sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SOBRE O DEPOIMENTO DE DONA RENATA CAMPOS PARA MARINA SILVA, SOBRE PERNAMBUCO E SEU ESPÍRITO REVOLUCIONÁRIO E OS VENTOS DA LIBERDADE QUE NÃO DEVEM SER REPRESADOS.

Muitos analistas políticos viram na demora da manifestação de apoio de Dona Renata à Marina Silva um sinal do sadio afastamento da família de Eduardo Campos do projeto de poder de Marina, que a cada dia se afasta das camadas populares e passa a defender os interesses reacionários e elitistas de bancos, especuladores, remanescentes da Ditadura e donos de grandes grupos de mídia. Marina nunca foi PSB, tentou ser Rede e nunca aceitou ser partido algum que não se curvasse a sua ambição. Esta é a sua biografia política.

Quando Pernambuco prestava suas homenagens a Eduardo Campos, Marina sorria próxima ao caixão onde repousavam os restos mortais do ex-governador morto de forma tão trágica. E depois dessa cena bizarra, outras se sucederam: o recuo em relação a direitos GLBT, o apoio a grandes latifundiários, a independência do Banco Central e redução da importância dos bancos estatais, revisão da CLT para beneficiar empregadores e acarretar grandes prejuízos aos trabalhadores, fora a vitimização e uma ou duas inverdades ditas aqui e ali sobre a própria biografia.

Eduardo Campos perseguiu um sonho. Sua pretensão era válida, embora eu sempre a tenha encarado como prematura. Mas o sonho de Eduardo pertencia a ele e não deve ser confundido com o sonho de Marina ou de Paulo Câmara. Pernambuco não deveria jamais votar em quem quer que seja como gesto de homenagem póstuma, haja visto que quem está na eternidade não governará com os vivos, e no caso de Marina e Paulo Câmara, os bem vivos.

Ouvi atentamente as palavras de Dona Renata. “Marina pegou um pouco de Eduardo, Eduardo pegou um pouco de Marina”.  Não, Dona Renata, Marina nada pegou de Eduardo a não ser os benefícios eleitorais com a morte de seu marido.

Pernambuco é a nova Roma de bravos guerreiros. Por duas vezes esse estado se levantou contra as injustiças, chegando a se auto proclamar uma república quando as forças imperiais eram fortes. Pernambuco se orgulhava de se curvar apenas para saudar a bandeira, símbolo de nossa pátria mãe. Somos os leões do Norte, e isso quer dizer que somos fortes, bravos e orgulhosos de nossa história e de nosso modo de ser.

Um povo com essas características deve ser o senhor de sua história. História que deve ser construída com suas lutas e conquistas. Parte desse povo é grato a Campos, como também é grato a Lula por ter investido em nossa terra como ninguém antes dele fez, e como também é grato a Dilma por ter continuado com a revolução social iniciada por Lula. Foram eles que deram sustentação ao governo de Eduardo, foram eles, e não Marina, que sonharam e lutaram por um Pernambuco melhor ao lado dele, embora o mesmo tenha se esquecido disso.

Votar em Marina ou Paulo unicamente porque Eduardo queria é abrir mão de quem somos. É represar os ventos da liberdade que sempre sopraram nesse estado para dar lugar a melancolia e uma emoção distorcida pela morte. Uma morte trágica que poderá nos legar um destino trágico, pois nada nos garante que Marina e Paulo são do povo e para o povo. Uma está a serviço dos bancos, o outro se arvora em líder sem nunca ter liderado.

Lamento a morte de Eduardo e a dor de toda sua família, mas isso não me fará abrir mão dos meus direitos, da minha liberdade. O Brasil não merece ser sacudido por Marina, não merecemos o risco de perder nossos direitos trabalhistas, o sonho da casa própria, a alegria de ver nossos filhos em faculdades e crescer sem perder nossos empregos para garantir o lucro dos bancos. É isso que Marina representa. O fim do sonho de um Brasil que se encontrou na história.

Sobre Paulo não tenho muito a dizer. Ele era a escolha de Eduardo, só de Eduardo. Estava pronto para fazer tudo o que Eduardo mandasse e como ele mandasse. Isso, por si só, já era um enorme erro. Então, o que dizer dele agora que Eduardo se foi?


Pernambuco não merece Paulo Câmara como governador. Nosso estado, a nova Roma de novos guerreiros, deixou de ser uma capitania hereditária há tempos. Deve continuar assim.

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