quinta-feira, 21 de julho de 2011

O VAI NÃO-VAI DE INOCÊNCIO OLIVEIRA


O deputado Inocêncio Oliveira (PR) tem causado alvoroço na mídia. Mais uma vez (sim, ele já fez isso antes) anunciou que estaria abandonando a política. Inocêncio, ou o rei do Sertão para seus asseclas, ou, ainda, Nonô para os que não o admiram tanto assim, alegou cansaço pelos 40 anos de vida pública que o teriam impedido de acompanhar o crescimento dos seus filhos e netos. A decisão seria comunicada oficialmente esse semana, mas uma rápida conversa com o governador Eduardo Campos (PSB) o teria desestimulado.

Segundo ele, Eduardo não aceitou seu afastamento alegando que Pernambuco ainda precisava dele(?) e que exporia o caso ao ex-presidente Lula. Essas nobres figuras devem se encontrar no Palácio do Campo das Princesas esta semana.

Alguns dados sobre Inocêncio Oliveira:

Médico por formação, o deputado Inocêncio Oliveira ingressou na política em 1975 pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido criado para dar sustentação política ao governo opressor, déspota e desumano da ditadura militar (1964-1985).

Nestes anos de vida política migrou para o PDS, PFL, PMDB, PL e finalmente o Partido da República (PR). Por todas as legendas em que militou, Inocêncio sempre foi um campeão de votos e um fenômeno eleitoral a ser estudado.

O próprio Inocêncio se considera "um mito no interior de Pernambuco". Mito controverso, pois desde de 2003 é acusado de manter pessoas em regime de escravidão em uma de suas fazendas.

Inocêncio era proprietário da fazenda Caraíbas, no Maranhão, quando, em março de 2002, foram libertadas 53 pessoas que eram mantidas como escravos. Os trabalhadores vinham de União, no Piauí, município com altos índices de aliciamento por “gatos” (contratadores de mão-de-obra a serviço do fazendeiro). Durante a fiscalização na fazenda, uma ordem que teria surgido do governo federal na época fez com que os policiais federais que acompanhavam o grupo móvel de fiscalização se retirassem, deixando os auditores sem segurança. Houve pressões do poder executivo para que o caso fosse encoberto. Contudo, mesmo assim, o grupo móvel de fiscalização foi até o fim e a libertação dos trabalhadores ganhou repercussão nacional. O caso foi encampado pelo Ministério Público do Trabalho e pela Procuradoria Geral da República.

Meses depois, Inocêncio vendeu a propriedade, que fica no município de Gonçalves Dias, no Maranhão, mas isso não o livrou de constar na primeira “lista suja” do trabalho escravo. Entre novembro de 2003 e novembro de 2005, ele ficou impedido de receber créditos de bancos e agências públicas de financiamento.

Mas para o advogado do deputado, João Agripino, Inocêncio Oliveira saiu vitorioso do julgamento. “Os desembargadores reconheceram que não havia trabalho escravo, mas sim trabalho degradante, figura não prevista na legislação trabalhista.” Na época ele afirmou que iria recorrer da condenação pela indenização.

Para os habitantes de Venturosa a figura de Inocêncio Oliveira é polêmica. Muitas obras realizadas no município nasceram da intervenção desse parlamentar, o que lhe rendeu muitos admiradores no município. Outros baseados nessas notícias ou por pertencerem a grupos de oposição tem clara e aberta rejeição a "Nonô, o Rei do Sertão".

Cada um é livre para elaborar suas opiniões.

Não aposto minhas fichas, mas estou entre os que duvidam que Inocêncio irá abandonar a vida pública.

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