segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Professor Emerson Luiz entrevista o Professor Cirzirnande


É com imensa alegria que este blog volta a realizar entrevistas com personalidades da cidade de Venturosa, Pernambuco. O entrevistado desse mês é o professor Cirzirnande, um dos melhores educadores com quem tive o prazer de estudar e depois, de trabalhar nas escolas estaduais Quitéria Wanderley Simões. Nesse entrevista debatemos sobre temas como educação, serviços comunitários, política, entre outros. Desejo a todos os amigos navegantes uma ótima leitura:


DADOS PESSOAIS

Nome: Cizirnande Ferreira de Araújo. 
Data de nascimento: 20 de setembro de 1965
Estado Civil: Casado
Esposa: Nilvânia Maria Tenório
 Filhos: Cirzirnande Júnior ( Nando ), Crisnanda, Nívea e Nadine.
              
 Livros ou filmes que tiveram influência em sua formação?

Livros: As Veias Abertas da América Latina, Raízes, Olga, Mandela, Pedagogia do Oprimido.
Filmes: A Lista de Schindler, A Vida é Bela, Irmão Sol, Irmã Lua, O Nome da Rosa.

1.      O senhor é um educador, um dos melhores que conheci. O que o levou a escolher essa profissão?

Obrigado pela referência elogiosa. Agradeço-lhe por isto. Somente os bons alunos, ou seja, aqueles que buscaram na escola algo mais que os conteúdos ensinados, sabem perceber a importância de um educador e de um professor em sua vida.
 Por incrível que pareça, não escolhi esta profissão quando iniciei a minha carreira.  Tornei-me professor por força da realidade em que vivia minha família. Meu pai era pedreiro e agricultor; minha mãe, doméstica e agricultora. Ambos viviam migrando de um município para outro. Numa dessas viagens, já adolescente, fomos parar no Estado da Bahia. Lá, a Escola Pública existente só oferecia o curso de magistério. Outros cursos,  somente em escolas particulares e com mensalidades caríssimas. Não tive escolha, a realidade me impôs o magistério. Uma vez casado com esta profissão, já são vinte e dois anos de intensa convivência e de imenso respeito por aqueles que  não se divorciam dela.

2.      O professor é, por excelência, um formador de opinião. Como encarar essa responsabilidade de auxiliar na formação da criticidade?

Educar o aluno no sentido de tentar ajudá-lo a construir um caminho diferente do habitual é um desafio permanente. Não basta apenas repassar os conteúdos. Torna-se necessário que o professor tenha uma postura crítica e reflexiva sobre o meio que o cerca. É importantíssimo o professor trabalhar o lado da criticidade e da reflexão consciente dos problemas que enfrentamos no cotidiano. Temos encontrado algumas resistências, principalmente daqueles que precisam acordar, mas permaneceremos trabalhando este lado da construção de uma consciência cidadã e crítica.

3.      O que veio primeiro: o professor, o formador de opinião ou o político?

O professor veio por força da realidade, conforme já externei. O formador de opinião por força da aprendizagem, dos bons professores que tive, dos livros lidos, da reflexão da realidade vivida, das pessoas formadoras de opinião e da vivência do dia-a-dia. O político nasceu com os outros dois. Agora, a política partidária veio antes. Comecei a experimentá-la a partir de 1988 como membro do Partido dos Trabalhadores de Venturosa.
4.      
      Todos nós somos influenciados por alguém em nosso caminho. Quais as grandes influências em sua vida?

Quando criança, lembro-me da ausência de energia elétrica lá na vila onde nasci (Tará). Recordo-me que líamos alguma coisa com a luz do candeeiro. Estes fatos servem para ilustrar a realidade em que vivíamos. Mesmo diante de uma realidade adversa, era muito incentivado pelo meu pai que sempre dizia: estude, estude, estude. Enquanto meus irmãos o  ajudavam na roça, eu estudava, estudava e estudava... Outra influência muito positiva foi a da minha professora, Maria Luíza de Almeida, que me acompanhou nas quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Tive na minha adolescência e juventude uma forte influência para a prática do futebol de campo. Até fui considerado um bom peladeiro, pois jogava  constantemente. Vários jogadores de times do Tará e de Venturosa me serviram de  referência. Foi um período muito bom para mim.
5.      
            O senhor foi um dos sócios fundadores da Rádio Comunitária Venturosa FM. Hoje a emissora continua a expressar os mesmos ideais daquela época? Quais os elementos que uma comunicação a serviço da comunidade deve abordar?

