terça-feira, 31 de março de 2015

O ESTELIONATO ELEITORAL DE PAULO CÂMARA, A PROMESSA NÃO CUMPRIDA AOS PROFESSORES E O DRAMA DA EDUCAÇÃO EM PERNAMBUCO

Hoje a presidente Dilma é acusada de estelionato eleitoral pela oposição. A crítica/acusação se baseia no fato de, enquanto candidata a reeleição, Dilma ter dito que a economia estava segura, que a inflação era invencionice da oposição e de que não iria mexer em qualquer direito nem que a vaca tossisse.

Ora, pouco tempo depois o que vimos foi um pacote de ações tão à direita que deixaria qualquer tucano orgulhoso. Dilma fez o que condenou em campanha, o que condenou nos discursos de Aécio e Marina, o que os eleitores dos respectivos candidatos diziam querer para o Brasil. Hoje a presidente sofre traições diárias de sua base, o eleitorado da oposição parece que só aceitaria tais ajustes (hoje assumidos como necessários) se vindos de seus candidatos e o eleitor de Dilma se sente como se à deriva num turbilhão de desinformações, escândalos e ameaças de golpe e ressurgimento de ideias fascistas em nosso país.

Mas o que me intriga é que em Pernambuco, estado do Nordeste que foi apontado como locomotiva da região, o candidato eleito com a promessa de governar como Eduardo, com eficiência, crescimento e desenvolvimento, apresentado como super secretário da fazenda, como homem que ajudou (nos bastidores) a fazer do estado o que ele era e por isso era o mais apto a liderar e gerir a terra dos altos coqueiros caminha na contramão do seu discurso e tolhe direitos dos professores, não é alvo de críticas, nem da imprensa nem dos “revoltados online”.

Paulo Câmara prometeu em campanha que dobraria o salário dos professores. Hoje se recusa a pagar o reajuste garantido pela lei do piso nacional do magistério. Justifica por um de seus secretários que o estado está no limite da lei de responsabilidade fiscal. Como, Paulo? Quem gerou tamanha dívida? O ex-secretário de fazenda, o homem que ajudou Eduardo? O homem que hoje é governador? O deputado Sílvio Costa Filho disse acertadamente que é uma dívida que Paulo deixou para Paulo.

Onde estão as medidas de contenção de despesas? Nos milhões que serão entregues aos prefeitos por meio do FEM, um programa eleitoreiro para manter a base fiel nos municípios pernambucanos? Talvez na quantidade de secretarias que abrigam aliados derrotados ou deputados eleitos que matreiramente não assumem seus mandatos para que estes sejam exercidos por suplentes que votarão sempre de acordo com a cartilha do governo?

Educação é coisa séria. Ela não depende apenas de salários, concordo. Mas precisa de bons profissionais. Há anos que o estado de Pernambuco enfrenta o déficit de professores de Química, Física e Matemática. Há mais de dez anos que os melhores mestres estão abandonando as salas de aula por não encontrarem condições adequadas e por não serem devidamente valorizados. É duro ter de trabalhar três turnos para manter a família, pagar a prestação da casa ou do carro e não ter vida social. É duro ser vítima de estelionato eleitoral.

Jornais de grande circulação apontaram uma dívida de oito bilhões em Pernambuco. O mesmo estado que paga a mais a uma empreiteira por uma Arena que ninguém, além de um presidenciável, queria. O mesmo que gasta mais de um milhão num bufet, que gastou centenas de milhares de reais com bolo de rolo, outras centenas em banheiros construídos em um zoológico, o mesmo com alguns dos impostos mais caros da federação, alguns cobrados, inclusive, sobre a água mineral.

Um estado onde algumas Escolas de Referência funcionam sem as mínimas condições. Onde se debate qualidade de ensino sem a presença de professores, professores que são ameaçados, assediados e tem os seus direitos negados.

Onde está o povo que quer mais educação? Os jovens que querem os seus direitos? Não ouço os sons de panelas quando o governador e o prefeito de Recife aparecem na televisão, em horário nobre, para falar no que seu partido fez pela educação nesse estado.

Não acreditei na promessa de ver meu salário dobrado. Não votei no senhor Paulo Câmara (Essa pequena frase será o bastante para que os apaixonados queiram desqualificar todos os argumentos elencados anteriormente) e fui crítico de muitos aspectos da política educacional do PSB, mas nem em meus piores pesadelos esperei ver educadores sendo tão massacrados.

Os professores que acreditaram nas propostas de Paulo para a educação foram vítimas de estelionato eleitoral?


Mentir é feio. Nessa proporção chega ser imoral.

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