atual, de Dilma).
Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça) defenderam Lula e Dilma e responsabilizaram a demora da Justiça brasileira pela continuidade de alguns conflitos no país.
Sergio Lima/Folhapress
Índios usam tablet para gravar fala do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) em reunião
CACIQUE MARCOS XUKURU ESTÁ ENTRE OS QUE COBRAM MAIOR RESPEITO EM RELAÇÃO AOS POVOS INDÍGENAS
"Claro que foram muito menos demarcações [nos governos petistas] porque, após a Constituição de 1988, havia muito mais terra para demarcar. Sobrou o mais difícil para nós, como a guerra que foi demarcar a Raposa Serra do Sol", disse Carvalho, respondendo a Lourenço Milhomem, do povo krikati, um dos 60 líderes indígenas presentes na reunião.
Cardozo afirmou que não pode aceitar críticas de que o governo seja omisso. "Queremos garantir os direitos reduzindo os conflitos porque nós vivemos em um Estado que, quando os conflitos são judicializados, as coisas se arrastam décadas, e o conflito permanece", disse. "A Justiça brasileira, em geral, é lenta. Vende falsas ilusões para todos os lados envolvidos."
CONTRA A EMENDA
O ministro da Justiça afirmou que o governo é contra a proposta de emenda constitucional 215, que retira do Executivo a prerrogativa de demarcar terras indígenas.
"Ontem o presidente [da Câmara] Henrique [Eduardo Alves, PMDB-RN] esteve aqui [no Ministério da Justiça] com mais 20 deputados e eu falei que sou contra. Ela é inconstitucional e errada, transformando a demarcação numa disputa política. É apagar fogo com querosene."
Também estiveram na reunião os ministros José Elito (Segurança Institucional) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente).

Fonte: Folha de São Paulo

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