 A Rádio Comunitária foi um projeto realizado por um grupo de venturosenses apaixonados por esta cidade. Começamos a dar os primeiros passos para a criação da emissora a partir do ano de 1996  . Com a ajuda de muitas pessoas, conseguimos, mesmo de forma precária, após longos anos de espera, colocar a rádio no ar. Da fundação da emissora até o presente, tivemos, entre membros de sua Diretoria, embates fortíssimos, o que levou muitos de seus sócios a se afastarem ou serem afastados das funções que exerciam. Lamentavelmente, uma rádio que nasceu para unir as pessoas, tornou-se fruto de disputas pessoais intermináveis. Torço para que os sócios que lá permanecem, possam zelar por este patrimônio do povo de Venturosa.
Reconheço o esforço de muitos de seus sócios, porém, há um longo caminho a ser percorrido no sentido de tornar a rádio “comunitária”. Quando os problemas da comunidade, da cidade e do município começarem a ser discutidos, talvez se inicie a vivência de um dos objetivos da radiodifusão comunitária em nosso município.
         
  
6.      Quando o senhor foi nomeado secretario de educação de município de Venturosa, na gestão do prefeito Albino Bezerra de Vasconcelos muita gente vibrou. Era como se um antigo sonho de educadores, colegas e alunos virasse realidade. Como foi para você assumir uma secretaria tão importante?

Entre os anos de 1995 e 1998, juntamente com o professor Cícero Jacinto, tive uma experiência muito boa na Direção da Escola Quitéria Wanderley Simões. O trabalho realizado pela equipe foi determinante para que o meu nome fosse lembrado para ocupar outro cargo, desta vez mais desafiador do que o anterior. Começamos com a certeza de que poderíamos repetir ou melhorar o trabalho feito no Quitéria Wanderley. Era nosso parâmetro. Não tinha a dimensão da grandeza da Secretaria Municipal de Educação: várias escolas, muitos servidores, muitos professores, professoras e o mais importante: uma grande quantidade de estudantes. Assumimos o desafio, e mais uma vez, a equipe que esteve comigo foi a grande responsável pelo sucesso que obtivemos durante o período que passamos à frente daquela Secretaria.
Foi gratificante. Dez anos depois, várias pessoas ainda comentam a nossa passagem, ainda lembram o trabalho que realizamos.

7.      O senhor foi o primeiro a pagar 13º salário, 14º, 15º e rateio para os trabalhadores da educação, isso quando os recursos em educação ainda eram parcos, antes da implantação do Fundeb, como conseguiu?

Conseguimos com muito planejamento e fazendo poupança dos recursos que eram depositados na conta do FUNDEF. O que sobrava do pagamento da folha salarial dos professores era poupado para ser pago no final do ano. Fizemos uma boa poupança, o que resultou no pagamento do 14º, 15º e rateio.  O interessante é que esta ação foi, também, desenvolvida por outros gestores que nos sucederam, ocasionando ganhos para os professores.

8.      Ainda sobre sua atuação como secretário, queria abordar um tema polêmico. O senhor era um dos melhores secretários da gestão Albino Bezerra de Vasconcelos e, de repente, deixou de ser. Muitos foram pegos de surpresa e julgaram que seria um desentendimento passageiro, depois se confirma a notícia que Cirzirnande teria abandonado a secretaria de educação e em seu lugar estaria o empresário José Lemos de Vasconcelos. Como isso ocorreu?

Antes de completarmos  uma ano à frente  da Secretaria Municipal de Educação, já vinha externando um certo descontentamento com algumas ações desenvolvidas no âmbito do Governo Municipal. O Prefeito eleito, na época, afastou-se alegando problemas de saúde. A prefeitura começava a ter problemas gerenciais e administrativos. Após o afastamento do Prefeito eleito, o Vice começa a exercer as prerrogativas de Chefe do Executivo conforme determina a lei. Durante seis meses, trabalhou para organizar as finanças da Prefeitura e para melhorar os serviços prestados  à população. Neste ínterim, houve um “desentendimento” entre o Prefeito eleito e o seu Vice que estava comandando a Prefeitura. Em solidariedade ao Vice-Prefeito, Ranulfo Quirino, hoje amigo e compadre, que passara o cargo no final de 2001 para o Prefeito Eleito, manifestei a intenção de deixar o governo. Recebi um abaixo assinado com centenas de assinaturas pedindo a minha permanência na Secretaria. Diante do apelo de tantas pessoas, solicitando que eu permanecesse, fiquei aguardando o diálogo com representantes do Executivo. Não havendo nenhuma conversa, redigi ofício ao Chefe do Executivo e coloquei o cargo à disposição.
Após o retorno do Prefeito Eleito, viajei para a cidade de Garanhuns e, quando voltei, uma amiga e professora me informou que havia sido nomeado um outro secretário. No dia seguinte, um emissário da Prefeitura veio até minha residência trazer a portaria me exonerando do cargo de Secretário de Educação do Município de Venturosa. A partir da minha saída fiquei afastado do governo por um bom período.

