Esforço, dedicação e persistência. Essas palavras descrevem muito bem a trajetória de Kelvin Douglas Cavalcanti, 20 anos, morador do interior de Pernambuco. Embora o lugar onde resida seja pequeno, ele sempre costumou ter grandes projetos. Apesar da pouca idade, mostrou e ainda mostra que tem garra suficiente para alcançar seu sonho de ingressar na carreira pública. Em meio a decisões difíceis, como largar a faculdade para se dedicar totalmente a este objetivo, o jovem enfrentou os obstáculos da vida e perseverou, conseguindo a aprovação em diversos concursos.
Kelvin vive em Venturosa, cidade localizada a 249 km de Recife, que tem somente 20 mil habitantes. Filho de pais separados e atualmente morando com a avó, o estudante desde cedo desejava ter um grande futuro acadêmico e profissional. “Nos estudos sempre fui esforçado e planejava cursar Engenharia Elétrica. Aos 14 anos deixei de frequentar as escolas de minha cidade, pois fui aprovado no vestibular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), localizado na cidade de Pesqueira, para o curso médio integrado em Eletrotécnica, que levou quatro anos”, conta.
Após ter concluído o ensino médio aos 18 anos, Kelvin queria mais. Prestou vestibular para algumas universidades e obteve as suas primeiras aprovações nos cursos de Ciências da Computação na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), optando pela primeira opção. A primeira experiência no universo dos concursos públicos foi aos 17 anos, quando decidiu se inscrever na seleção dos Correios, para os cargos de atendente comercial e carteiro. “Mesmo sem experiência e dedicação, fui surpreendido recebendo o comunicado para realização do teste físico em 2013, o que foi uma grande surpresa… Afinal, esse foi o primeiro concurso em que me inscrevi”, relembra.
Depois da primeira aprovação, ele não parou mais. Em 2012 se inscreveu no concurso da Caixa Econômica Federal e começou sua batalha de estudos. Porém, durante esse período, foram abertas as inscrições da seleção para a Companhia Hidroelétrica de São Francisco (Chesf). Com isso, veio uma escolha difícil. Kelvin, além de abandonar a seleção da Caixa, teve que largar a faculdade de Ciências da Computação para ir atrás de seu maior sonho. “Sempre tive vontade de fazer parte do quadro de servidores da Chesf, no cargo de técnico em Eletrotécnica. Tomar essa decisão não foi fácil, pois no início meus familiares e minha noiva não me apoiaram, mas vi que precisava me dedicar inteiramente à preparação para o concurso. Com o desfecho dessa história, não fui aprovado no concurso da Caixa”, revela o concurseiro.
A partir daí começou sua luta em busca da vaga na Chesf. Kelvin estudou somente em casa, pois em sua cidade não tinha acesso a cursos preparatórios. Mas não pense que isso o desanimou. Pelo contrário, serviu para que  se esforçasse ainda mais,. O rapaz montou uma rotina de estudos em casa na qual investia de oito a nove horas por dia. “Contei com o apoio de Deus, em primeiro lugar, da minha família e de minha noiva, pois ela foi fundamental, me trazendo paz e conforto nos momentos de aflição, preocupação e desespero, momentos esses que a maioria dos candidatos enfrenta”, revela.
Após tanto esforço, a recompensa. Kelvin foi aprovado no concurso da Chesf, para cadastro de reserva, na 66ª posição no Polo Recife – e ficou em 182º na classificação geral. Depois ainda prestou o concurso do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, onde se dedicou mais uma vez e foi contemplado com sua maior vitória. “Foi um concurso com alto nível de dificuldade, onde 32 mil pessoas fizeram a prova, disputando 604 vagas. O resultado foi surpreendente, pois 98% dos candidatos foram reprovados e sobraram vagas no final. Foi aí que alcancei o meu melhor resultado, ficando em 1° lugar na classificação por Estado e em 5° lugar no País, para o cargo de técnico de suporte em Infraestrutura de Transportes – área Estradas. Essa foi a mais difícil e gratificante vitória”, relembra o estudante.
A notícia de uma aprovação é sempre bem recebida por qualquer concurseiro, pois é resultado da dedicação, que nos leva sempre a bons resultados. Kelvin afirma que o seu esforço valeu muito a pena, pois mesmo tendo que abrir mão de certas coisas, recebeu valiosa recompensa no final. “Agora ajudo e incentivo amigos passando o pouco de conhecimento que adquiri no decorrer do tempo. E venho dando o apoio à minha noiva para que ela venha a ocupar um cargo público”. Por mais incrível que pareça, atualmente Kelvin ainda não ocupa nenhum cargo público. Está aguardando ser convocado pelos Correios, pela Chesf e pelo DNIT.  Questão de tempo.
“Apesar disso, tenho sentimento de dever cumprido e fé em Deus principalmente que logo meu dia vai chegar. Sinto-me aliviado e agradecido a Deus por todas as bençãos a mim concedidas. Pretendo ingressar no serviço público e concluir um nível superior para prestar um novo concurso”, diz, confiante. Renunciar ao presente para poder conquistar um sonho no futuro pode parecer difícil, mas é o caminho certo. Porém, esse trajeto requer foco, coragem, fé e muita dedicação, destaca o personagem deste Caso de Sucesso. “Nunca desista, todos temos chances, foi assim que um concurseiro do interior de Pernambuco conseguiu realizar seus sonhos. Do pequeno ao grande, todos são iguais. Sejam fortes. E boa sorte a todos”, deseja o estudante.
Kelvin é a prova de que, no terreno democrático dos concursos públicos, em que o mérito vira o jogo e faz toda a diferença, pouco importam suas limitações ou idade. Basta lutar para chegar lá.
Fonte: Folha Dirigida