quinta-feira, 27 de março de 2014

LULA DESEJA VINGANÇA CONTRA EDUARDO CAMPOS?


O ex-presidente Lula já revelou que fará de tudo para estar presente no lançamento da campanha de Armando Monteiro (PTB) ao governo do estado e que vai passar a "morar" em Pernambuco depois disso. O objetivo? Derrotar Eduardo Campos em todos os sentidos.

Num passado não muito distante, Lula se referia a Eduardo como se fosse um filho. Destinou mais recursos ao estado de Pernambuco do que a qualquer outro do país. Deles vieram a ampliação do porto de Suape, a refinaria de Abreu e Lima, o recente polo industrial, milhões para agricultura familiar, urbanismo, interiorização do Ensino Superior e um silêncio que permitiu que Eduardo se apropriasse de tudo isso como fruto de suas próprias ações. Como era aliado de Lula e um quadro promissor, ele estaria nos planos do ex-presidente para, no futuro, disputar o Planalto.

Os dois se desentenderam quanto ao tempo. Lula queria Eduardo para o futuro. Eduardo queria o futuro agora! Então houve o rompimento. Eduardo Campos esqueceu que passou sete anos no governo do PT e passou a atacar violentamente a presidente Dilma. Lula tentou trazê-lo de volta, ainda orientou que não fosse hostilizado, na esperança de que Eduardo retornasse à base aliada num segundo turno. Campos percorreu o caminho contrário. Atacou o PT e a presidente Dilma. Tomou as rédeas e venceu o Partido dos Trabalhadores no Recife. Vários dos petistas pernambucanos, hoje, são mais fiéis aos cargos e verbas dadas pelo neto de Arraes que ao Partido dos Trabalhadores e ao metalúrgico que dirigiu esse país. Em sua ambição presidencial, o governador se aliou ao PSDB aos setores mais tradicionais do nosso país. Seu discurso de nova política destoa da prática.

O PT também perdeu sua identidade quando se tornou governo. Escândalos de corrupção, loteamento de cargos e alianças questionáveis marcam os mais de dez anos de governo do PT no Brasil. O PSB em Pernambuco foi ágil em amordaçar a mídia. São assinaturas de jornais para servidores públicos e milhões gastos com propaganda. O PT defende o projeto de um governo popular que tirou milhões da pobreza e fez o Brasil crescer a olhos vistos. O PSB diz que pode fazer o país voltar a crescer do jeito certo, mas não explica claramente que jeito é esse.

Em Pernambuco não veremos um debate ideológico, assistiremos dois titãs se digladiando com fúria e ressentimento. Quem esperava ver a cena do filho pródigo voltando para um pai amoroso de braços abertos teve os sonhos destruídos, aqui será faca nos dentes e dedo no olho.

As acusações e trocas de farpas já começaram. Eduardo diz ser perseguido e usa uma frase de Lula como se fosse dele: "a esperança vencerá o medo". Lula olha para Campos e o compara a Collor: "Jovem, de boa imagem e desconhecido. Nós já sabemos onde isso vai dar".

O fato é que num eventual segundo turno Eduardo Campos será muito mais perigoso que Aécio Neves. Caso Campos venha a perder essa eleição, já terá se tornado conhecido nacionalmente. Se mantiver suas bases no Nordeste será um candidato ainda mais forte em 2018. Lula sabe disso. Quer resolver a questão agora. Aqui no Nordeste, todos gostamos de uma vingança particular (não entendam isso como vingança de sangue, não é), faz parte da alma do lugar. Somos um povo orgulhoso, não aceitamos desaforos e  não respondemos bem a ingratidão. Lula e Eduardo terão a chance de representar esse sentimento também. A política, aquela que trata dos interesses da maioria, bem, essa ficará em segundo plano.

Emerson Luiz

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