A palavra impeachment tem se tornado comum outra vez no dia
a dia dos brasileiros após uma selvagem campanha de desinformação dos nossos
ditos grandes jornais e canais de televisão.
Há muito tempo que o povo desse
país não sentia tão acentuada a divisão direita e esquerda como agora, e há
muito também não era vítima tão constante de boatos, inverdades, falácias e
aportes tendenciosos de uma mídia que divulga seus ideais elitistas como no
presente momento.
O governo Dilma tem cometido erros em escalas crescentes,
mas o maior deles é o silencio obsequioso a que se impôs nos primeiros meses de
2015. Dilma se viu forçada a ceder ao mercado, a crise hídrica pode virar energética
se o país não economizar, então mais reajustes vem aí. Empresários se passam
por caminhoneiros e paralisam estradas,
políticos da oposição clamam pelo golpe, estão imunes aos próprios escândalos pois
a imprensa não deseja divulga-los.
Há apenas um alvo: Lula. O caminho até ele é
destruir o PT e criminalizar todos que defendam o partido ou o governo.
A oposição teme sua volta em 2018, então vale tudo para impedi-lo. Ou se forjam provas contra ele ou se aposta no desgaste de sua imagem e do seu partido.
O brasileiro, que historicamente tem dificuldades para se
assumir como responsável pelos resultados que experiencia em sua vida, agora culpa exclusivamente o governo federal pelo contexto em
que se encontra. Sim, o governo federal é culpado pela falta de água, ausência
de chuvas, crise econômica mundial e pelo consumismo da sociedade que se
endividou sem antes pensar se poderia pagar pelos bens de consumo que estava
adquirindo.
Os erros cometidos por governadores e prefeitos são ignorados ou por desconhecimento ou por cinismo conivente. Os deputados e senadores fichas sujas eleitos pelos revoltados nada devem temer deles, porque eles não os fiscalizam, não os cobram por nada. Talvez seja por isso que as excelências aprovam compra de passagens aéreas para suas esposas com o nosso dinheiro sem o menor constrangimento.
Dilma errou ao esconder o jogo. Errou ao reajustar a
gasolina duas vezes, e errou de forma grotesca em não usar a televisão para
explicar os motivos que a levaram a isso. Enquanto ela se cala Aécio, FHC,
Mendonça Filho, Cássio Cunha Lima e os jornais que lhes servem de palco
esbravejam desonestidade intelectual e inflam os ânimos do povo. E com a
popularidade em baixa e uma oposição articulada como há muito não se via, Dilma
permite que o golpe se instale.
Nada a liga aos casos de corrupção de que membros do PT
foram acusados. Não cometeu crime algum, nada fez para se tornar a grande vilã
pelo mau momento que atravessamos. O mundo está em recessão, países mais ricos
estão sofrendo ainda mais que o Brasil, mas essa pauta não será abordada por
nenhum grande jornal. A eles interessa o quanto pior, melhor.
O PMDB dos fundamentalistas, latifundiários e opositores das
conquistas sociais já se mobiliza afastado de Dilma. Se coloca no papel de quem
pode assumir a tocha. O que o partido de Kátia Abreu tem para oferecer de bom
ao brasileiro que mudou de vida desde que Lula assumiu o poder em 2002? O PSDB
que engavetou CPI’s e viu todos os crimes em que se envolveu prescreverem sem
serem julgados já afirmou que não sabe o que sobraria da Caixa e do BB em um
governo seu, mas tem certeza que a Petrobrás deve ser privatizada. É essa a
alternativa dada ao Brasil com um impeachment de Dilma. Um governo do PMDB com
o PSDB como coadjuvante faminto, onde todos sofreriam ainda mais nas mãos de
especuladores e oportunistas.
O discurso do ódio a ser transformado em prática.
O impeachment de Dilma é perigoso para a nossa democracia.
Esse movimento surge não por crimes cometidos pela presidente eleita.
Ele nasce
do choro dos que não sabem perder uma eleição e é mantido pelo ódio
preconceituoso dos egoístas que pensam apenas em si e dos que não conseguem
pensar por si.