sábado, 29 de junho de 2013

Uma crônica sobre a saúde.


   
E lá quando findou a Ditadura e o Brasil achou que seria justo com seus filhos foi escrita a Constituição de 1988.

     Logo no artigo seis aparece a saúde como direito social, ou seja, um direito fundamental a ser exercido com igualdade por cada cidadão.

     No artigo sete algo que futuramente soaria como piada, pois aparece como direito dos trabalhadores rurais e urbanos:

"IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;"

    A palavra saúde aparece 30 vezes na Constituição do Brasil. E ficou marcada eternamente na mente dos brasileiros. Porque saúde é coisa séria, e mais séria ainda se for a "defendida" pelo Estado. Palavra bonita essa, não é? Estado com "E" maiúsculo. Grafado assim é conjunto de instituições que governam uma nação.
Num país justo a manutenção da saúde da população seria a prioridade de qualquer governo, mas no Brasil não.

    O povo brasileiro herdou de Adão a mania de transferir a culpa que lhe pertence a outra pessoa. Lembra da história do fruto proibido? Ninguém obrigou Adão a nada! Eva fez propaganda do fruto e ele de gaiato comeu. Mas quando Deus pergunta se ele comeu do fruto proibido o cara deu uma de político, jogando a culpa na instância que ele julgou inferior:

- Foi a mulher que o Senhor me deu! - E por aí a culpa passou de Eva para a Serpente em fração de segundos.

  Se por acaso perguntar a qualquer prefeito porque a saúde do município que ele governa não anda bem das pernas ele será ágil como seu antepassado:

_ A culpa é do governo que não investe.

    Mas será mesmo assim?

    O Sistema Único de Saúde cobre cerca de 190 milhões de brasileiros. Destes, cerca de 152 milhões de pessoas dependem exclusivamente do SUS para ter acesso a saúde (Que Deus lhes tenha misericórdia) em mais de 6 mil hospitais credenciados, 45 mil unidades de atenção primária e 30 mil equipes de saúde da família! Quantos números!

    Fico pensando se falta investimento ou se o dinheiro é gasto da forma errada. Quando prefeitos dizem que é preciso cortar gastos e ao invés de diminuir regalias ou cargos comissionados mandam enfermeiras e técnicos de enfermagem não usarem cateteres, utilizarem luvas como se fossem garrotes ou deixam de comprar remédios para farmácias básicas. Isso quando não superfaturam os valores dos medicamentos e materiais adquiridos.

    Mas na época das campanhas a saúde é quase um mantra sagrado: "No meu governo vai ter médico todos os dias no hospital!" Só não diz em qual hospital.

   Já vi municípios onde enfermeiros atuam como médicos. Já fui a hospitais mistos onde os atendidos pelo SUS são colocados como os últimos da fila, não importando se chegaram horas antes das consultas particulares. Já vi gente dizendo que o povo merece sofrer pelas más escolhas que faz.

   Não compartilho da ideia de que qualquer ser humano mereça sofrer. Mas as vezes fico tentado a desejar que todos os políticos, do prefeito à presidente fossem obrigados a serem atendidos pelo SUS da mesma forma que um cidadão comum.

   Aí sim, saúde seria prioridade e uma coisa muito certa para todo governante!

Professor Emerson Luiz
autor do blog Amo Venturosa



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