Os tempos estão mudando. Não
muito atrás os acidentes chocavam e comoviam, cenas fortes não eram exibidas
para poupar os mais sensíveis ou por respeito aos familiares dos envolvidos.
Mas nos tornamos compassivos e tolerantes com o que há de pior no comportamento
humano, fomos expostos há tanta violência, corrupção e falsidade que a maldade
tornou-se cena do cotidiano, e o que é pior, característica de alguns.
Além disso há o novo modelo
de sociedade virtual, onde cada um quer expor sua vida e desnudar sua alma. Não
como realmente se é, mas como se deseja ser. E nas redes sociais todos são
ricos e felizes, detentores de passes vip’s para a vida, frequentadores
assíduos das melhores festas e alçados em modelos das melhores grifes.
Pessoas-etiqueta, participantes do big brother facebook.
E quando tudo isso não é o
bastante, é preciso chocar. É preciso sentir-se como alguém capaz de motivar
pessoas, de promover interação de qualquer tipo. Então, assim como os abutres
perseguem o cheiro da morte e sobrevoam aqueles que dela não escapam, os
abutres virtuais fazem o mesmo com acidentes, cenas de suicídio, pessoas com
algum tipo de deficiência ou necessidade especial e com aquelas que passam pelo
estágio terminal de alguma doença.
E pedem para curtir, digitar
o seu “amém” para ajudar. Sobrevoam a carniça e pedem a aprovação dos
desavisados. Por desejarem chamar atenção, qualquer tipo de comentário vale, e
se forem criticados: melhor! Sim, porque daí podem criar polêmica e vestir a
carapuça de vítima, da pessoa bem intencionada que é “agredida” por aqueles que
na opinião delas “querem ser donos da verdade”. Então mudam a verdade ao seu
bel prazer, arrematam a opinião de outros abutres, algumas hienas e cordeiros
de última hora. E nunca esqueçam das serpentes. Essas espalham veneno para
todos os lados e também acompanham com assiduidade carniceiros e carentes de
atenção.
Na sociedade dos abutres a
vítima sempre será aquele que encara as redes sociais como um espaço de
interação com amigos, divulgação de ideias e debate sadio. Então, por me negar
a pecar por omissão, denuncio a sociedade dos abutres, dos carentes de atenção,
das serpentes e demais seres desse nicho cada vez maior. É preciso abrir os
olhos, antes que mergulhemos numa ditadura ou pior, passemos a replicar esse
tipo de comportamento.
Não será estranho, infelizmente, que nessa sociedade macabra alguns sintam-se felizes ao registrar selfies com caixões ou cenas trágicas ao fundo. Afinal, para eles tudo é válido na guerra por atenção.
Emerson Luiz
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