segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Março, em Venturosa

Dia 17 de março em Venturosa - PE
ZÉ LEZIM!!!

Mestre Yoda: o visionário

Como todos sabem, o sábio Yoda é um mestre jedi que nas horas vagas pensa sobre as questões que dominam os debates em uma pequena cidade o interior de Pernambuco. Testemunhei um encontro inusitado entre ele e um jovem padauã oriundo dessa mesma cidade.

Padauã: O que será de minha cidade mestre?

Yoda: O que o povo fizer dela.

Padauã: Temo alguns conflitos. E agressividade só gera agressividade.

Yoda: Isso é fruto de incertezas jovem aprendiz. Há de esmorecer com o tempo pois todos sabem que a violência afasta mais do que congrega.

Padauã: Mas o senhor não se preocupa com o lado negro?

Yoda: Reflita jovem padauã: Hoje em sua cidade se pode distinguir qual o lado negro? As ações dos que lutam diferem em que? Que propostas apresentam além dos velhos ataques? Concentre-se jovem.

Padauã: Sinto meu coração confuso, mestre. Tantos caminhos foram indicados por todos os lados, como escolher?

Yoda: A força procura o que é justo para a maioria, o melhor para os mais fracos. Um jedi nunca busca satisfação pessoal nem lucro material. Use a força e ela vai guiar sua escolha de forma sábia.

Padauã: O senhor é um sábio!

Yoda: Guarde minhas palavras. O sábio semeia no silêncio! Que a força guie seus passos.

Sem muito entender prossegui minha viagem na constelação quase infinita de pixels.
Espero poder revisitar as setas verbais do bom Yoda em breve.



O Estadista FHC e seu orgulho em relação ao crescimento do Brasil

Enquanto a peça não sai a gente assiste o clipe

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A força da juventude




José Fernandes de Oliveira, o célebre sacerdote, cantor e compositor conhecido afetuosamente como Padre Zezinho em uma de suas muitas canções afirmou que a juventude é uma semente. Muitos autores já frisaram a importância de políticas públicas que não desprezem a juventude. O Brasil há pouco comemorou os vinte anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, e há pouco mais de oito tem investido no ingresso cada vez maior de jovens nas instituições de Ensino Superior.

Ainda nos falta muito enquanto nação para que uma educação de qualidade seja ofertada aos jovens desde a sua infância. Mas a semente da juventude não para de surpreender. Foram os jovens de ontem que lutaram contra a ditadura, pintaram a cara contra um presidente e acreditaram que um metalúrgico poderia mudar os rumos da nação. Os jovens do mundo pintaram 1968 com as cores das revoluções sexuais, pelos direitos civis e pelo fim das guerras. Os jovens árabes começam a clamar por ventos democráticos no islã tão marcado negativamente por nossos preconceitos.

Numa conversa com um grade amigo ouvi uma frase que marcou meus pensamentos: “A juventude tem tendência à oposição”. Seus anseios de mudança vão de encontro a muitas estruturas existentes e autoridades constituídas que nãos lhes oferecem vez nem voz. Como professor, tenho orgulho em ver que nossos jovens sabem pensar sozinhos e não são massa de manobra. O sistema coronelístico que marcou o Nordeste por tanto tempo não tem influencia nos espíritos jovens que já se preocupam com justiça social e as questões do nosso tempo. O poder econômico, embora ainda seduza a alguns, não é pedra de toque para agregar mentes e espíritos sedentos por oportunidades de transformar para melhor as comunidades onde estão inseridos. Ninguém confunda a irreverência dessa geração com inocência ou displicência.

A juventude tem a força da transformação. Ela questiona, interpela e julga. É crítica e propositiva, é a semente do amanhã. Na teoria de John Lennon em pensar globalmente e agir localmente digo sem medo de errar, a juventude é uma força a ser considerada, respeitada e temida por aqueles que ainda não viram que os jovens não estão presos pelas amarras que tentavam capturá-los.

Ou se respeita a juventude ou se enfrenta as consequências!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Internet, essa terra de ninguém.

A expressão terra de ninguém foi cunhada para expressar uma terra sem leis, onde o contrato social é regido pela imposição da força ou onde os códigos de conduta e ética não podem ser aplicados. Lembro-me dela nos filmes de Cowboy, onde os pistoleiros faziam suas próprias leis com a conveniencia de suas armas, mas isso não se restringe ao velho Oeste. Quem no Nordeste iria em sua sã consciência censurar o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, pelos seus atos de violência? Ou tentar convencer um traficante de que vender drogas a menores de idade é um erro?

