sábado, 4 de abril de 2015

SOBRE A POLÊMICA PAIXÃO DE CRISTO DE ARCOVERDE

Ouvi ontem os comentários do padre Adilson Simões em um programa de rádio sobre excessos que teriam sido cometidos pelos atores do drama e depois vejo comentários sobre a não apresentação do espetáculo na cidade na noite da Sexta-Feira Santa.
Alguns internautas interpretaram esse fato como censura exercida pelo SESC, que patrocinava o evento, ou pelo padre, que reclamou publicamente daquilo que considerou excesso e um desrespeito à sua fé.
Como não estava presente não posso afirmar o que aconteceu, mas desejo fazer algumas reflexões. O amigo ou amiga que as lê é livre para concordar ou não.

Primeiro, desejo lembrar que símbolos religiosos, credos e liturgias são protegidos pela nossa constituição. 
O drama da Paixão de Cristo não pode ser dissociado do seu aspecto religioso. Narra a vida, morte e ressurreição de Jesus. Ele nasce no contexto de uma sociedade influenciada pela fé cristã e por isso qualquer grupo que a encene deverá, em tese, respeitar os valores e costumes dessa sociedade.

Montar um espetáculo como A Paixão para introduzir visões particulares que distoam da narrativa bíblica. Por ser Jesus a figura central da fé cristã, lhe atribuir frases e comportamentos que não seriam os seus fere não apenas a sensibilidade, mas a fé das pessoas. O padre se coloca a partir do papel de um sacerdote em defesa dessa fé. Erra quem, em nome de uma liberdade artística e interpretativa, escolhe o local errado para expressar suas visões particulares.

A grande maioria dos que vão assistir à Paixão desejam ver a encenação da vida do Cristo e não uma interpretação pessoal da mesma. 
Não defendo a censura. Não me oponho a liberdade de expressão.
Já escrevi para teatro e já produzi a Paixão em minha cidade. Mas ser a favor da liberdade de expressão não me dá o direito de desrespeitar a fé dos outros.
O artista é dono de visões particulares. Ele deve ter o bom senso de escolher os locais adequados para apresentá-las ao seu público.
A Paixão de Cristo não é um deles.

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