sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Internet, essa terra de ninguém.

A expressão terra de ninguém foi cunhada para expressar uma terra sem leis, onde o contrato social é regido pela imposição da força ou onde os códigos de conduta e ética não podem ser aplicados. Lembro-me dela nos filmes de Cowboy, onde os pistoleiros faziam suas próprias leis com a conveniencia de suas armas, mas isso não se restringe ao velho Oeste. Quem no Nordeste iria em sua sã consciência censurar o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, pelos seus atos de violência? Ou tentar convencer um traficante de que vender drogas a menores de idade é um erro?

A internet, essa ferramenta maravilhosa que nos permite acesso a uma quantidade quase infinita de informações, oculta uma gama quase infinita de preconceitos e violências sob o sigilo do anonimato ou da falsa autoria.

Escrevo estas poucas linhas após receber um e-mail intitulado “Crônica Luiz Fernando Veríssimo/ BBB”. Mesmo sem acreditar que Veríssimo escreveria tal coisa o abri e li. Não encontrei o humor ácido e ágil, a escrita gostosa, a maestria em unir palavras e tirar delas sentido que provoque nosso livre pensamento. Onde está Veríssimo no texto? Em lugar nenhum.

Uma crítica bem construída (e apelando para valores religiosos) foi esculpida nesses caracteres. Deve ser lida e interpretada, disso não há dúvida, mas não deve ser creditada a quem não a escreveu simplesmente para que essas ideias sejam transmitidas com o peso da fama roubada de outro. Durante a campanha presidencial recebi vários e-mails contra determinado candidato ou candidata com declarações nunca feitas por ele ou ela ou ataques a sua pessoa assinados por Marília Gabriela, Arnaldo Jabor, Bento XVI (!) e tantas outras figuras públicas.

Caso a blogosfera e os repassadores de e-mail compulsivos se ocupassem tanto na qualidade da informação quanto na sua difusão seríamos mais criteriosos com o que lemos e repassamos. Preconceitos, violência, deturpação da verdade, calúnia e difamação: tudo na velocidade de um clique!

Não defendo a cesura, isso jamais! A internet é um território livre, mas nós devemos tentar não fazer dela uma terra de ninguém.

Emerson Luiz

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