Wanessa Camargo cantando nos protestos ao lado de Ronaldo, ex jogador de futebol. Assim como a maioria dos presentes na Paulista eram eleitores de Aécio Neves |
O TEXTO É DA REVISTA EXAME - Comento em seguida
EXAME - São Paulo – Pesquisa Datafolha
divulgada nesta terça-feira traçou o perfil dos manifestantes que foram para a
rua no domingo, em protesto contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo o
levantamento, 82% dos manifestantes disseram ter votado em Aécio Neves (PSDB),
candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014. As informações são do
jornal Folha de S.Paulo.
Segundo a pesquisa, 74% dos
que foram para a rua em São Paulo nunca tinham participado de uma manifestação
antes. Pelas contas do Datafolha, o protesto de domingo teve 210 mil pessoas. O
instituto afirma ainda que 76% dos que lotaram a avenida Paulista no domingo
tinham curso superior, e 68% tinha renda igual ou superior a 5 salários
mínimos.
Ainda segundo o jornal, o
principal motivo de protesto para a maioria dos manifestantes foi a corrupção –
47% foram para a rua contra os desvios de dinheiro público. O segundo principal
motivo foi o impeachment da presidente Dilma, que mobilizou 27% dos
participantes.
O perfil dos manifestantes foi
diferente do encontrado na mesma avenida na sexta-feira, dia 13 de março,
quando a Paulista recebeu uma manifestação organizada por CUT, MST e UNE, entre
outras entidades.
O Datafolha também traçou o
perfil de quem se manifestou nesta data, e encontrou uma maioria de eleitores
de Dilma Rousseff -- 71% disseram ter votado na petista no segundo turno das
eleições de 2014.
Segundo o instituto, o
protesto de sexta reuniu 41 mil pessoas, sendo que 48% participavam de uma
manifestação pela primeira vez.
Outra diferença é em relação à
renda dos manifestantes. No protesto do dia 13, 62% das pessoas tinham renda de
até 5 salários mínimos e apenas 33% recebiam acima deste valor.
Dentre esses manifestantes, o
principal motivo para ir às ruas foi protestar contra a perda de direitos
trabalhistas -- 25% foram ao ato por este motivo. A reivindicação de um aumento
para os professores mobilizou 22% dos manifestantes, e a reforma política, 20%.
Apesar das diferenças, os dois
grupos tinham pontos em comum. Segundo a Folha, a democracia foi defendida
pelos manifestantes nos dois dias. Ambos também criticavam o Congresso
Nacional. Dentre os que marcharam na sexta-feira, 61% avaliaram o Legislativo
como ruim ou péssimo. No domingo esse número subiu para 77%.
Não desmereço a validade de muitas das reivindicações do dia 15 de março. O combate à corrupção é uma delas. Mas é bom lembrar o caráter partidário do movimento. Muitos ali não pediam reformas, pediam apenas o impeachment. Uma moça loira e muito bonita ao ser entrevistada por determinado órgão de imprensa disse que tirando a Dilma entraria o Aécio. Desinformação à parte, é preciso lembrar coisas que a grande mídia quer esquecer: as faixas em apoio à ideias fascistas, as manifestações pró-ditadura e as declarações de ódio ao Partido dos Trabalhadores.
A maioria dos manifestantes era de classe média, não que isso invalide seu ato, são cidadãos como eu e você, embora não necessitem das mesmas coisas que nós, não sejam vítimas dos mesmos preconceitos nem enfrentem as mesmas dificuldades.
É preciso derrubar o mito de que o povo em geral deseja o impeachment da presidente Dilma. O povo deseja mudanças no rumo do governo, mais transparência e ética e a punição devida aos políticos culpados por crimes de corrupção, e esses políticos estão em praticamente todos os partidos e não apenas no PT.
Não defendo os malfeitos de alguns membros do partido, mas é preciso que se cobre o mesmo rigor nos julgamentos e na cobertura de outros escândalos. A exemplo do mensalão do PSDB, do aeroporto de Cláudio, da lista de Furnas, do metrô de São Paulo, do helicóptero com quinhentos quilos de cocaína, da compra de votos para a reeleição de FHC, das privatizações, enfim, tanta coisa que foi ou está sendo convenientemente esquecida.
Se você é contra a corrupção, deve ser contrário a ela em todos os setores, em todos os partidos e na sua vida pessoal.
No protesto do dia 15 ficaram de fora pedidos de mais saúde, educação, bem estar social, segurança, moradia e a tão esperada reforma política. Nada pelo fim do financiamento privado de campanhas.
Ou seja, as demandas populares não estavam lá.
Talvez pelo principal elemento motivador do protesto, tendo em vista a sua composição.
A maioria queria apenas uma coisa: "tirar a Dilma para pôr o Aécio".
E para isso valia tudo, até a volta à ditadura.
Não podemos caminhar para uma guerra civil porque uma parte do povo não aceita a derrota nas urnas e não reconhece a vontade da maioria.
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