9.      Alguns anos mais tarde, o senhor disputaria o pleito como vice-prefeito junto com Albino. Hoje o senhor considera isso um erro?

O trabalho realizado na Secretaria, apenas por um ano, fez com que o meu nome fosse lembrado para compor a Chapa Majoritária. Naturalmente, com o meu afastamento da Secretaria houve um distanciamento do Governo Municipal. No período em que fiquei afastado, muitas pessoas deixaram o Governo. Para o povo a minha imagem está associada à figura do Secretário, associação correta. Só que eu era presidente de um partido político e pela primeira vez em Venturosa este partido iria compor a chapa Majoritária. O nome no partido poderia ser de qualquer membro, contudo, a pessoa que, segundo os filiados, poderia compor a chapa seria eu. Por maioria absoluta dos votos daqueles  que participaram da reunião da convenção do partido, decidimos que o PT indicaria o candidato a vice-prefeito e o nome escolhido seria o meu. Poderia ter recusado a escolha, mas o partido havia feito aliança nos anos anteriores com o mesmo grupo político. Em 1992, o PT e o PSB de Venturosa caminharam juntos. No ano de 1996, repetimos a aliança e mais uma vez perdemos a eleição. Chegamos em 2000 com uma ampla aliança e mais uma vez o PT e o PSB estavam juntos, desta vez o grupo venceu a eleição. Quando chegou 2004, os partidos eram os mesmos de 2000, com uma diferença: o grupo estava no poder, o grupo tinha governado. Diante dos problemas que  começaram a surgir na época, um grupo de correligionários do prefeito terminou saindo para formar uma aliança com o PFL local. Nós do PT poderíamos também ter saído, uma vez que eu estava afastado,  não para fazermos aliança com o PFL, mas para retomarmos o caminho de anos anteriores; ou seja, lançar uma candidatura a prefeito desvinculada do grupo que apoiávamos. Até hoje, muitos venturosenses desejam uma alternativa para as candidaturas que estão sendo apresentadas.
 Não tenho nenhuma dúvida de que erramos naquele momento. Não sabíamos da dimensão dos reais problemas administrativos vividos pela prefeitura. Apostamos no escuro, uma vez que não conhecíamos nem tínhamos o controle de nenhum órgão. Quando fechamos a aliança, acreditávamos que os problemas poderiam ser amenizados. Não foi o que ocorreu. Os problemas administrativos surgiam com freqüência e as pessoas responsáveis pelo gerenciamento não conseguiam  resolvê-los, empurrando a campanha para baixo e facilitando  a vitória da oposição.
Paguei um preço muito alto por ser partidário. Poderia ter feito como muitos que estavam no barco e pularam para criar um novo barco com peças já usadas que não sabemos até onde navegará. Eu estava fora, vi o barco e os amigos afundando e tentei salvar alguns, não foi possível socorrer ninguém.

