quinta-feira, 18 de outubro de 2012

GERAÇÃO COCA-COLA ZERO




Nasci em 1983. A Ditadura já agonizava e a nação sonhava com a tão aguardada democracia. O povo ainda cantava Chico, Caetano, Geraldo Vandré e Gilberto Gil. Nordestinos como Elba Ramalho, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Moraes Moreira faziam a cabeça das gentes. O comunismo ainda era uma ameaça e Lula ainda não havia conhecido o poder do marketing político e amargaria, alguns anos mais tarde, sua primeira derrota à presidência para outro nordestino, só que este representava nossas elites, o jovem “caçador de marajás” Fernando Collor de Melo.
Bem, no final da década de 1980 e inicio dos anos 1990 ouvíamos o rock progressivo e engajado da Legião Urbana de Renato Russo. Também havia o Cazuza, o Barão Vermelho, os Titãs e dos Paralamas do Sucesso. A juventude era engajada. Foi ela que pintou as caras de verde e amarelo e foi às ruas pedir pelo Impeachment de Collor. Questionava-se o lixo cultural norte-americano, as injustiças sociais e o capitalismo selvagem que bestializava o ser humano. Não bastava ter voz, era necessário ter vez! Não se queria apenas ter vez, queríamos ter voz e atitude!
Como disse Renato Russo:
“Somos os filhos da Revolução/ Somos burgueses sem religião/ Somos o futuro da Nação.”
Geração Coca-Cola/ Geração Coca –Cola/ Geração Coca – Cola!
A Democracia política chegou, mas não a que nos garante igualdade de direitos, e dentre estes o direito à vida, à educação, saúde, trabalho e lazer. Os filhos da Revolução se tornaram adultos acomodados, cooptados pelo sistema e que abriram mão de sua criticidade para abraçar as benesses limitadas do clientelismo e do populismo.
Os jovens de hoje herdam a acomodação dos pais. Não questionam apenas esperam a nova tendência. Sejam as calças coloridas do Restart, as advertências do Safadão ou os Camaros amarelos dessa semi-vida.
Há pessoas que possuem mais de 1.000 amigos no Facebook e nenhum com quem possa abrir o coração e chorar suas desilusões num daqueles dias cruéis que a vida nos impõe. É necessário mudar! Deve-se retornar as fontes não com o saudosismo antiquado de que os dias passados eram melhores (não eram), mas como inspiração para travar as batalhas diárias que a sociedade precisa para seguir em frente livre dos parasitas e das desigualdades que nela existem.
Então proponho uma atualização para provocar as mentes dos meus poucos e fiéis leitores:

Geração Coca – Cola ZERO

Desde que nascemos fomos programados
A não pensar e aceitar
A navegar e continuar desenformados
Ouvir porcarias sem sentido e dançar
Desde que nascemos fomos obrigados
A comer e a trabalhar, sem questionar
Vamos a escola pra não aprender
E continuar o mesmo jogo que matou vocês
Somos os filhos da globalização
Somos ambiciosos sem senso e sem noção
Somos os seguidores do Safadão
Geração Coca – Cola Zero
Geração Coca – Cola Zero
Geração Coca – Cola Zero

Emerson Luiz



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