quarta-feira, 30 de julho de 2014

Educação de Venturosa volta a ser matéria da TV Asa Branca



Em 24 horas a cidade de Venturosa - PE figurou duas vezes em programas jornalísticos da TV ASA BRANCA sobre o mesmo tema: Educação. A primeira matéria exibiu o drama da Escola Estadual Cônego Emanuel Vasconcelos, que há cinco anos luta pela construção de um prédio próprio. A unidade de ensino funcionava em um prédio pertencente ao município e hoje está desmembrada em três prédios, distantes um do outro, sem espaço adequado e mesmo assim lutando para oferecer aos seus alunos uma educação de qualidade.

Hoje (30/07), foi a vez da emissora abordar a situação das turmas multisseriadas na rede municipal de ensino. A reportagem ouviu professores, alunos e a secretária Sônia Diógenes Tenório.

Embora saibamos que o ideal seria pôr fim as turmas multisseriadas (aquelas onde um professor atende vários alunos de anos diferentes em uma mesma sala de aula), a secretária de educação deu esclarecimentos objetivos sobre o porque de sua continuidade em Venturosa.

Entre os problemas detectados por ela se encontram:

1. O transporte desses alunos para a sede do município, já que as escolas não teriam como absorver todos eles, superlotando ainda mais as salas.

2. Muitos pais preferem que os filhos estudem próximo de suas casas e essas salas multisseriadas se localizam em locais distantes da sede.

3. Questões financeiras. Não haveria como contratar professores para dar aulas a turmas tão pequenas. Ao transferir esses alunos para a sede, também serão realocados todos os funcionários dessas unidades de ensino.

UM DEBATE NECESSÁRIO

A lógica do argumento da secretária é impecavelmente plausível. 

Ela não pode ser culpada por a existência dessas turmas, tão pouco pela dívida histórica que os governos municipais, estaduais e federal têm com a educação. 

Há muito que a escola pública foi sucateada, que os professores foram vilipendiados e a nobre carreira docente perdeu toda a atratividade. 

Mas é preciso urgentemente de um novo reordenamento de prioridades nesse país. A educação continuará sendo sempre o maior tesouro de uma sociedade e o primeiro dever dos dirigentes para com o seu povo.

Povo educado se liberta e torna-se libertador.

Antes de ser secretária, Sônia foi e continua sendo uma educadora. Criticar sua postura nessa matéria ignorando a realidade que acomete várias escolas nos mais diversos locais desse país não seria nem ético nem responsável.

Sou contra salas multisseriadas, mas o seu fim deve ser objeto de debate com os pais desses alunos, professores, comunidade escolar e agentes públicos. Ele deve ocorrer de forma consciente, como fica implícito em sua fala. Sou professor, sei o quanto é difícil trabalhar em condições adversas, lutando contra a falta de estrutura, desmotivação dos alunos, famílias desestruturadas, inversões de valores e baixos salários.

É fato que esse sistema multisseriado forma alunos deficientes, que chegam ao Ensino Fundamental II sem o efetivo domínio dos saberes que lhe são exigidos a partir do 6º ano, gerando deficiências que podem lhe acompanhar por toda sua trajetória estudantil caso não sejam trabalhadas por professores, familiares e, claro, o próprio estudante.

Mas como colocar fim a ele sem antes contar com escolas estruturadas para receber esses alunos, o entendimento dos seus pais e a locação dos trabalhadores em educação?

Seguir o exemplo do governo do Estado, fechando escolas sem o consentimento de pais e alunos, obrigando estudantes a irem a escolas muito distantes de suas casas e tratando professores como se nada fossem? Na verdade, a municipalização como vinha sendo feita só servia para agradar prefeitos aliados do atual governo.

Fico contente que o governo do Estado de Pernambuco tenha suspendido a municipalização do Ensino Fundamental II. Afinal, lotar salas não é assegurar qualidade de ensino. O aluno é o centro da educação e não a garantia do aumento de repasses. 

Caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita e a política educacional siga os rumos por ela traçados a educação receberá grandes investimentos para sua melhoria oriundos do pré Sal, incluindo nisso a real valorização do professor, com salários dignos de sua função, equiparados ao de outras profissões com Ensino Superior.

O Governo do Estado reiterou sua promessa de construir um novo prédio para a Escola Cônego Emanuel Vasconcelos e com isso temos a esperança de continuar a existir e a nos dedicar à educação dos nossos jovens e adultos.

Mas nem as escolas do município nem as de rede estadual poderão vencer os obstáculos a elas impostos sem a participação da sociedade.

Debater o futuro da nossa educação é necessário para todos nós.

Professores municipais e estaduais precisam se unir para exigir melhorias na educação, se colocando acima de partidos e pensando coletivamente, como uma categoria.

Pais e responsáveis devem ser mais presentes na escolas. 

E você, cidadão ou cidadã, você também deve se sentir responsável pela qualidade da educação em sua cidade, seu estado e seu país.

Não adianta reclamar e nada fazer para mudar.


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3 comentários:

  1. QUANTA FRANQUEZA! PARABÉNS, PROFESSOR. PENA QUE NESSA CIDADE AS PESSOAS NÃO SE OCUPEM EM PENSAR SOBRE AS COISAS ANTES DE FALAR E TUDO SE RESUMA A CORES E PARTIDOS.

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  2. Gostei do texto. Sônia falou muito bem e não deixou breicha no que disse. Parabéns secretária.

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  3. Concordo com o seu comentário professor e quero aproveitar o espaço para parabenizar a secretária Sônia pelo seu empenho na educação de Venturosa. Ela dá o seu melhor e tem clareza no que diz porque está agindo com a convicção de quem age com o coração. Os desafios são grandes mas ela não foge da luta. Parabéns Sônia.

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