sábado, 19 de julho de 2014

Intolerância e fanatismo religioso. Jovens evangélicos invadem Igreja em Minas Gerais e destroem imagens de santos.



Essa semana trouxe à tona um aspecto negativo de uma parcela do povo brasileiro, o da intolerância religiosa.

Dois jovens que se declaram evangélicos invadiram uma Igreja em Minas Gerais e destruíram várias imagens de santos. Um ato de violência contra uma fé cometido, paradoxalmente, em nome uma fé.

A violência contra os ícones católicos foi justificada por um deles com o argumento de que "não concordava com a idolatria". Então, por não concordar com uma suposta prática, qualquer um pode tomar atitudes fascistas para proibi-la?

O debate teológico sobre o uso de imagens sacras ser ou não idolatria é antigo. Foi ele que motivou o primeiro cisma religioso e separou os Católicos Romanos da Igreja Oriental e foi ainda mais turbulento no período da Reforma. Aqueles que estudam a fé católica a fundo afirmam: "Católicos não são idólatras".

Bem mais antigo que esse debate sobre a idolatria é o sentimento de intolerância, seja ela política, religiosa, afetiva ou filosófica. Católicos já perseguiram protestantes. Protestantes já perseguiram católicos.

Protestantes e Católicos já perseguiram Judeus. Judeus já perseguiram Palestinos. Mulçumanos já perseguiram Judeus, Católicos e Protestantes.

Europeus, independente de qual fé expressavam, perseguiram, escravizaram, torturaram, estupraram e mataram negros e índios e negaram-lhes o direito à terra, à cultura, à fé e à vida.

E foram precisos milênios para que pudéssemos chegar a uma sociedade que aceita a ideia de que todos somos iguais, detentores dos mesmos direitos.

Vivemos em um Estado Democrático de Direito, laico, onde cada um é livre para crer no que quiser, ou, ainda, em nada crer!

A atitude desses jovens mostram o quanto alguns religiosos ainda estão arraigados a ideias preconceituosas, violentas e autoritárias.

Esqueceram eles de ensinar os princípios básicos do cristianismo?

Jesus não forçou ninguém a segui-lo.

Não foi pela violência nem pela intolerância que ensinou.

O caminho para se chegar a Deus, nas palavras e gestos de Jesus, não fazia escala em atos de vandalismo e intolerância aos que pensavam de forma diferente.

Creio que esses jovens não possam ser chamados de evangélicos, já que o termo designaria quem vive de acordo com os princípios expostos no Evangelho, na Boa Nova do Reino de Deus, um reino de paz, amor e justiça.

Essa triste atitude só serviu para mostrar como nós, enquanto sociedade, ainda mantemos nossas práticas distantes daquilo em que dizemos acreditar.

Emerson Luiz 

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