segunda-feira, 30 de março de 2015

SOBRE A MORTE E A PERDA DE AMIGOS



E o que a gente vira quando vai embora de alguém?
E o Senhô respondeu:
—Uns viram pó. Outros caem igual estrela do céu. Outros só viram a esquina…. E tem aqueles que nunca vão embora.
— Não? E eles ficam onde, Senhô?
— Na lembrança.” Texto atribuído à Caio Fernando Abreu.

Aos amigos Ivo, Cleiton, Gessé, César e Alciney

Diante da dor da perda, da ausência sem retorno, da ferida que não cicatriza, o mistério da Morte nos apanha em cheio. Não há palavras que preencham o vazio trazido por ela, nenhum explicação plausível paras as tantas dúvidas que ela traz. Muitas vezes a irmã morte desperta em nós um ódio que sequer conhecíamos em nosso peito.

Mas para os que tem fé, a irmã Morte pode representar a vitória dos que creem numa vida posterior a essa, uma vida eterna que não desfrutaremos porque merecemos tê-la, mas porque foi nos ofertada de Graça, pelo sacrifício daquele que atraiu para si os nossos pecados e nos livrou de toda a condenação.

Isso não quer dizer que nos iremos ficar felizes quando a irmã morte vier nos visitar ou tirar de nosso convívio quem amamos. Iremos passar por todos os estágios da dor, da negação à revolta, da aceitação à necessária superação.

A morte é o romper do casulo. É o passagem para um plano de existência maior. Somente em Deus teremos forças para aceitá-la, mas em nossa humana condição, talvez nunca cheguemos a compreendê-la.

O Mestre dos Mestres nos disse que ao acreditar nele, a venceremos. Não que ela não nos toque mais, ou que sua passagem não nos cause dor. Mas sua visita tem outro significado. Ela não marca mais um fim, e sim uma passagem. Como o rio que se encontra com o mar e também passa a ser mar ao deixar de ser rio.

Na dor podemos até brigar com Deus, mas nunca nos virar contra Ele. É dEle que virá nossa força, é nEle que teremos vida e é por Ele que todos seremos transformados.

A morte, como fim, foi derrotada. Que saibamos enxergá-la como mais uma etapa, uma passagem que há de conduzir a todos ao encontro com o Deus que nos criou e nos chama, por amor, ao retorno à pátria celeste.

Emerson Luiz

- Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz. (Tom Jobim)


Morrer não é acabar, é a suprema manhã. (Victor Hugo)

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