No Evangelho de Matheus (5, 38 - 48), Jesus profere o famoso Sermão da Montanha, o resumo da sua proposta, a pedagogia do Reino de Deus. Nele, entre outras coisas, Ele expõe a radicalidade com que se deve seguir a Deus. Um tema recorrente nos textos bíblicos é o da santidade, "sede santos porque o vosso Deus é santo" (Lv 19, 2). Jesus expõe o caminho para a santidade:
38“ Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. 43 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”
Santidade, aqui, é a mudança de atitude diante da vida, a aceitação do amor de Deus de forma plena e real, um amor que é traduzido em nossos pensamentos, palavras e ações. Um amor gentil, pacífico e humilde. Um amor que exige de nós violência contra nós mesmos. É fácil perdoar quem nos fere profundamente? Não! É simples orar por quem nos deseja o mal e constantemente se coloca como nosso adversário, por Deus, não! Mas devemos fazê-lo, devemos transcender nossa percepção falha e limitada para que possa nascer em nós uma pessoa nova, gerada no amor ao Pai e pelo amor.
Muitos de nós passam a sua vida num culto exterior, vivendo uma fé morta, feita de aparências. Isso gerou críticas pontuais à fé. Um dos maiores pacifistas do século passado, Mahatma Ghandi, teria dito: "Gosto do teu Cristo, não dos teus cristãos. Os teus cristãos não se parecem com teu Cristo". Gandhi era indiano, seu país foi oprimido por um país cristão e ele viajou pela Europa, sendo educado e convivido por pessoas que se diziam cristãs sem viver aquilo que Jesus propôs como modelo para se chegar a Deus. Como nós temos vivido a nossa fé?
Gandhi afirmou em sua luta pacífica: "Olho por olho? O mundo acabaria cego!" Mesmo sem se converter a fé cristã, ele compreendeu perfeitamente o discurso evangélico de Jesus. Nós, mais do que nunca, carecemos de prática evangélica que só pode ser real quando nasce de uma vida de oração e o nosso mundo moderno não favorece nossa vida de oração. É na oração que deixamos que Jesus nos fale ao coração, que nos aproximamos do Pai e permitimos sermos transformados em seu amor. É pela oração que aprendemos a amar o próximo como a nós mesmos, a perdoar os nossos inimigos e a ajudar mesmo aqueles que nos perseguem. Somente pela oração somos capazes de oferecer a outra face.
Que seja Jesus a nos guiar sempre na direção do Pai, pois a fé cristã não nasce da aceitação de um conjunto de ideias, ela é resultado de um encontro pessoal com uma pessoa: O Jesus Cristo Libertador, que vive e reina para sempre, amém!
Uma ótima semana e que Deus permaneça sempre conosco.
Emerson Luiz
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