Nossa conversa ocorreu na casa
onde vive na Avenida Capitão Justino Alves, em Venturosa - PE. O vereador João Henrique Bezerra
Zacarias, transformou parte da residência em um escritório. Formado em direito,
João tem se colocado como advogado do povo em seu segundo mandato. Embora tenha
pouca idade, está próximo a completar os trinta anos, , já traz a marca das
lutas que teve de travar na vida. No escritório não vemos móveis luxuosos ou
decoração ostensiva, ali está o básico para o trabalho do legislador, os
livros, o computador e um retrato da família que ama e que em breve ganhará
mais um membro.
João Henrique já disputou três
eleições, sendo vitorioso em duas. Na última foi eleito pelo PSB, partido que é
presidido por ele em Venturosa e o mesmo do governador Eduardo Campos, com 465
votos e tem se destacado em sua atuação como vereador.
A entrevista foi concedida num
tom amigável onde falou-se da atuação do homem público, resistência, a situação
do município, os novos rumos do PSB e o papel da oposição em Venturosa. A todos
desejo uma boa leitura.
* Vale salientar que o blog mantém
um espaço aberto para opiniões acerca desta entrevista, desde que para isso o
autor dos comentários se identifique.
** O espaço também está aberto para
que outros vereadores ou agentes públicos, caso desejem, possam se manifestar
sobre o teor dessa entrevista.
*** O e-mail do blog é: blogdoemersonluiz@ig.com.br
**** O espaço para comentários está
abaixo do corpo da matéria.
Professor Emerson: Esse é o seu
segundo mandato como vereador, então, passados mais de cem dias desse mandato,
gostaria que você fizesse um balanço das ações feitas até aqui e dos desafios
em ser membro do legislativo municipal.
João Henrique: Primeiramente quero saudar os leitores do
seu blog e todos os filhos e filhas de Venturosa. Iniciei esse mandato
procurando escutar o máximo possível as pessoas, pois esse ato de escuta
permite que aprendamos. Isso tem tornado esse início dos trabalhos bem
diferente do meu primeiro mandato. Aprendizado é experiência e experiência
sempre faz bem, seja nos momentos em que fazemos pedidos que beneficiem o povo
seja naqueles momentos em que temos de legislar e fiscalizar a atuação do
Executivo. Nesse âmbito nós, isso falo não apenas eu, mas todos os vereadores
da oposição, temos procurado gerenciar o dinheiro público da melhor forma
possível. E como gerenciar mesmo sem
administrar? Com uma correta fiscalização. Isso porque esse dinheiro não
pertence ao gestor, esse dinheiro pertence ao povo e tem que ser gasto de uma
forma com que faça as pessoas se sentirem bem, trazendo melhorias para todos.
Então nesses primeiros meses de mandato estamos trabalhando nesse sentido.
Há resistência em relação ao trabalho de vocês?
João Henrique: Em todo trabalho
existem problemas. No nosso caso há o grupo da oposição e o grupo da situação
e, às vezes, a oposição é mal interpretada. Quando cobramos ou exigimos algo,
querem reduzir isso a uma picuinha ou
então a politicagem e na verdade não é. Na verdade é o desempenho do trabalho
do vereador. A Constituição nos dá esse respaldo de legislar e fiscalizar. Se
formos mais a fundo veremos que o trabalho do vereador também é o de auxiliar
na administração embora alguns não entendam. Quando, por exemplo, solicitamos
que a iluminação de uma rua seja melhorada, estamos, também, auxiliando na
administração pública. Mas, como disse, muitas vezes nossa ação é mau
interpretada quando apontamos débitos
existentes, falta de médicos em hospitais, questões de funcionários, etc. Então
quando tomamos conhecimento de tais problemas e levamos ao conhecimento geral
alguns membros da situação entendem de outra maneira, acha que é para prejudicar, mas não é,
queremos apenas agir da forma correta.
Alguns desses problemas que você fala tem chamado muita atenção. A
questão do IPSERV, por exemplo, você podia falar um pouco sobre isso?
