quarta-feira, 8 de julho de 2015

VOCÊ, O JUIZ DE TODOS NÓS

Primeiro eles odiaram os negros. Quando não mais puderam manter a escravidão, condenaram os explorados a viverem na margem da sociedade, morando nos altos dos morros e nas encostas, próximos ao leito de rios, vítimas de todos os tipos de violência a ausência do Estado.
Não, primeiro odiaram os índios. Por isso tomaram suas terras e tentaram escraviza-los. Quando não conseguiram dizimaram povos e destruíram histórias. Mais de quinhentos anos depois, continuam a lhes negar o direito à existência.
Estou errado. Primeiro odiaram os gays. Criaram leis proibindo sua existência, condenando-os a uma danação eterna.
Não! Tolo! Primeiro odiaram as mulheres. Trancafiaram todas elas em celas de costumes, normas e obrigações. Homem nasceu para mandar, mulher para servir!
E o que você tem com isso?
Você não é índio, nem negro, nem gay nem mulher.
Você é o juiz de todos nós, sentado numa cadeira confortável, condenando a todos por meio de um computador.
Você acha que “bandido bom é bandido morto”, que “petistas e esquerdistas deviam serem presos”, “não tem para quê cotas nem bolsa esmola, cada um tem que conquistar o seu”, “mulher que usa roupa provocante está pedindo aquilo mesmo”.
Está revoltado com tudo o que está aí, toda essa corrupção.
Mas fura fila. Sonega imposto. Bebe e vai dirigir. Trai. Mente. Compra produto pirata.
Pobre de você.
Porque quando eles tiverem massacrado os negros, os índios, os gays e as mulheres, quando tiverem revertido as mudanças, submetido as minorias ao seu sistema desumano, virão atrás de você.
Porque só tarde demais você vai perceber que foi manipulado.
Que abriu mão de sua liberdade para alimentar teus preconceitos idiotas.
Só aí você vai ver que ninguém deve ser descriminado como negro, índio, gay, mulher, esquerdista ou qualquer merda que você use para rotular quem não pensa como gostaria que pensasse.
Só quando tudo lhe for tirado é que vai perceber que a única coisa que importa é o que somos na essência: humanos.
Não deixe que o Brasil reviva os seus piores momentos.
Aprenda a contemplar o horizonte e deixe de mirar o seu próprio umbigo.
Faça mais e reclame menos.
Mais amor e menos ódio.
Mais povo e menos elite.
Somos todos Brasil!
Direitos iguais para os que nasceram iguais e que alguns provilegiados durante décadas trataram como sendo diferentes.
Liberdade para pensar e para amar.
Crescimento com oportunidades para todos.
É assim que as crises devem ser superadas, preservando seres humanos em sua dignidade.
O resto é podre.
E por isso deve ser combatido.

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