Comissão da Verdade levanta documentos sobre a rede de colaboração do empresariado paulista para mostrar a dimensão do apoio e a perseguição política contra trabalhadores
“Quem foi demitido ou sofreu prejuízos por perseguição política comprovada vai poder entrar na Justiça para pedir a reparação”, diz a advogada Rosa Cardoso, integrante da CNV e encarregada de apurar e analisar o papel de empresas e empresários na sustentação financeira da repressão.
Rosa Cardoso diz que, antes de chamar os empresários, a CNV está passando um pente fino nos arquivos deixados pelo regime militar e em textos que estão esparsos em reportagens ou na literatura sobre o período.
O objetivo é levantar documentos que não deixem dúvidas sobre a rede de colaboração, mostrem a dimensão do apoio e explicitem a perseguição política contra trabalhadores.
Só da região do ABC paulista, há denúncias envolvendo pelo menos seis metalúrgicas que enviavam ao Dops listas com os nomes de trabalhadores apontados como suspeitos de subversão ou submetiam candidatos a emprego ao crivo da polícia política.
Em países como a Argentina e África do Sul, cujos regimes também ditatoriais foram submetidos à comissões da verdade, o envolvimento de empresários com ações que resultaram em violações abriu brecha para ações de reparação na Justiça. Nos casos em que ficou comprovada a cumplicidade da empresa, os donos foram responsabilizados como pessoas físicas e serão obrigados a indenizar.
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