Todos nós somos prisioneiros dos nossos sonhos, mas de que sonhos?
“E
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u tenho um sonho”. Assim falou
o reverendo Martin Luther King Jr. para as milhares de pessoas concentradas em
Washington, capital dos Estados Unidos, para reivindicar seus direitos civis.
Uniram-se contra a segregação racial que tornava os negros americanos uma
sub-raça dentro do seu próprio país. Motivado por um forte amor à justiça e a
liberdade que transborda dos escritos bíblicos o pastor batista Luther King Jr.
lutou incansavelmente e banhou com seu sangue essa luta.
Contemporâneo
dele, o ex-beatle John Lennon compôs uma ode a paz. Em tempos de turbulência
gerados pela Guerra Fria que se desdobrava nos conflitos da Coreia e do Vietnã,
Lennon convidada a todos a imaginarem um novo modelo de sociedade, onde não
houvesse nada pelo que matar ou morrer. Onde todos convivessem como irmãos.
“Você pode achar que sou um sonhador, mas eu não sou o único”.
Raul Seixas
frisava em mais uma de suas ótimas canções: “Sonho que se sonha só, é só um sonho
que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. O que esses três
homens tinham em comum? O que eles têm em comum conosco? Todos, de uma forma ou
outra, foram capazes de fazer uma leitura de mundo e sonhar com algo melhor,
algo que tocasse a todos.
Faz parte do
ser humano desejar superar as dificuldades que lhe são impostas. Essa é a
dinâmica da vida. Mas enquanto existem aqueles que são capazes de se doar pelo
sonho de muitos, existem os sonham apenas com melhorias para sua vida, e
defendem esses sonhos com unhas e dentes, com toda sua força, alma e
entendimento. Mascaram suas ambições pessoais como sendo um serviço para a
maioria e repetem tanto isso que passam a acreditar, parcialmente no que dizem.
E quando falam: “Quero o melhor para todos” deveriam estar dizendo: “Quero o
melhor para mim”.
“Todos nós
somos prisioneiros dos nossos sonhos”, disse o poeta. Dos bons e dos maus
sonhos também. Até onde você iria para defender os seus? Há os que são capazes
de doar a própria vida para que o sonho de um mundo melhor e uma sociedade mais
justa se concretizem: Jesus, Gandhi, Madre Tereza, Martin Luther King Jr, Irmã
Dorothy, Chico Mendes, Zilda Arns e tantos e tantos outros.
Mas também
existem aqueles que são capazes de matar e destruir para ver realizados seus
sonhos, que de tão egoístas deveriam ser chamados de ambições pessoais. No
caminho que escolhem para atingir destaque, sucesso ou bens materiais são
capazes de tudo, desde calúnias para denegrir a imagem alheia até os mais
aberrantes casos de violência. Psicopatas sociais que são capazes de
teatralizar suas reações e emoções, distorcer a realidade para que lhe favoreça
e arruinar a vida de quem quer se coloque entre eles e o objeto do seu desejo.
É hora de
rever nossos sonhos, reavaliar nossos conceitos e nos indagar sobre nossas
motivações. Precisamos nos unir em torno de sonhos coletivos: a superação da
miséria, um modelo social mais justo, a inclusão de todos nas benesses da
sociedade. Para isso é necessário também rever quem representa os nossos
ideais. Luiza Erundina deu um exemplo à nação ao se recusar a compor a chapa de
Fernando Haddad. O apoio de Paulo Maluf ao candidato petista foi de encontro à
ética dela. O poder pelo poder não é justificativa.
Todos os
políticos calçam quarenta? Erundina mostrou que não. O Brasil precisa de mais
exemplos como este. De que a dignidade não tem preço e que apoios não devem ser
comprados. Que o sonho de governar por si só não basta. O bom político é antes
de tudo um servidor do povo que ele representa, dos interesses do povo e não da vontade de um
grupo de pessoas.
O Brasil
nunca será o pais que deseja ser sem que antes nós, os eleitores, sejamos
capazes de exigir que os nossos representantes sonhem com melhorias para a nossa sociedade e não para a seleta classe
social da qual fazem parte. A manutenção do poder por um grupo, como no caso de
São Paulo, não pode ser confundida com a vontade do povo.
O povo quer
mais que um partido, um povo quer saúde, educação, cultura, segurança e a
garantia dos seus direitos. O povo, o coletivo de pessoas, sonha com isso. E
por esse sonho, sim, vale a pena se dedicar.
Professor Emerson Luiz.
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