10.  Vamos falar sobre educação. Como o senhor avaliaria a política educacional de nosso município?

Os municípios brasileiros têm um desafio enorme quando o assunto é educação. Venturosa não é diferente. Pernambuco não é diferente. Os números apresentados pelas últimas avaliações indicam que temos um longo caminho a  percorrer.  Não tenho acompanhado com frequência os dados educacionais do nosso município, uma vez que faz dez anos que estive no comando daquela Secretaria. Acredito que os problemas de Venturosa sejam os mesmos da imensa maioria dos municípios do Brasil: professores com salários baixíssimos, evasão altíssima, repetência elevada, falta de estrutura das escolas, pouco investimento do PIB em educação, qualidade da aprendizagem aquém do desejável. A esperança está na aprovação de Plano Nacional de Educação que se encontra para discussão e debate no Congresso Nacional.
11.  Tanto os servidores estaduais quanto os municipais estão descontentes com seus vencimentos e com o excesso de cobranças. O educador em Pernambuco ganha um salário justo?
Nós conhecemos a trajetória de muitos municípios pernambucanos. Há algum tempo  os prefeitos pagavam a metade do salário mínimo aos servidores. Depois começaram a pagar o salário, mas não conseguiam concluir a folha, pois atrasavam o pagamento. Hoje, muitos pagam o salário, porém não reajustam na data proposta pelo Governo Federal. É preciso que os governantes,  principalmente os municipais, avancem no sentido de garantir uma política salarial que contemple parte das reivindicações dos servidores.
Os professores pernambucanos, até poucos dias, recebiam o menor salário do país. Com o último reajuste, que ocorreu no último mês de junho, do ano em curso, passamos a receber RS 1.187,00 para 200 aulas mensais. Quem tiver graduação vai receber 1.247,00. Como podemos constatar, Pernambuco não tem dado prioridade à questão salarial dos seus professores. Muitos municípios pernambucanos pagam bem mais do que os valores mencionados. Continuamos com vencimentos baixíssimos.

12.  Ainda hoje muitos consideram o professor Cirzirnande uma liderança política a ser ouvida e respeitada. Gostaria que o senhor comentasse um pouco sobre a situação da oposição em Venturosa.

A “oposição” encontra-se muito fragmentada. Os responsáveis por este papel conversam pouco e às vezes não agem conjuntamente. Se eles se encontrassem mais, conversassem com mais freqüência e ouvissem as pessoas, teriam uma atuação melhor. Espero que eles possam discutir com mais celeridade os problemas do nosso município e consigam promover ações que melhorem a vida da nossa população.

13.  Alguém já disse que o maior adversário da oposição é ela mesma. O senhor concorda com essa frase?

Depende da oposição. Se for uma oposição que não saiba fazer o seu papel, tropeçará em si mesma. Se for uma oposição que saiba o que quer, terá sucesso em suas ações. As dificuldades das oposições acontecem no plano nacional,  estadual e municipal. Há uma tendência muito forte das forças  políticas se aglomerarem em torno de quem governa, sobrando pouco espaço para quem faz oposição. Em Pernambuco, quase não se fala na oposição. Em nosso município também se repete o que observamos em outros lugares. Temos três vereadores, que formam o bloco de oposição, porém,  somente “um” tem atuado com mais ênfase no papel de opositor.

14.  Como o senhor define a gestão do prefeito Eudes Tenório Cavalcante? Quais os erros e acertos desse governo?

O atual Prefeito inaugura um novo ciclo na política de Venturosa. Ganhou a eleição do  Ex-Prefeito Albino, graças aos   seus  erros gerenciais e administrativos.  Nos primeiros quatro anos, conforme números apresentados que culminaram na sua sua reeleição, foi uma gestão muito bem avaliada pelo povo de Venturosa. No segundo mandato, segundo os números da eleição para Deputado, percebe-se uma certa fadiga do eleitor em relação aos candidatos apresentados pelo Prefeito. Se este desânimo terá reflexos em 2012, não saberemos. Geralmente é comum os governantes pisarem no freio quando se reelegem. Vamos aguardar 2012. Com relação aos acertos eu destacaria a busca de recursos junto aos Governos Federal e Estadual, mesmo sem manifestar o apoio aos mesmos. Venturosa tem recebido muitos recursos, isto é bom para o nosso município. Muitas pessoas pensam que é fácil governar um município, não é. Eu sei do esforço dos prefeitos para conseguirem alguma verba.
Com relação aos erros, destacaria a falta de transparência no gerenciamento dos recursos públicos e a falta de discussão com a população dos reais problemas do nosso município.

 Alguns nomes já circulam como possíveis candidatos a prefeito de nossa cidade. Gostaria que o senhor falasse sobre suas impressões a respeito deles: Adelson de Macêdo, Donizete Zacarias,  Adilson Leonilo – Pitu,  Tarcísio Vitor, José Lemos de Vasconcelos,  Ernandes da Farmácia e  Ademar – Sec. de Saúde.

       Nesta relação acrescentaria o nome de Ranulfo Quirino que já governou o município por seis meses  e tem  experiência como gestor.  É natural que as pessoas comecem a discutir os  possíveis nomes que se enfrentarão na eleição de 2012. De um lado estão os possíveis candidatos do prefeito. Do outro, estão os pretensos nomes apresentados pela “oposição”. O certo é que, até junho de 2012, teremos uma boa discussão sobre estes nomes.  Tenho alertado o grupo sobre a necessidade de se fazer algumas pesquisas para sabermos o potencial de votos dos nomes apresentados. O grupo da oposição está com os partidos que governam o Brasil e o nosso Estado ( PT, PSB, PTB  e PDT). Precisamos, também, respeitar os partidos que, através de seus filiados,  decidem quem concorrerá ao pleito eleitoral. Vamos esperar as discussões ocorrerem.


