segunda-feira, 14 de maio de 2012

Crônica: E os ranços da velha política invadem as novas tecnologias




Há um ditado que diz que "em política se o nosso candidato não tiver qualidades nós criamos uma e se o nosso adversário não tiver defeitos nós inventamos vários". Um pensamento torpe que, infelizmente, pauta a ação de muitos cabos eleitorais e eleitores mais aguerridos. Quem perde com isso? Toda a população.

Numa campanha política está em jogo o destino de uma cidade por quatro longos anos. O gestor eleito pela maioria dos votos deverá saber administrar recursos nem sempre necessários para assegurar serviços de educação, saúde, saneamento básico, emprego e desenvolvimento e tem o dever de esclarecer a toda a população como pretenderá fazer isso.

Então, há um esforço maciço para que esta exposição de ideias não venha a acontecer. Antes que se possa perceber a fragilidade de determinado candidato é necessário destruir a imagem dos opositores. E para isso vale tudo:

Acusar de falta de simpatia ou excesso dela; de não ter serviços prestados ou só os ter com interesses mesquinhos; de não estar interessado no bem comum e só ter amor ao dinheiro, etc. Claro que isso só pode ser dito para a oposição. A situação deve permanecer casta e imaculada. Única representante legítima dos interesses populares. 

Nesse jogo somos capazes de assistir os perseguidores se vestirem de vítimas e promover ameças de violência contra eles mesmos para ganhar a simpatia do povo. Assim se desenha o espetáculo político.

E o que ocorre com os que pensam diferente? Sofrem do mesmo destino. Por expressarem descontentamento ou se dispor a ouvir propostas diferentes são acusados de "corruptos", "sem moral", "traidores", etc.

E o pior, são chamados de sem opinião por manterem sua opinião apesar das pressões. 

Violência gratuita velada pelo anonimato.

Certa vez um professor afirmou em um de seus escritos: "Falamos do que não temos, do que mais desejamos". Será que isso se aplica a violência e truculência dos "já ganhos"?

Por vezes tento evitar escrever tais posts. Tenho leitores de ambos os grupos políticos existentes em Venturosa. Respeito a todos e tento transparecer isso em meus atos, mas como disse Luther King Jr. : "O que me preocupa é o silêncio dos bons". Não posso calar enquanto injustiças são cometidas. 

A boa política se pauta em propostas viáveis e de interesse público, não em ataques pessoais que muitas vezes não ultrapassam o ridículo da calúnia e da difamação.

Os discípulos de Maquiavel deixariam o mestre decepcionado. 

E enquanto esperamos campanhas pautadas em propostas, com debates entre os candidatos e o respeito mútuo entre os partidários, em algum lugar discreto, cabeças se reúnem e confabulam sobre quem vai ser o próximo a ser ofendido.










5 comentários:

  1. Poxa professor,eu não tenho como agredecer a você,por tantos posts belissímos,eu agora conclui a minha formação e interesse como cidadão.

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  2. Parabéns por essa postagem, realmente é isso mesmo, eu concordo em número, gênero e grau com tudo. Infelismente é assim que fazem política ou politicagem em nosso Município. Você só é valorizado se fizer parte do time de largatixas, para balançar a cabeça do jeito que os mandatários quiserem. A partir do momento que você não concordar mais com eles, aí sim você é tido como traidor, etc. Ainda bem que temos esse blog para podermos nos expressar contra tantos desmandos.

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  3. Concordo com seu comentário Emerson, mas você acha mesmo que o ataque e injurias só parte da situação para a oposição? Pode ter certeza que não caro amigo, as ofensas são mutuas e não existe um lado”santinho” nessa historia.

    Outra coisa, você não pode generalizar um grupo, uma comunidade, etc. por atos isolados de algumas pessoas. Não vou esconder minha decepção em você, de forma generalizada, se referir a pessoas de um lado que não é o seu como “Os discípulos de Maquiavel”. Existem pessoas direitas e dignas, que praticam política honesta e limpa, mas não deixando esconder a juventude com brincadeiras, charges e ironias que na maioria das vezes não ofendem o lado pessoal de A ou de B. Você citou no post o nosso lado de “Acusar de falta de simpatia ou excesso dela”, lhe pergunto: Quem sempre falou que o prefeito é um cavalo e só trata o povo com ignorância? Você também citou que atacamos insinuando vocês de “só os ter com interesses mesquinhos; de não estar interessado no bem comum e só ter amor ao dinheiro”, mas quem é que chama os eleitores do partido da situação de “babões”, “cabos eleitorais do face” e etc.

