terça-feira, 27 de agosto de 2013

A SAÚDE DO PAÍS ESTÁ DOENTE. OS MÉDICOS ESTRANGEIROS SÃO O REMÉDIO?





Sei que muitos podem achar que o assunto já está se desgastando tendo em vista sua superexposição pelos mais diversos veículos de comunicação. As redes de tv apelam para argumentos reducionistas e questionam a formação dos médicos estrangeiros (apenas para os que vem de Cuba, claro!) para atuarem no Brasil. Diga-se de passagem que em 1999 José Serra e Fernando Henrique Cardoso trouxeram médicos cubanos e foram elogiados pela globo e pela revista veja, coisa que hoje criticam com violência.

O fato é que o problema do sistema de saúde pública no Brasil é tão grave quanto o de sistema educacional. Os dois sofrem do descaso governamental há décadas, talvez séculos de nossa história! Nossos políticos tem planos de saúde caríssimos e seus familiares gozam do melhor atendimento e da melhor educação. O restante da população sofre com parcos serviços para que sempre dependam do sistema clientelista e desejosos por mudanças que serão prometidas mas nunca executadas, pelo menos não pela atual classe política.

Também não podemos fechar os olhos para o corporativismo da classe médica como também não podemos esquecer que até pouco tempo apenas os filhos da nossa preconceituosa classe médica eram formados para atuarem como médicos. Esse jovens, com raras exceções, frequentavam os melhores colégios particulares e depois concluíam o curso superior nas nossas universidades federais. Criados no conforto e sob uma ótica puramente capitalista grande parte dos nossos médicos nunca tiveram compromisso com a mudança do sistema público de saúde, com a melhoria de condições de trabalho em seus hospitais ou no atendimento humanizado daqueles que dependem de seus serviços.

Quem nunca percebeu a diferença do atendimento entre a rede pública e a consulta particular? 

Outro ponto que deve chamar nossa atenção é a atuação dos nossos políticos. Muitas prefeituras não honram o compromisso assumido com os médicos, oferecem péssimos salários e nem sempre os pagam. A reclamação da classe médica em relação a calotes sofridos por prefeituras do interior é imensa. Muitas vezes atendem sem as mínimas condições e fazem milagres considerando o que lhes é oferecido.

Contraditório? Sim. E muito! É essa a realidade do nosso país. Não basta apenas trazer médicos de fora, é preciso lhes dar condições de trabalho. O SUS paga misérias por cirurgias, é lento, sofre influência política e penaliza seus usuários. Nossos políticos estão acostumados a superfaturar compras, fraudar licitações, preterir laboratórios, não remunerar os médicos e os profissionais de saúde, negar horas extras, adicionais por insalubridade e tantas outras coisas.

O povo, em geral, quer os médicos. Não aguentamos mais as longas filas, as noites insones para marcar uma ficha, as consultas relâmpago, a arrogância dos que nos tratam como gado. Valorizamos os bons médicos. Eles são tratados por nós quase como santos entronizados em belos altares, reconhecemos seu valor e lhes temos gratidão por viver sua vocação. Mas, infelizmente, a quantidade dos bons médicos é bem inferior aos dos maus profissionais que não tem qualquer compromisso conosco.

A saúde sofre da mesma doença que acomete a educação. Hoje a tratamos com mais urgência porque poucos morrem dentro de escolas (ainda). Mas em breve seremos chamados a rever essa estrutura também. Os casos de violência educacional já são alarmantes e nossa sociedade já não aceita o que lhe é oferecido.

O médico estrangeiro não é o remédio que precisamos, mas é um potente analgésico para a dor que sentimos.

Quando encaramos sob vários ângulos os problemas do nosso sistema de saúde é normal que fiquemos indignados, mas a indignação não basta. Sair às ruas algumas vezes não é o bastante. O Brasil precisa de sangue novo na política, de gente decente, comprometida com seu povo. O Brasil precisa de você! Reflita melhor antes de dar o seu voto e se puder fazer algo mais pense em se incluir nas decisões políticas, fazer parte de um partido, se candidatar a cargos eletivos, compor conselhos municipais ou participar de Organizações Não Governamentais.

Vamos parar de espernear e começar a caminhar com as próprias pernas.

Sejamos nós os políticos que tanto desejamos.

Um forte abraço!

Emerson Luiz

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