Desde o seu surgimento, a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida –SIDA
(Aids, em inglês) caminhou ladeada de medo e preconceito. Nos anos 1980 os
conservadores apontavam que era um castigo de Deus aos pecadores, leia-se:
homossexuais.
Classificada hoje como uma infecção sexualmente transmissível e
uma doença crônica, a Aids não tem cura. Existem remédios que podem prolongar a
sobrevida dos portadores do vírus e que aliados a uma rotina de atividades e
uma dieta equilibrada permitem qualidade de vida por um longo tempo após a
contaminação.
Há quem diga que a “Aids não é mais um bicho de sete cabeças”, mas
algo que não mudou em relação a doença e seus portadores é o preconceito.
Dados oficiais atestam que a cada mês, em Pernambuco, 100 novos
casos de aids são registrados. O público mais frágil é o dos jovens até os 25
anos e há mais mulheres que homens portando o vírus e 1 em cada 4 pessoas não
sabem que são soropositivos.
O governo está empenhado em modificar essa realidade. Duas medidas
importantes serão tomadas: a primeira é que, a partir de agora, assim que a
pessoa for diagnosticada com o vírus HIV, ela receberá o tratamento imediato
pela rede pública; a outra é o estudo de formas para a ampliação da profilaxia
contra a doença na rede básica de saúde. A meta é oferecer medicamento de
prevenção, que deve ser tomado em 72 horas após a provável exposição ao HIV.
Mas mesmo com todas essas políticas públicas e o avanço no
tratamento da doença, há algo que deve ser mudado urgentemente: o preconceito
de que essas pessoas são vítimas. O medo de serem rejeitadas e estigmatizadas
socialmente as condena a viver no silêncio, se privando do contato com os
outros e piorando, e muito, o seu estado de saúde.
A última coisa que uma pessoa soropositiva precisa é de alguém lhe
apontando o dedo cheio de mil preconceitos. A aids não é uma doença gay, não é
uma doença de adúlteros e pecadores, por isso a insistência de educar a
população sobre a importância do uso de preservativos. Até hoje algumas
famílias tratam sexualidade como tabu e o preconceito religioso também ajuda a
piorar os índices de pessoas infectadas.
O Dia de Combate Mundial à Aids deve nos fazer pensar sobre a
doença e como tratamos a nós mesmos e aos outros. A aids não tem preconceito.
Nós também precisamos vencer os nossos.
Emerson Luiz.
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