    Acho que você não agiu certo nas suas palavras em generalizar.

    Se você não quer citar nome, mas deixe entender, como bom bloguista, a quem você esta se referindo, se é que você realmente não se referiu a todos. E não vou nem comentar o comentário: “Nesse jogo somos capazes de assistir os perseguidores se vestirem de vítimas e promover ameças de violência contra eles mesmos para ganhar a simpatia do povo. Assim se desenha o espetáculo político”.

    Admiro muito seu trabalho, suas noticias, sua determinação, em fim...Mas queria que você me tirasse essas duvidas.

    E me desculpe “me esconder” no anonimato, mas para a surpresa de muitos leitores do lado da oposição, existem muitas pessoas deste lado que perseguem, xingam, difamam, ameaçam, etc. Não são todos, a maioria são pessoas de bem, mas por esse motivo e por não ter atacado NINGUEM acredito que meu pedido vai ser aceito. Já comentei uma vez colocando meu nome, e não deu muito certo depois.

    Abraço a todos do lado da oposição e situação, a política é feita nas urnas e o respeito deve sempre prevalecer entre os lados!

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    1. Olá amigo navegante, gostei muito do seu comentário.
      Em primeiro lugar, fui contra os ataques dos anônimos desde o começo. Por isso meu blog não tem tantos comentários como o Meu Pernambuco ou o Sou mais Venturosa. Talvez o outro motivo é que eu também não crie comentários para o meu próprio blog.

      Ao ler um texto devemos ter cuidado com interpretação. Algumas vezes cometemos o erro de distorcer o que está escrito. Não generalizei nem tratei todos os eleitores de determinado grupo como discípulos de Maquiavel, até porque boa parte do texto narra os excessos cometidos por aqueles que articulam campanhas.

      Numa discussão mais aprofundada, nenhum articulador se sentiria ofendido a ser comparado com Maquiavel, o pai da Ciência Política e que até hoje figura nos debates acadêmicos dos cursos jurídicos.

      Esse equívoco me lembra algo ocorrido com um cabo eleitoral chamado Zagallo. Depois de ter agredido os jovens de Venturosa afirmando que estes não tinham capacidade de participar de um debate procurou de todas as formas perverter minhas palavras e até criar coisas que nunca disse.

      Sei que esta não é sua intenção.

      No mais não fui indelicado com quem quer que seja. Usei sim o termo "cabos eleitorais do face" para identificar os que espalham mensagens de cunho partidário nas redes sociais. Não sei como isso pode soar agressivo. Não é mais gentil do que os termos "te sento a vara menino mentiroso" e "pula otário" tão comum nas redes sociais?

      Também devo salientar que este bom humor nem sempre é respeitado. Meu próprio perfil do Face já foi vítima de uma "extremamente bem-humorada".

      Não é surpresa para ninguém que hajam pessoas boas e integras de ambos os lados. Dignidade e integridade não é privilégio de cores ou grupos. As campanhas políticas passam e nós, o povo em geral, filhos e filhas de Deus, permanecemos.

      Volto a afirmar que este não é um blog partidário. É um blog de ideias. Um espaço democrático e gostaria muito que não apenas você, mas todos os que aqui postam comentários se identificassem. Eu não concorro a nenhum cargo eletivo, sou professor, então gostaria muito que não fossem usadas as expressões: vocês ou o lado de vocês.

      Me dedico a esse blog há bastante tempo e não quero que esse trabalho seja diluído pela incompreensão de algumas pessoas.

      Uma boa tarde a todos e a todas e continuem acompanhando o blog.

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    2. * onde está escrito: "uma extremamente bem humorada" leia-se "uma pessoa extremamente bem humorada".

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