sábado, 14 de setembro de 2013

REFLEXÃO DE DOMINGO - DE VOLTA À CASA DO PAI


O EVANGELHO MEDITADO E VIVENCIADO NESTE DOMINGO (Lc 15,1-32) nos ensina sobre o amor sem limites de Deus para com cada um de nós, seus filhos.

Lucas nos mostra as duras críticas que os fariseus e os Mestres da Lei teciam em relação ao comportamento acolhedor. Numa religião exterior aqueles homens eram incapazes de entender o motivo pelo qual Jesus acolhia pecadores conhecidos e também os publicanos, homens que colaboravam com o regime romano e muitas vezes enriqueciam explorando os seus semelhantes. Com um julgamento meramente humano eles confundiam o seu senso distorcido de justiça com a Justiça de Deus.

_  “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Diziam os fariseus. Nós aprendemos que para Jesus cear com alguém tinha um significado muito profundo. Levi, Zaqueu, a pecadora arrependida, todos eles foram tocados quando Jesus se propôs a cear com aqueles que estavam em pecado e eram vítimas de preconceito e exclusão. Jesus explica  mais a nós que aos fariseus porque agia dessa maneira: Ele veio salvar os pecadores e não os justos, curar os doentes porque os sadios não precisam de médico!

E Jesus nos dá exemplos práticos. Tanto na parábola da ovelha perdida quanto na história da mulher que recupera sua moeda o sentido é o mesmo: a alegria na conversão de um pecador que antes caminhava rumo à morte e agora, restaurado no amor de Deus, faz parte dos que vivem para a eternidade.

Os filhos de Israel compartilhavam a visão de um Deus severo e vingativo, seus corações estavam cheios de orgulho por serem o povo eleito, o povo da Aliança. Dessa forma não eram capazes de compreender que para Deus era mais agradável a misericórdia que o sacrifício. 

Então Jesus contou-lhes a parábola do filho pródigo, a história do amor paterno e caridoso de Deus. Ao ler a história com cuidado percebemos que o filho mais jovem 'mata' o próprio pai, senão fisicamente, legalmente. Ele exige sua parte da herança, algo que só seria possível após a morte do seu pai. Insensível e arrogante, ele toma o que seria seu e parte. Na rebeldia de sua juventude ele gasta tudo o que tinha numa vida desregrada até experimentar a completa miséria. Temos uma ideia de sua condição sub humana quando ele deseja se alimentar com o que dão aos porcos, animais impuros para os judeus. E no seu desespero ele volta o coração para o pai.

Mas como voltar? Ele destruiu metade dos bens do pai, abandonou sua casa e seus direitos de filho, renegou sua família. Poderia voltar como filho? Isso seria justo? Seu pai o aceitaria? Vejamos que esse jovem se arrependeu dos seus pecados, reconheceu seus erros e viu que por suas ações não merecia ser tratado como filho. Ele escolheu voltar como um empregado, um dos servos do seu pai. 

Nós também pensamos assim. Somos rigorosos demais com nossos erros e muito orgulhosos para admitir que podemos ser perdoados e nos perdoar por nossas falhas. Muitas vezes somos o filho pródigo que desperdiçamos nossa herança, gastamos os nossos dons e nos despersonalizamos ao ponto de sermos sub humanos. 

Quando o filho retorna Jesus nos mostra como Deus é para conosco. O pai avista o filho de longe. Mesmo magro, sujo e desgarrado, na extrema miséria humana o pai reconhece o interior e não tem a menor dúvida: aquele que retorna é o seu filho! O filho que estava perdido e foi encontrado! O que estava morto e agora vive!

"Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21 O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado".

O Pai que representa o nosso Deus não humilhou o filho que decidiu voltar, não lhe fez exigências. O pai ama e ama de forma completa e absoluta! Reconheçamos que assim que Deus ama a cada um de nós, sem distinção. Nós não somos capazes de mensurar a alegria que há no coração de Deus quando reconhecemos os nossos erros e decidimos voltar para sua casa como filhos amados que somos.

Mas a parábola do filho pródigo também mostra outro lado de nossa personalidade. O irmão mais velho, o que permaneceu sempre ao lado do pai e não aceita a alegria com que o pródigo é recebido. E tomado por frustração e uma certa inveja ele se queixa ao Pai. Ele que nunca desobedeceu nunca recebeu sequer um carneiro, uma pequena parte das posses do pai e o outro tinha um novilho sacrificado em sua volta. Isso é justiça?

"31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.32 Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’."

Esse filho mais velho poderia representar os fariseus e Doutores da Lei, mas o mais provável hoje é que ele represente cada um de nós que se frusta por não saber esperar em Deus, por não ser capaz de reconhecer que já possuímos a filiação divina e que no tempo dele seremos coberto de bençãos. As vezes invejamos o talento, o sucesso e até mesmo a felicidade dos que julgamos menos dignos do amor de Deus.

Se sentimos isso algumas vezes devemos reconhecer que nós também precisamos voltar à casa do pai. Todos somos pecadores, todos possuímos pequenas ou grandes misérias interiores e só em Deus seremos curados de todas elas. Jesus nos permitiu chamar a Deus de Abba! Papai! Painho! Que neste domingo e em todos os dias de nossas vidas possamos sempre voltar a casa paterna quando for preciso e se já tivermos alcançado a graça de nos esforçar para viver em sua palavra que ele mantenha em nós o amor necessário para nos alegrar com as ovelhas que estavam perdidas e foram encontradas.

Somos todos operários da última hora! 

Que Deus esteja sempre conosco e uma ótima semana.

Emerson Luiz.

Abaixo o clipe da música 'Filho Pródigo" de padre Zezinho.



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