“E o que a gente vira quando vai embora de alguém?
E o Senhô respondeu:
Uns viram pó. Outros caem igual
estrela do céu. Outros só viram a esquina
. E
tem aqueles que nunca vão embora.
Não? E eles ficam onde, Senhô?
Na lembrança.” Texto atribuído à
Caio Fernando Abreu.
Diante da dor da perda, da ausência sem retorno, da
ferida que não cicatriza, o mistério da Morte nos apanha em cheio. Não há
palavras que preencham o vazio trazido por ela, nenhum explicação plausível
paras as tantas dúvidas que ela traz. Muitas vezes a irmã morte desperta em nós
um ódio que sequer conhecíamos em nosso peito.
Mas para os que tem fé, a irmã Morte pode representar a
vitória dos que creem numa vida posterior a essa, uma vida eterna que não
desfrutaremos porque merecemos tê-la, mas porque foi nos ofertada de Graça,
pelo sacrifício daquele que atraiu para si os nossos pecados e nos livrou de
toda a condenação.
Isso não quer dizer que nos iremos ficar felizes quando a
irmã morte vier nos visitar ou tirar de nosso convívio quem amamos. Iremos
passar por todos os estágios da dor, da negação à revolta, da aceitação à
necessária superação.
A morte é o romper do casulo. É o passagem para um plano
de existência maior. Somente em Deus teremos forças para aceitá-la, mas em
nossa humana condição, talvez nunca cheguemos a compreendê-la.
O Mestre dos Mestres nos disse que ao acreditar nele, a
venceremos. Não que ela não nos toque mais, ou que sua passagem não nos cause
dor. Mas sua visita tem outro significado. Ela não marca mais um fim, e sim uma
passagem. Como o rio que se encontra com o mar e também passa a ser mar ao
deixar de ser rio.
Na dor podemos até brigar com Deus, mas nunca nos virar
contra Ele. É dEle que virá nossa força, é nEle que teremos vida e é por Ele
que todos seremos transformados.
A morte, como fim, foi derrotada. Que saibamos enxergá-la
como mais uma etapa, uma passagem que há de conduzir a todos ao encontro com o
Deus que nos criou e nos chama, por amor, ao retorno à pátria celeste.
Emerson Luiz
- Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar.
Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz. (Tom
Jobim)
Morrer não é acabar, é a suprema manhã. (Victor Hugo)
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