sábado, 27 de dezembro de 2014

NÃO SE PINTE COM ESSAS CORES, DILMA. REFLEXÕES SOBRE AS NOMEAÇÕES DE CID GOMES E KÁTIA ABREU



Não, meus amigos, não mudei de lado nem passei a integrar a oposição reacionária e irresponsável ao governo Dilma Rousseff, aquela do “quanto pior, melhor”. Ninguém me verá comemorando a manobra entreguista que pretende desmoralizar a Petrobras para loteá-la aos estrangeiros, tão pouco fazendo coro as indignações seletivas que só se revoltam contra corruptos ligados ao Partido dos Trabalhadores. Não esquecerei nem deixarei esquecerem que o mensalão tucano completou dez anos sem nenhum culpado, ninguém foi julgado até agora!
Durante a campanha presidencial fui às ruas por Dilma, pedi votos, levantei bandeiras reais e virtuais para defender a continuidade das transformações positivas que foram iniciadas no Brasil por Lula, acreditei, como milhões, que Dilma era (e é) dona de um coração valente. Mas em nome da governabilidade e para acalmar investidores, Dilma está esquecendo de quem a elegeu e das lutas históricas de quem a elegeu. Não foram os bancos, as empreiteiras, os jornais ou as redes de televisão. Quem elegeu Dilma foi o povo, principalmente a sua parcela mais humilde que foi agredida e chamada de “bovina” e ignorante por alguns analistas políticos.
As nomeações de Kátia Abreu e Cid Gomes contrariam os desejos dos movimentos sociais, dos povos indígenas e dos professores, Dilma. Não lutamos para ver a primeira dama do agronegócio e líder da bancada ruralista investida de poderes ainda maiores. Os projetos que ela defende são anticonstitucionais, violentos e retrógados. No que diz respeito aos povos indígenas, Kátia quer rasgar a Constituição, dando aos latifundiários o poder que é exclusivo de um presidente: reconhecer e demarcar terras indígenas!
Na educação uma nomeação igualmente contraditória. O irmão mais novo de Ciro Gomes mostrou lealdade a Dilma e enfrentou Eduardo Campos, saindo do PSB e lutando em seu estado para eleger a presidente, mas isso não o torna apto a dirigir um ministério de tamanha importância para o país. Lembremos que durante uma greve legítima de professores em seu estado, Cid disse que funcionários públicos deveriam trabalhar por amor e não por dinheiro. Até agora esperamos que ele abra mão dos seus vencimentos e trabalhe motivado apenas pelo sentimento fraterno que nutre por todos os seres humanos.
Transformação social não se fez sem o povo, Dilma. Lembre da máxima iluminista, o poder emana do povo e para ele retorna, a política deve ser feita com o povo, pelo povo e para o povo. Aécio representava o mercado neoliberal  e selvagem, Marina a falta de identidade e o servilismo da última hora, Eduardo Jorge um verde sem raiz forte e Luciana a guerreira desprovida de exército. Você foi aquela que congregou as esperanças da maioria de nossa gente, não se esqueça disso.

Continuo a acreditar em você Dilma, mas isso não me faz abandonar o meu senso crítico. Nós, o povo, queremos mais ética e transparência, queremos a manutenção de nossos direitos e novas conquistas, desejamos um pais mais justo, que cresça com responsabilidade e inclusão social. A esperança venceu o medo nas eleições e se preciso for, lutará de novo. Não renegue nossas bandeiras históricas, Dilma. Ainda acredito na estrela que hoje você empunha, mas não abro mão dos ideais que ela representa. Nem por você, nem por ninguém.

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