      No grupo do prefeito (PR,PV, PSDB, PMDB), a situação é bem mais fácil, bem mais tranqüila. O escolhido terá menos dificuldade de colocar a campanha na rua, uma vez que o grupo governa a prefeitura. A palavra final será a do Prefeito que tentará eleger um nome para dar continuidade a sua gestão. Sabemos que é muito difícil a transferência do voto quando os candidatos têm índices de rejeição alto. Caso a oposição encontre um nome, que caia na graça do povo, teremos uma eleição bem disputada.
      Sei que o vencedor  terá um desafio enorme pela frente, pois terá como parâmetro a atual administração. O importante é que façam o melhor para o nosso município e administrem para o povo.

15.  Muitas pessoas comentaram a mudança de partido do ex-Prefeito Albino, até pelos ataques que ele sofreu durante a campanha pelo Prefeito Eudes. Como o senhor encara a união desses opostos?

É difícil compreender que posições tão antagônicas até recentemente, agora estejam compartilhando  o mesmo pensamento.   Depois de sete anos , permaneço no grupo e aquele com quem nos aliamos migra para o lado de quem lhe proferiu os mais duros ataques em uma eleição municipal. Respeito a posição e a liberdade das pessoas em militarem no campo político que quiserem, mas os eleitores e as pessoas a quem representamos merecem o mais absoluto respeito. Não é uma vitória numa eleição que mede o nosso grau de responsabilidade com os eleitores. É preciso representar estas pessoas com dignidade. Fazer alianças no campo da política é natural. Agora, tem alianças que são inexplicáveis e ninguém sabe os interesses que elas representam.

16.  Quais deveriam ser as prioridades do próximo prefeito de Venturosa?

Pelas reclamações que tenho escutado, o futuro prefeito ou prefeita deve continuar perseguindo melhorias para a saúde de nosso município. O desafio é grandioso, as prioridades são várias. Há muita coisa pra ser feita na educação, na saúde, na assistência social, no meio ambiente e agricultura, na  administração, etc. Cobrar ao Governo do Estado a realização da melhoria do sistema de abastecimento d’agua do nosso município seria uma boa prioridade. Colocar internet grátis para as pessoas que  têm computador, também seria uma bom desafio. Melhorar os índices educacionais, criar uma política salarial para os servidores municipais que vá além do salário mínimo, são alguns desafios interessantes, só para mencionar algumas.

17.  Em Venturosa ainda temos uma mentalidade herdada da ditadura, o bipartidarismo. Hoje ou se é verde-amarelo ou se é vermelho. Isso é bom ou ruim para o desenvolvimento político e cultural de uma cidade? Não seria melhor formar eleitores sem cores e mais preocupados com as propostas de cada candidato?

Quando as pessoas analisam apenas as cores dos grupos políticos, isto se torna bastante prejudicial. Há muitas pessoas, hoje, querendo romper com este modelo chamado de “pastoril político eleitoral”. Os partidos políticos no Brasil, têm feito uma associação com as cores que os representam. O importante é que o eleitor conheça a proposta de cada partido político. Os candidatos, teoricamente, devem obedecer àquilo que o partido determina em seu estatuto e em seus manifestos.

18.  Houve algo no mínimo curioso na eleição para deputado. Muitos viram com surpresa os candidatos apoiados pelos vários grupos de oposição serem mais votados que os  candidatos apoiados pelo governo. Isso reflete uma mudança na mentalidade do eleitorado, uma queda na popularidade do governo municipal ou ambos?

Mesmo o Executivo se esforçando bastante para dar uma maior quantidade de votos  aos seus candidatos, interpreto a eleição para o legislativo  completamente diferente de uma disputa para elegermos um prefeito. Na eleição municipal as pessoas participam de forma direta, há outros interesses. Todos esperávamos que os deputados  apoiados pelo grupo que governa a prefeitura  tivessem uma votação compatível com o resultado da última eleição. Foi uma surpresa para todos nós. É difícil mensurar o desempenho futuro do candidato apoiado pelo Prefeito. Tudo dependerá da avaliação da atual gestão e do potencial de transferência de votos do atual Chefe do Executivo para o seu candidato. Será que os eleitores  vão gostar do nome que disputará a eleição? É um verdadeiro jogo de xadrez.

