domingo, 12 de dezembro de 2010

Secretário gaúcho defende prova para avaliar professores

Governo do RS coordena mais de 2.600 escolas, com 1,2 milhão de estudantes

Letícia Casado, do R7

Para o secretário de Educação do Rio Grande do Sul, Ervino Deon, novo governo deveria criar avaliação para professores do Estado
O novo governo do Rio Grande do Sul, que será encabeçado pelo PT (Partido dos Trabalhadores) em 2011, terá como desafio melhorar a qualidade do sistema de ensino, que já teve o acesso universalizado. A avaliação é do atual secretário da Educação gaúcho, Ervino Deon. Ele concedeu entrevista ao R7 sobre os desafios no Estado.
É necessário que haja um "pacto político" para a evolução na educação, afirma o secretário. Todos os setores - sindicatos, professores, governantes e partidos - deveriam criar uma agenda mínima na área.
Deon também considera que é importante criar uma prova nos moldes da adotada pelo Estado de São Paulo, que avaliar o desempenho dos professores. Os mais bem colocados deveriam receber benefícios, como bônus salarial, na opinião do secretário.
Hoje, 2.600 escolas públicas são comandadas pelo governo gaúcho. Nelas, estudam 1,2 milhão de alunos.
R7 - Qual o desafio para o próximo governo na área da educação?
Ervino - O grande desafio é melhorar a qualidade do sistema de ensino. Não há dificuldade em número de ofertas de vagas. Mas também é preciso fazer mudanças estruturais no sistema: pensar em novos concursos para professores, em plano de carreira e no piso salarial. É preciso mexer no que está aí para dar mais benefícios aos alunos.
Temos que atender a classe dos professores, mas os interesses deles precisam estar casados com o interesse da sociedade. Há menos de 20 anos havia 50%, 55% de criancas fora da sala de aula, em todo o país. Foi feita a busca pela universalização, conseguimos maior adesão e jogamos todo mundo dentro da escola. Agora, precisamos melhorar a qualidade do que temos [nos colégios].
R7 - O RS teve impasses com a realização de concursos para professores, durante a gestão Yeda Crusius?

Ervino - É preciso encontrar um caminho para premiar os melhores. Tivemos que cancelar o concurso de 2006, e depois não fizemos mais. O corporativismo está na escola, e é preciso ter atenção com a avaliação do estágio probatório. É necessário que haja mudanças, e isso só será possível com um pacto político.
Além disso, o concurso em si não dá orientação de quem é o melhor em cada área. Seria necessário fazer provas específicas de cada matéria.
R7 - E por que isso não foi feito na sua gestão? Por exemplo, uma mudança no edital dos concursos?
Ervino: O sindicato dos professores é muito forte no Rio Grande do Sul. E a oposição também. Não houve apoio. Fazer apenas um concurso para selecionar docentes é muito simples: é montar um edital e pronto. Por isso não se fez no ano passado [uma prova para avaliar os professores].

Vai chegar o momento de ser feito, e espero que o [novo] governo consiga promover mudanças. A avaliação do professor tem que ser implantada, senão nivela por baixo, acomoda o professorado.
R7 - Um modelo de avaliação como o de SP?
Ervino: Isso mesmo. Se não implantar a gratificação por desempenho, que premia quem mais se preocupa em ensinar bem, não vamos avançar.

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