João Henrique: O IPSERV é uma autarquia municipal e foi
criada para gerenciar o dinheiro da Previdência Municipal, ou seja, dos
servidores públicos municipais. A contribuição previdenciária é composta por
duas partes: uma é retirada do segurado e outra parte é retirada do patronal,
no caso o gestor público. Ou seja, o prefeito passa esse dinheiro para o IPSERV
para que esse fundo seja gerido e as pessoas, caso seja preciso, tenham direito
a aposentadoria ou um auxílio doença, pensão por morte, elas tenham direito a
isso no futuro. É muito parecido com uma poupança. Você tem que guardar para
usar quando for preciso. O que aconteceu? Gestores que por aí passaram, desde
2002 até agora, sempre deixaram débitos. Só que nada disso vinha a tona. Então
nós, vereadores, estudando as contas de 2012, encontramos esse contrato onde o
prefeito do município, na época o senhor Eudes Tenório , havia parcelado o
débito em 2009 e depois o fez novamente, só que em um montante muito maior,
cerca de R% 778 mil, em 2012. Embora haja um respaldo jurídico, e não cabe a
mim julgar, minha função é fiscalizar. Agora se outros prefeitos que passaram e
fizeram isso foi dito que essa atitude era imoral, irregular, porque na gestão
de Eudes Tenório isso não pode ser chamado de imoral e de irregular? Mesmo
declarando a dívida e tendo um respaldo jurídico eu não sei como um gestor
parcela um débito de RS 778 mil em 200 meses, que dá mais ou menos 16 anos e 8
meses, sem juros, sem correção monetária...
E quem pagará esse parcelamento?
João Henrique: Quem vai pagar esse parcelamento são os
gestores que virão daqui para frente, no caso Ernandes e qualquer outro que
venha daqui para frente vai ter que pagar esse débito ou acabará incorrendo em
um crime: improbidade.
Ao que parece esse fundo gasta mais do que arrecada.
João Henrique: Isso foi dito pelo próprio gestor do fundo. Então
se gasta mais do que arrecada pode chegar o dia em que não tenha dinheiro
suficiente para pagar os segurados. E não sou em que estou dizendo isso, a
própria Previdência Social alertou o instituto – isso usando palavras da
reunião da Câmara.
E o que houve com esse dinheiro?
João Henrique: Esse dinheiro deixou de ser recolhido. No
caso como é patronal, o gestor tem a responsabilidade de transferir esse
dinheiro ao fundo. Ele sabe quanto é o montante da dívida e deposita esse
dinheiro, mas nesse caso ele deixou de pagar. E quem deixa de pagar seus compromissos
comete uma grande irregularidade. Há um dito popular para quem deixa de pagar,
outros gestores foram chamados assim e esse também deixou de pagar. Mas se a
gente perceber, há uma grande defesa, na verdade uma blindagem sobre esse
assunto. Mas o antigo prefeito deixou de pagar e como bom administrador que diz
que é, deveria ter pago e não deixado que se amontoasse. Um débito de R$ 778
mil não nasce da noite para o dia.
Eu sou completamente leigo nesse assunto. Não há um desconto no
contra-cheque do servidor?
João Henrique. Esse é o recolhimento do
contribuinte e esse foi repassado, segundo o diretor do IPSERV, o que deixou de
ser repassado foi o patronal que é a parte que o patrão tem que pagar. Veja só,
o contribuinte, o segurado, está fazendo sua parte. Quem não está fazendo a
dele ou não fez a dele é quem administrou. O poder Executivo não pagou a parte
dele e só quem pagou foi o contribuinte.
Vamos agora tratar de assuntos de alcance nacional. Gostaria que você
falasse um pouco sobre seu partido, o PSB.
João Henrique. O PSB tem implantado um novo
mecanismo em sua gestão que é o da escuta da população. E nós em nossas
reuniões sempre procuramos isso: ouvir o que povo tem a nos dizer para só então
trabalharmos em cima do que o povo precisa. Nosso governador faz muito bem
isso. Os avanços trazidos por essa prática deram visibilidade a Pernambuco e ao
governador, que agora busca um projeto federal, que é uma coisa legítima, um
direito de qualquer pessoa que esteja filiada e um partido e vença suas
prévias.