19.  E o professor Cirzirnande, volta como candidato?

Tive algumas experiências importantes na minha militância política. Juntamente com alguns companheiros de partido fui candidato a vereador pelo PT em 1988. Depois fui, para marcar posição, também pelo PT, candidato a prefeito no ano de 1992. Passei um longo período sem concorrer a nenhum cargo eletivo, até que surgiu a aliança entre o PT, PSB e PTB e o meu nome foi indicado para compor a chapa majoritária como candidato a vice-prefeito. Após a derrota na eleição de 2004, cada vez mais, por dedicar-me quase que exclusivamente à profissão que exerço, tenho me afastado das disputas eleitorais. Não tenho mais tempo para fazer a militância política.  A sala de aula e as atividades relacionadas ao magistério tem sido a minha prioridade no momento. Não havendo tempo para militar partidariamente, optei em desfiliar-me do Partido dos Trabalhadores desde agosto de 2009. Não descarto a possibilidade, mesmo que remota no momento,  de um dia voltar a ser candidato...

21.   A palavra é sua Cirzirnande. Deixe uma mensagem para os nossos amigos que acompanham esse blog.

      Quero agradecer a sua paciência por esperar a conclusão desta entrevista, pois você me deu um prazo razoável, compatível com quem trabalha de 7:30 da manhã às 10:00h da noite. Aproveitando que hoje, 14 de agosto, é o dia dos pais, externo a minha profunda admiração por todos eles, que como eu, lutamos diariamente para buscarmos uma vida melhor para nossas famílias. Emerson, por maiores que sejam nossas dificuldades e adversidades, os nossos sonhos devem prevalecer. Continuo sendo um sonhador. Sonho com a construção de amizades verdadeiras entre as pessoas, sonho com o surgimento de bons políticos, sonho com a educação do meu país melhorando, sonho com um mundo sem fome... Sonho com a natureza não sendo destruída,  sonho com a vida, mesmo Severina, que rasga as pedras do caminho... Obrigado a você e aos leitores e leitoras deste Blog!

8 comentários:

  1. Gostei bastante da entrevista !! Concordo quando Emerson refere-se à Cirzirnande como "um dos melhores educadores com quem tive o prazer de estudar", faço minhas as suas palavras. Tenho grande admiração por este educador, inclusive ele foi uma das pessoas das quais coloquei nos agradecimentos da minha monografia, apesar dele não saber disso, pela sua postura em sala de aula, sua dedicação ao trabalho e pela sua forma culta de ensinar a língua culta, tenho tal admiração, pois acredito que contribui de maneira significativa para a formação dos alunos. Parabéns Cirzirnande, você é um exemplo de educador.

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  2. Parabéns pelo quê? Ele não faz mais do que a obrigação dele!

    Professor não é para dar aulas e ensinar? Típico do povinho daqui e dos apaixonados renderem elogios sem motivo.

    Nada demais no entrevistador ou no entrevistado.

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  3. Inveja mata meu filho! Já fui alunos desses dois e digo que são ótimos nas matérias que ensinam. Parabéns aos dois.

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  4. Dois grandes professores. Parabéns pelo ótimo trabalho de vocês!

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  5. Muito boa a entrevista o cizirnandes, um dos poucos homens públicos que saiu pela porta da frente e que se houvesse seriedade nos homens que governaram o nosso município, ele que fez a melhor administração a frente da secretaria, não deveria ter saído.
    E como professor não precisa dizer nada, basta perguntar a quem teve aulas com o mesmo.
    Teve um comentário de um covarde que fica no anonimato,típico de quem não tem o que fazer e que tem raiva e inveja no coração, para ele que Deus o abençoe e que pense na besteira que disse.

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  6. Emerson, parabéns pela entrevista! ótima por sinal! E Cirzirnande, é o cara a quem devo grande parte de minha formação política e profissional, pois, sempre me espelhei nele como professor, político e principalmente como pessoa.

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  7. Quero aqui, parabenizar, o meu grande amigo Cirzirnande dizendo que está muito boa a sua entrevista, não só pelo desempenho mais pela sinceridade que você coloca nas palavras,Venturosa precisa de pessoas do seu nível, mais uma vez parabéns.

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  8. Parabéns.Um forte abraço da prima e ex aluna Cicera.Irmã de Pedro.



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