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Quem Irá Beneficiar a Redução da Maioridade Penal?
Já há algum tempo, várias entidades, órgãos, Legislativo,
Juristas, e a própria população tem discutido a possibilidade de redução da
maioridade penal no brasil, que atualmente é de 18 anos, para 16 anos. Desse
modo, o adolescente de 16 anos responderia pelo crime que eventualmente viesse
a cometer, não mais pelos mecanismos previstos no Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA, mas sim pelo código penal, da mesma maneira como hoje são
processados, julgados e condenados os maiores de 18 anos.
Pois bem, tendo em vista esta discussão, resta nos
posicionarmos sobre o tema. Porém, antes disso vamos listar alguns motivos que,
desde logo, fundamentarão nossa posição, vejamos:
·
Reduzir
a maioridade penal não reduz a violência: Diversos estudos do campo
da criminologia demonstram que a diminuição da maioridade penal, não diminuiria
a violência, pelo contrário, de certo modo aumentaria. Pois, se hoje, colocasse
jovens de 13, 14, 15 anos para praticar crimes, traficar drogas entre outros, a
mando dos chamados “chefões do crime”, pois estes menores respondem aos crimes
que vierem a cometer somente como ato infracional, tendo tratamento
diferenciado, o que aconteceria se a maioridade penal fosse reduzida? A respostas
é clara: jovens começariam a praticar crimes cada vez mais cedo, com 10, 11
anos.
·
Reduzir
a maioridade penal não afasta crianças e adolescentes do crime: O
problema da marginalidade entre os jovens é causada por uma série de fatores, a
idade é talvez uma das menores causas. Vivemos em um país onde, historicamente,
há má gestão de programas sociais/educacionais, escassez das ações de
planejamento familiar, pouca oferta de lazer nas periferias, lentidão de
urbanização de favelas, com políticas que tirem o jovem da do ócio (falta de
ocupação) e o ocupem, e assim por diante. A redução da maioridade penal não
visa a resolver o problema da violência. Apenas fingir que há “justiça”. Um
autoengano coletivo quando, na verdade, é apenas uma forma de massacrar quem já
é massacrado, a juventude.
·
Os
adolescentes são as maiores vítimas, e não os principais autores da violência: Pode
uma criança nascer já sabendo praticar crimes? O processo de marginalização acontece
num contínuo, e por causa de vários fatores, como o meio em que vivem, a falta
de oportunidades, de um planejamento familiar entre outros. É preciso combater
a causa, ou seja, munir estes jovens com uma gama de oportunidades e
experiências tais, que os impeça de “entrar na vida do crime”.
·
Não
adianta combater os efeitos, é preciso combater a causa: Não
adianta se discutir redução da maioridade penal, seja ela para a idade que for,
pois isso não diminuirá a criminalidade de modo algum, apenas abarrotará ainda
mais as cadeias já superlotadas brasileiras. Pelo contrário, é preciso se
evitar não que se pratique crimes, mas que os jovens virem criminosos, e isso
só se faz com políticas de prevenção, já mencionadas no tópico acima.
·
A
redução da maioridade penal é INCONSTITUCIONAL:
Pois afronta a Constituição Federal Brasileira de 1988, que reconhece
prioridade e proteção especial a crianças e adolescentes. E fere ainda o
princípio mais importante de todo o ordenamento jurídico que é a Dignidade da
Pessoa Humana, princípio basilar de todo o ordenamento jurídico. Portanto a
redução é inconstitucional, além de ir contra os direitos humanos e
consequentemente todos os parâmetros internacionais.
·
Importantes
Organizações são contra a Redução: Dentre eles destacam-se,
UNICEF, OEA (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS), A CNBB (CONFEDERAÇÃO NACIONAL
DOS BISPOS DO BRASIL) E A OAB (ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL).
A redução da maioridade penal é um desserviço contra o
País, pois se tal fato realmente viesse a acontecer representaria um retrocesso
gigantesco para nossa sociedade, além é claro, de ir contra os parâmetros
estabelecidos na própria Constituição, regramento máximo de nosso país.
Diante de todo o exposto, como já percebido, nossa
posição é fortemente contrária a redução da maioridade penal, não só pelos
fatos e fundamentos aqui descritos, mais por inúmeros outros não elencados
aqui. Não é combatendo efeitos que se constrói uma sociedade melhor e mais
justa, mas sim combatendo as causas, combatendo o mal na sua raiz.
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