Eduardo Campos tem um projeto
para o Brasil, um projeto que deu certo aqui em Pernambuco e rendeu a ele o
título de um dos melhores governadores do Brasil. O PSB tem um modo diferente
de governar e não é a toa que tem crescido tanto. E um partido só cresce quando
seu trabalho é reconhecido. Veja o caso do DEM – antigo PFL – e do próprio
PSDB, são partidos que minguaram e perderam força política.
Sei que estar na oposição não é fácil e que, para vocês vereadores, deve ser muito difícil trabalhar. A maioria das indicações ou requerimentos deve ser mal vista ou negada pelo simples fato de dizerem: “ah, é da oposição”. Então é importante ter um bom relacionamento com os deputados? E, por falar nisso, seus deputados são atuantes?
João Henrique: Somos parceiros da causa pública
e nossa parceria começou em 2009/2010. Primeiro com Ângelo Ferreira e Ana
Arraes, que hoje é Ministra do Tribunal de Contas da União, e hoje, por
proximidade e indicação do governador, com o deputado João Fernando. Então
depois de longas conversas sentimos que algo melhor pode ser feito por
Venturosa, e o que vem sendo feito. Então nos mediamos ações que beneficiam o
povo de nossa cidade como desentupimentos de poços com instalação de
bombas, 300 horas-máquina de tratores de esteira para ampliação e limpezas de
barragens, também mediamos o cadastramento de uma associação no programa de distribuição
do leite e a perfuração de seis poços artesianos e desses seis quatro tiveram
êxito. Então veja que são deputados atuantes que querem o bem de nosso povo.
E como você avalia o papel da oposição. O grupo ainda carrega a mácula
de uma má administração cujo alguns membros se encontram hoje no grupo da
situação. Quais os caminhos da oposição hoje?
João Henrique: Primeiro temos que encarar essas
tentativas de vincular os membros da oposição a uma má gestão passada é puro
marketing político. O grupo da situação (verde/amarelo) tenta passar essa
imagem de que foi fulano que fez isso ou aquilo, ou fulano que vai fazer igual
beltrano, tudo balela.
Agora eu fico pensando: e com
tantos erros que vemos agora em nossa cidade? Hospitais sem médicos, PSF’s sem
médicos, essa questão do IPSERV, contas aprovadas com ressalvas, com erros,
então, como é que se pode falar de administrações passadas com erros iguais ou
piores?
O que faltava na oposição e que
agora estamos fazendo, não só eu mas nossos vereadores e lideranças, é buscar
um maior contato com a população e através de ações conjuntas com o governador
Eduardo e nossos deputados fazer o bem e melhorar a vida das pessoas. O nosso
grupo é bem representado, possui lideranças como a de José Lemos, Donizete,
nossos vereadores eleitos e várias outras pessoas. Então, o que nós temos que
fazer? Agir sempre visando o melhor para Venturosa para que o povo sinta o
nosso compromisso e reconheça que nós temos vontade de fazer melhor e podemos
fazer melhor por eles, agora isso tem que ser contínuo. Temos que trabalhar com
ética, nos fazer presentes, então o povo nos dará essa chance. E quando
tivermos nossa chance teremos de dar tudo de nós para que essas pessoas que
confiaram sintam orgulho da escolha que fizeram. Nós temos um compromisso para
com todos, mas, principalmente com os menos favorecidos, porque o que vemos
hoje em Venturosa é o contrário, é um compromisso com os mais favorecidos, e
não é assim que se governa. Quem precisa de melhor atendimento da saúde,
transportes e água é a população menos favorecida que sofre com essa seca.
Uma mensagem para os leitores do blog.
João Henrique: Quero primeiramente agradecer a
oportunidade, como também expressar minha gratidão ao povo de Venturosa pela
confiança e credibilidade que tem dado não apenas ao meu trabalho como aos dos
demais vereadores, em especial ao bloco da oposição do qual também fazem parte
os vereadores Charlles, Dedê, Nêgo e Nelcimar, que estão legislando com
seriedade e buscando o melhor para todos, sem distinção.
Como homem público e legislador
me coloco sempre a disposição dos filhos e filhas de Venturosa com muito amor
pelo que faço, porque se o faço é porque esse povo me escolheu para representa-lo
como vereador. Peço que Deus sempre nos conduza em nossos pensamentos e ações e
que possamos sempre dar o nosso melhor. Um forte abraço a todos!
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