quarta-feira, 5 de março de 2014

BARRAGEM DA INGAZEIRA EM VENTUROSA ESTÁ COMPLETAMENTE SECA. Precisamos ter uma nova postura diante do mundo em que vivemos


Escrevi sobre isso há quase dois anos. Na época a barragem estava secando, sua água era imprópria para o consumo e comercializada em carros pipa (muitas vezes sem qualquer tipo de tratamento). 

Hoje a imagem choca os venturosenses. As poucas chuvas que caíram foram recebidas com alegria e muitos sítios tiveram sua situação crítica amenizada, mas elas não foram suficientes para regularizar o abastecimento de água da cidade. A sede e muitas regiões da zona rural ainda são abastecidas com carros pipas que se tornam cada vez mais caros. Há famílias que têm um gasto fixo com água que gira em torno de R$ 50,00 a R$ 70,00, o que aperta e muito o orçamento doméstico.

Os carros cadastrados na Compesa não são suficientes para sanar a demanda de uma cidade com mais de 15 mil habitantes. A esperança é que esse ano traga chuvas, mas isso só deve acontecer entre o final do primeiro semestre e o começo do segundo. Até lá o nordestino faz o que aprendeu com a vida: deposita toda a sua fé em Deus e reza para que as chuvas não tardem e sejam suficientes para encher todos os reservatórios.

Essa seca já é a pior nos últimos 50 anos e retrata o que advertem cientistas ao redor do mundo: o aquecimento global mudará o clima do planeta. Secas longas serão cada vez mais constantes e nós teremos de aprender a usar os recursos naturais de uma forma racional. Tanto a nova barragem que deverá ser construída quanto as águas da transposição do São Francisco não surtirão efeito para as próximas gerações se não aprendermos agora como respeitar o meio ambiente e nos harmonizar com o planeta.

Não é apenas a Barragem da Ingazeira que secou. Ela parece refletir nosso senso de moral e de justiça, nosso respeito para com a Terra e com os seres que nela habitam. Cheguei a ouvir de uma pessoa que havia adquirido um caminhão pipa alguns meses atrás: "Tomara que a seca dure até que eu pague esse caminhão".

Termino este post parafraseando um ditado indígena:

"Só quando morrer o último animal, quando cortar-se a última árvore e secar a última fonte é que o homem aprenderá que dinheiro não come".

Emerson Luiz 

Um comentário:

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