sexta-feira, 21 de setembro de 2012

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Só saio da política quando morrer, diz Severino Cavalcanti

POSTADO ÀS 20:44 EM 20 DE SETEMBRO DE 2012
Fotos: Fábio Jardelino/NE10
Por Gabriela López, do Blog de Jamildo

Após ter a candidatura à reeleição de prefeito de João Alfredo, no Agreste de Pernambuco, impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) por causa da Lei da Ficha Limpa e decidir não recorrer da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Severino Cavalcanti (PP), ex-presidente da Câmara dos Deputados, dedica-se agora a eleger Anna Mendes (PSDB). A tucana era postulante a vice e assumiu a cabeça da chapa após a renúncia do aliado. Nesta entrevista exclusiva ao Blog de Jamildo, que foi ao município nesta quinta-feira (20) ouvir lideranças políticas e a população, ele conta como foi a decisão de não recorrer, faz um balanço dos seus mandatos e assevera: só sai da política quando morrer.
BLOG DE JAMILDO - Por que o senhor não recorreu da impugnação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)?
SEVERINO CAVALCANTI - 
Eu não tinha certeza de que a decisão seria favorável a mim. Então, diante desta dúvida... eu já fui consagrado tantas vezes. Estou com 81 anos, meio cansado. Mas diante da realidade... eu iria depender da decisão do TSE. Poderia acontecer de eu disputar a eleição, ganhar e se eu fosse impugnado depois quem iria assumir seria Maria [Sebastiana, do PTB, candidata da oposição] e eu não quero que ela assuma de jeito nenhum, porque vai ser um desastre para João Alfredo. Mas estou tranquilo com a decisão.

BJ - O senhor pretende sair da política agora?
SC -
 Não, de jeito nenhum. Eu só saio da política quando morrer. Já fui deputado estadual sete vezes, três vezes deputado federal e prefeito duas vezes. Nunca eu vi um comício como o que foi feito ontem aqui. Se minha mulher visse, ia morrer de ciúme, porque nunca vi me beijarem tanto. [risos] A coisa que mais gosto é da política. Ontem eu fui dormir de 2h conversando com o pessoal. E fui dormir de 2h porque foram embora. Se precisasse ficar até 3h eu ficava. E eu acordo às 7h. Hoje já fui a Carpina [cidade vizinha], resolvi um problema lá.

BJ - Como o senhor mesmo disse, já ocupou vários cargos. Tem algum que o senhor ainda tem vontade de tentar?
SC -
 Se o cavalo passar selado eu monto. [risos] Eu não me conformo com qualquer coisa. Fui consagrado nas urnas. Sou um homem feliz. Tudo o que eu quis eu consegui. Fui corregedor-geral da Câmara... um pau de arara que não teve ensino universitário sai de João Alfredo, vai para São Paulo, consegue ficar rico. Meu carro era um Cadilac, na época era o carro mais luxuoso que tinha. Agora, tenho um filho deputado estadual [Zé Maurício] e uma filha secretária estadual [Ana Cavalcanti, de Esportes]. Tenho 81 anos. Disputar mais mandatos é muito difícil, mas não é impossível, porque eu gosto. Não vou [disputar eleições] porque eles [os filhos] estão na minha frente. Vou ficar fazendo assessoria, orientando o caminho mais fácil para João Alfredo. Vou ficar com Ana Mendes. Vou ser uma espécie de menino de recado dela. [risos] Eu não preciso marcar para os ministros me receberem, não. Eu só chego lá.

BJ - Qual é o balanço que você faz do seu mandato como prefeito de João Alfredo?
SC
 - A merenda de João Alfredo é a melhor do Estado. Tem mães que mandam os meninos para a escola para eles comerem. Antes, na gestão da Maria [que já foi prefeita], só tinha três dias por semana. Outra coisa, eu consegui agora um aparelho de Raio-X para o hospital. Antes as pessoas tinham que viajar para fazer o exame e agora eles vão fazer aqui. Já tenho a documentação e tudo. Também tem várias fábricas chegando a João Alfredo. Hoje também consegui a liberação de dinheiro para recuperar a estrada que liga João Alfredo a Salgadinho [a PE-088]. Eu consegui por intermédio de Luciano Marçal, do Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]. Vai beneficiar não só João Alfredo, mas também as vicinais.

BJ - E na Câmara? Como foi a experiência como deputado, presidente da Câmara...
SC
 - Eu fui o único secretário da Câmara que devolveu dinheiro à União. No fim do mandato, quando sobra dinheiro, todo mundo dá para a imprensa. Por isso que a imprensa do Sul, Sudeste é contra mim. Em Garanhuns, no ano passado, Lula disse publicamente que deve o mandato dele a mim. Quando eu fui presidente da Câmara, arquivei sete pedidos de impeachment contra ele, porque não tinha nada contra ele. Era o poder econômico de São Paulo, do Rio Grande do Sul que pedia o afastamento dele.

BJ - Que análise o senhor faz da eleição no Recife?
SC
 - Olhe, eu sou do PP [partido que integra a coligação de Humberto Costa, do PT] e estou torcendo por Geraldo Julio [PSB]. Ele é o melhor candidato mesmo. Está melhor preparado. Vai dar maior respaldo ao Governo do Estado, porque os dois se entendem.

BJ - E sobre o Mensalão. O senhor acha que as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) vai interferir nas eleições municipais?
SC
 - Esse negócio de Mensalão é uma conversa mole. Todos os anos o poder econômico ajudava os deputados. Não tem um que não recebeu. Todos recebem doações de campanha, deputado, governador, presidente. Porque eleição é muito dispendiosa. Eu tive empresário que me dava cheque de R$ 200 mil, R$ 100 mil. Não tem um que não recebeu.

BJ - mas o que dizem do Mensalão é pagamento de propina em troca de apoio no Congresso...
SC 
- Isso eu não quero me meter. Nunca me meti e não sei se existia isso, porque eu não estava mais na Câmara quando isso apareceu.
Veja vídeo em instantes.

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