segunda-feira, 25 de junho de 2012

E o tempo passou... Lembranças do VEC




Nasci em 1983. Não sei se fazia chuva ou sol. De acordo com os astrólogos de plantão sou de áries, regido por Marte, um planeta guerreiro. Já o pessoal da numerologia afirma que as letras do meu nome desencambam num tal de 3, que é o número dos comunicadores. Os caras que mexem com nomes dizem que o meu vem do teutônico e quer dizer General Industrioso, o que está pronto para guerra. Não dou crédito a nada disso, mas que é uma grande coincidência eu gostar de comunicar algo, ah é.
Mas voltando a década em que nasci, a de 1980, teve muita coisa legal. O governo militar caiu de vez e o Brasil continuou pagando seus pecados. A morte de Tancredo e o fato de Sarney assumir a presidência é um bom exemplo disso.
Em 1988 veio a Nova Constituição, mas eu não dava importância a isso ainda. Muito criança eu lembro das corridas de prado e dos jogos do Venturosa Esporte Clube, o VEC. Tinha um campo de futebol e um de meus tios era árbitro. Sempre que havia jogo o campo lotava e o pessoal reclamava para a gente não ficar perto demais do alambrado. Ele estava caindo e podíamos nos machucar ou tomar uma bolada violenta.
O pessoal ia assistir o jogo e  muitos levavam um rádio de pilha. Enquanto assistiam ao VEC jogar ouviam o campeonato estadual. Meu pai é Náutico doente e não sei explicar porque fui torcer pelo leão da ilha. Bons tempos aqueles.
Fui crescendo e a situação do campo piorou. Foi caindo aos poucos, assim como o VEC foi sendo esquecido. Não sei se era a minha ilusão de criança, mas achava o VEC um dos melhores times da região.
O tempo foi passando e o Campo do VEC virou mote de campanha. A cada quatro anos a gente ouvia alguém dizer que ia dar jeito no campo. Dizia que ia arrumar um monte de coisas também, mas o campo aparecia sempre. Dizem que recursos foram liberados várias vezes, mas sinceramente acho que o preço de tijolo e do cimento sempre aumentou quando tentaram fazer algo lá, porque o serviço nunca ficou pronto. Deve ser difícil mesmo ser responsável por isso, afinal, tenho 29 anos e de lá para cá me lembro de ter ouvido a promessa quatro vezes.
Hoje o campo virou ilustre terreno baldio. Num dia incomum virou até local de pouso de helicóptero e recebeu o governador do Estado. Vi uma foto na internet e reconheci um dos muros que ainda está de pé. Não entendi como disseram que era o aeroporto de Arcoverde, mas sempre que pergunto sobre algo assim tem um pessoal que se irrita.
Fiz um desenho sobre isso, uma charge. Foi uma crítica bem humorada, mas o pessoal se irritou muito. Disseram que já tinha verba para isso, só que emperraram na burocracia. Burocracia danada essa que emperra até a saudade da gente. Burocracia de mais de 16 anos. Se eu pudesse acabava com essa tal de burocracia só pra ver se a demora é dela mesmo, mas como não posso agradeço a Deus por ter ao menos a liberdade de escrever e desenhar, porque se dependesse do povo que põe a culpa na burocracia eu não estaria falando dos bons e velhos tempos e você não estaria lendo essa crônica.
Dizem que o campo fica pronto esse ano, tinindo de novo. Quero sim ver o Campo do VEC de pé, mas não só o campo. Quero ver o time, nossos atletas tendo apoio e reconhecimento. Quero ver o esporte sendo valorizado em minha cidade. Ouvi dizer que a verba tá lá há mais de um ano, mas não vou falar sobre isso. Hoje, como antigamente, pensar é algo perigoso, principalmente para quem pensa. O tempo passou meu amigo, mas infelizmente certas coisas não.

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