A internet, essa ferramenta maravilhosa que nos permite acesso a uma quantidade quase infinita de informações, oculta uma gama quase infinita de preconceitos e violências sob o sigilo do anonimato ou da falsa autoria.

Escrevo estas poucas linhas após receber um e-mail intitulado “Crônica Luiz Fernando Veríssimo/ BBB”. Mesmo sem acreditar que Veríssimo escreveria tal coisa o abri e li. Não encontrei o humor ácido e ágil, a escrita gostosa, a maestria em unir palavras e tirar delas sentido que provoque nosso livre pensamento. Onde está Veríssimo no texto? Em lugar nenhum.

Uma crítica bem construída (e apelando para valores religiosos) foi esculpida nesses caracteres. Deve ser lida e interpretada, disso não há dúvida, mas não deve ser creditada a quem não a escreveu simplesmente para que essas ideias sejam transmitidas com o peso da fama roubada de outro. Durante a campanha presidencial recebi vários e-mails contra determinado candidato ou candidata com declarações nunca feitas por ele ou ela ou ataques a sua pessoa assinados por Marília Gabriela, Arnaldo Jabor, Bento XVI (!) e tantas outras figuras públicas.

Caso a blogosfera e os repassadores de e-mail compulsivos se ocupassem tanto na qualidade da informação quanto na sua difusão seríamos mais criteriosos com o que lemos e repassamos. Preconceitos, violência, deturpação da verdade, calúnia e difamação: tudo na velocidade de um clique!

Não defendo a cesura, isso jamais! A internet é um território livre, mas nós devemos tentar não fazer dela uma terra de ninguém.

Emerson Luiz

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Carta do Povo Kaiowá e Guarani à Presidenta Dilma Rousseff

Adital


Que bom que a senhora assumiu a presidência do Brasil. É a primeira mãe que assume essa responsabilidade e poder. Mas nós Guarani Kaiowá queremos lembrar que para nós a primeira mãe é a mãe terra, da qual fazemos parte e que nos sustentou há milhares de anos. Presidenta Dilma, roubaram nossa mãe. A maltrataram, sangraram suas veias, rasgaram sua pele, quebraram seus ossos... rios, peixes, arvores, animais e aves... Tudo foi sacrificado em nome do que chamam de progresso. Para nós isso é destruição, é matança, é crueldade. Sem nossa mãe terra sagrada, nós também estamos morrendo aos poucos. Por isso estamos fazendo esse apelo no começo de seu governo. Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossos terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais.

No final do ano passado nossa organização Aty Guasu recebeu um premio. Um premio de reconhecimento de nossa luta. Agora, estamos repassando esse premio para as comunidades do nosso povo. Esperamos que não seja um premio de consolação, com o sabor amargo de uma cesta básica, sem a qual hoje não conseguimos sobreviver. O Premio de Direitos Humanos para nós significa uma força para continuarmos nossa luta, especialmente na reconquista de nossas terras. Vamos carregar a estatueta para todas as comunidades, para os acampamentos, para os confinamentos, para os refúgios, para as retomadas... Vamos fazer dela o símbolo de nossa luta e de nossos direitos.

Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvido há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar. Por último o ex-presidente Lula, prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani Kaiowá e passou a solução para suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro. Precisamos nossas terras para começar a resolver a situação que é tão grave que a procuradora Deborah Duprat, considerou que Dourados talvez seja a situação mais grave de uma comunidade indígena no mundo.

Sem as nossas terras sagradas estamos condenados. Sem nossos tekohá, a violência vai aumentar, vamos ficar ainda mais dependentes e fracos. Será que a senhora como mãe e presidente quer que nosso povo vai morrendo à míngua?. Acreditamos que não. Por isso, lhe dirigimos esse apelo exigindo nosso direito.

Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani

Dourados, 31 janeiro de 2011.



Das utopias

Das chamadas utopias
Sonhos distantes
Quimeras fantasias

Nutro no peito
Esperanças radiantes
E não risadas vazias

Sonho com um mundo fraterno
Onde não falte o pão
Onde o sorriso materno
Seja símbolo de pendão

Mas só se deve sonhar
Quando há coragem para lutar
Sabedoria em esperar
E grandeza em perdoar

E nesse caminho
em que vou andando
os cães ladram
mas a caravana continua passando.

Emerson Luiz

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pérolas de Drummond

Mãos dadas


Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.


Não passou



Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.

A mão- a tua mão, nossas mãos-

rugosas, têm o antigo calor

de quando éramos vivos. Éramos?


Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.