segunda-feira, 26 de maio de 2014

A seca de 2014 foi maior que a de 1988, mas não trouxe saques a supermercados nem ondes de migração. Isso tudo é resultado das políticas sociais do Governo Federal.

Um povo sem memória tende a ser castigado na repetição dos mesmos erros. Era jovem demais em 1998, mas lembro bem daquele Brasil. Lembro dos pipas, das filas por baldes de água, das notícias de cidades onde o povo sem comida invadia mercados e vendas e atacava feiras em busca de alimentos. Lembro das multas para quem consumisse mais energia elétrica do que o governo queria, assim como lembro que as únicas oportunidades de Ensino Superior no interior eram as autarquias que formavam professores e cobravam caro por isso. Lembro dos muitos desempregados e dos que eram explorados por fazendeiros, comerciantes e madames da alta sociedade que pagavam R$ 10,00 por um dia de trabalho. Por coincidência os mesmos que hoje dizem que o bolsa família "sustenta vagabundo" e que depois de Lula "ninguém quer trabalhar". Lembro sem nenhuma saudade dos tempos do PSDB. Por isso reproduzo esse brilhante artigo de Fernando Brito no Tijolaço. Vale a pena ler.



A fome de seca e a seca da fome

26 de maio de 2014 | 15:20 Autor: Fernando Brito
menosfome
Hoje, no lançamento do Plano Safra de Agricultura Familiar, Dilma Rousseff  afirmou  que, se a seca é um fenômeno inevitável, a fome pode, sim, ser evitada.
“Quero dizer pra vocês que uma das coisas que não podemos aceitar é uma visão a respeito do semiárido que está passando por uma das maiores secas dos últimos 50 anos, tem gente diz que é dos últimos 100 anos, porque agora começou a chover de forma regular, mas como a seca foi muito dura, não houve recomposição ainda dos açudes, porém é importante fazer algumas constatações” afirmou Dilma.
“Nós não vimos aqueles movimentos que víamos há 12 anos, 15 anos atrás, que era a população sem ter como sobreviver tomando medidas drásticas, como invadindo supermercado, fazendo grandes levas migratórias. Por quê? Porque temos rede de proteção social”, prosseguiu Dilma.
duassecasSerá que a Presidenta está sendo irreal ou injusta?
Este modesto blog tem obsessão por fatos, então foi ao site no Instituto de Pesquisas Especiais ver se, de fato, a seca este ano foi idêntica à de 1998, que produziu a ilustração e a reportagem da insuspeitíssima Veja no governo Fernando Henrique Cardoso, que fui buscar depois da seleção brilhantede João de Andrade Neto, editor do Conversa Afiada.
Não foram secas iguais.
A deste ano foi muito mais intensa e atingiu uma área muito maior, como você pode observar nos dois mapas aí ao lado, que registram a chuva acumulada de 1° de janeiro a 25 de março de cada um dos dois anos, que você pode ampliar clicando na figura.
Amarelo, laranja e marrom marcam as áreas com menor precipitação, em ordem decrescente.
Marrom é um dedo de água acumulada em três meses, somando tudo.
Só de olhar, dá pra ver que a seca deste ano foi mais intensa e mais extensa, com menor índice pluviométrico e mais áreas atingidas.
Mas o 14 não foi como “O Quinze” magistralmente narrado por Rachel de Queiroz, nem como o “98″ que provocou a reportagem da Veja.
A “dança da seca” da mídia, com o coro de Aécio Neves e, agora, de Eduardo Campos, na esperança de que um apagão elétrico provocado pelo esvaziamento das represas não é inventada do nada.
A seca é imensa e terrível.
Só que encontrou um Brasil melhor e mais bem estruturado, seja na segurança energética, seja na segurança alimentar.
Como não vamos eleger São Pedro, é bom olhar os fatos e ver que fantasma do passado existe, sim.
E precisa ser exorcizado.

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